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Afetos ávidos de espiritualidade

Da edição de agosto de 1986 dO Arauto da Ciência Cristã


“What’s Love Got To Do With It” Terry Britten e Graham Lyle, “What’s Love Got To Do With It”, cantada por Tina Turner no album “Private Dancer” (Hollywood, Califórnia: Capitol Records, 1984). — isto é, “O que é que o amor tem a ver com isso?” — pergunta uma canção popular que foi lançada há pouco tempo. E há uma outra canção, que saiu há alguns anos, e diz: “Estou à procura de uma mulher teimosa.” Cat Stevens, “Hard Headed Woman”, cantada por Cat Stevens no album “Tea for the Tillerman” (Hollywood, Califórnia: A&M Records, 1970). De certa maneira, ambas indagam o que muita gente hoje tenta responder: O que é que eu pretendo, ao querer bem a outra pessoa?

Muitos rapazes e moças travam conhecimento, ou gostariam de se conhecer. E, depois? Tem de haver algo mais significativo entre duas pessoas que se conhecem por uma noite, que experimentam sexualmente, ou até mesmo que chegam a viver juntas por algum tempo, “sem compromisso”. De qualquer maneira, quando o romance termina, ambos sofrem.

Dizem as estatísticas que estamos voltando aos valores tradicionais, que há maior número de casamentos, mais gente que se associa com igrejas, que se estabelece e constitui família. Se é isso que está acontecendo, será por influências circunstanciais? Será uma reação aos acontecimentos da década dos sessenta ou dos setenta, os quais, por sua vez, foram reações à década dos cinqüenta?

Essa é uma das maneiras de encarar os acontecimentos de hoje. Contudo, é uma interpretação equivocada sobre esse anelo de sentimentos mais duradouros. Clamamos por amizades mais leais, por mais comunicação com nosso próximo, mais compreensão. É mais provável que essa tendência assinale um anseio mais profundo, mais comum a todas as épocas, isto é, um anseio por espiritualidade.

No entanto, se de repente a pessoa que a gente ama se mostra reticente ou distante, ou quando a gente só tem a satisfação momentânea de estar com um amigo e, depois, fica sozinha e temerosa como antes, a gente se sente perdida, atraiçoada, e com raiva. E surge a pergunta: “Amor? Espiritualidade? Esses sentimentos nada têm a ver com o que busco.”

“Vou encontrar alguém e, seja quem for, vou conservá-lo comigo. Da próxima vez, quem manda sou eu.” Ou então: “Da próxima vez não vou pedir tanto. Estou desesperada, e basta que ele fique comigo, é só isso que quero.” Ou, ainda: “Melhor não pensar mais nisso, não quero mais saber de namoros ou amizades e vou me dedicar totalmente aos meus alunos, ao meu emprego, à ginástica, ao estúdio. Não quero mais saber de atrapalhações sentimentais.”

O caso é, porém, que precisamos de amor, precisamos da atividade purificadora e suavizadora do Espírito divino em nossa vida. Não podemos viver sem isso, e nossas amizades também não. Há uma canção chamada “Amor” que nos dá uma idéia de como é urgente que amemos espiritualmente. A letra dessa canção é um poema de uma autora que enfrentou momentos devastadoramente solitários. Mas os versos, que provêm daquilo que ela aprendeu sobre a verdadeira fonte do amor, não são palavras amargas. Aliás, contêm as seguintes linhas que falam muito especialmente sobre a resposta a nosso anseio por amor. A autora, Mary Baker Eddy, ao falar em Deus, diz: “Ó, vem da luta libertar / Quem esperança tem, / E com amor o saciar; / O Amor é Vida, o bem.”Hinário da Ciência Cristã, n° 30.

Deus, o Amor divino, nos criou, criou tudo que existe, para dar provas da totalidade do Amor, de sua maravilha, de sua alegria, de sua força. E é o Amor, o Espírito, o que traz à tona essa maravilha e essa alegria, e não um impulso animal primitivo, ou alguma lei química que se repete em variações intermináveis e fatais. Ser verdadeiramente homem ou mulher não depende de nada físico. Representa algo completamente espiritual. E o Espírito nos impele a identificarmo-nos como essa criação. O Amor nos incita a encontrar o regozijo do amor espiritual.

“O Amor é Vida, o bem.” Somos, na realidade, a evidência espiritual da Vida. É por isso que a Bíblia nos chama testemunhas de Deus; Ver Isaías 43:10. é por isso que Cristo Jesus insistiu para que amássemos como ele amava, e é por isso que a vida de Jesus era completamente dedicada a amar a Deus e ao homem. Amar espiritualmente é a única maneira de expressar nossa verdadeira identidade, a única maneira de cumprir nosso propósito.

A segurança e a permanência pelas quais nosso coração anseia, se encontram no Amor divino e em nossa relação ininterrupta com Deus. É esse o afeto mútuo que devemos buscar e compreender. A Sra. Eddy o descreve da seguinte maneira: “Esta é a doutrina da Ciência Cristã: que o Amor divino não pode ser privado de sua manifestação, ou objeto; que a alegria não pode ser convertida em tristeza, porque a tristeza não é senhora da alegria; que o bem jamais pode produzir o mal; que a matéria jamais pode produzir a mente, nem a vida redundar na morte.”Ciência e Saúde, p. 304.

Algumas pessoas talvez perguntem o que tem isso a ver com o que ocorre entre um homem e uma mulher. Alguns até argumentam, com certo cinismo, que se Deus criou o homem à Sua imagem, é garantido que teremos namorados e amigos, o cônjuge perfeito, uma vida matrimonial sem esforço, um companheirismo duradouro, etc. Sem dúvida, esse raciocínio é cínico, pois Jesus não prometeu nada disso, quando disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino [o reino de Deus] e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas.” Mateus 6:33. Não existe varinha mágica que nos possa produzir um príncipe encantado ou uma Cinderela. Esse tipo de esperança equivocada só pode nos conduzir a cair na tendência de procurar alguém que nos faça feliz, encontrar essa pessoa, depois perdê-la, e começar tudo de novo.

A fidelidade, a satisfação, a ternura, a continuidade, o crescimento, que buscamos em nosso afeto por outra pessoa, têm origem no Espírito, não num moreno alto e simpático ou numa loirinha encantadora. Contudo, sendo o homem a expressão do Amor, do Espírito, inclui qualidades espirituais, verdadeiramente duradouras e portadoras de satisfação. Quanto mais compreendermos nossa verdadeira natureza e nosso relacionamento com Deus, melhor será nossa base para manifestar essas qualidades em nossa vida e em todos os nossos relacionamentos.

Não obstante, existe algo que se requer de nós, a fim de obtermos essa compreensão. É a renovação dos sentimentos, é o renascer espiritual. Temos de deixar de lado a antiga maneira de pensar quanto aos nossos namoros. Temos de deixar de forçar ou exigir, ou, pior ainda, de seduzir a fim de conseguir o afeto de outra pessoa, e temos de começar a expressar a espiritualidade que constitui nossa natureza. Não extraímos amor de nossos relacionamentos, mas manifestamos a eles o regozijo do Amor em sua criação.

É tão difícil? Claro que é. Requer toda a paciência, disposição de recomeçar, visão e sabedoria que exerceríamos ao realizar qualquer coisa de nosso gosto, seja uma exposição de fotografias, um conjunto coral, alpinismo, ou uma programação muito especial. O esforço de amar corretamente, contudo, traz satisfação muito maior, pois ao amar espiritualmente chegamos à raiz, ao cerne, daquilo que constitui a própria vida.

Talvez você pense que tudo isto nada tem a ver com você porque você não pretende se casar. Ou talvez você creia que já resolveu quase todos os aspectos do problema acima mencionado, pois você está em francos preparativos para seu casamento. Ou talvez você seja muito feliz no casamento; ou tenha problemas matrimoniais. Seja qual for o estado de nossas relações e afetos, nunca é oportuno deixar de cultivar o verdadeiro sentido de amor. Por quê? Porque existe uma tendência espiritual mais profunda em ação na vida humana, e cada pessoa desempenha um papel indispensável nesse contexto. A Sra. Eddy o identifica desta maneira: “Vivemos numa era em que a aventura divina do Amor é a de ser Tudo-em-tudo.”The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 158.

Como qualquer outra aventura de valor, esta compreende um ideal elevado. O ideal é a pureza. Os puros de coração vêem a Deus Ver Mateus 5:8., e portanto amam mais, com mais lealdade, mais constância, mais abnegação. Quanto mais puros forem nossos corações, tanto mais inovadora, paciente e confiante será nossa maneira de lidar com aqueles a quem queremos bem. É mais fácil para nós reconhecer quando agimos por amor e quando insistimos egoisticamente com os outros a ponto de provocar sofrimento e perda.

A maneira correta de amar significa cultivar nossa pureza e permitir que os outros também o façam. É por isso que obedecemos à lei da moralidade, nos mantemos em castidade quando solteiros, e fiéis ao nosso cônjuge quando casados. Não se trata, no entanto, de manter uma maneira técnica de castidade ou fidelidade. É dedicar todo o nosso coração à pureza, ao amor legítimo, a dar provas da natureza espiritual do homem.

A força proveniente de compreendermos a espiritualidade do homem e darmos prova dela no viver cotidiano redobra, em todos os nossos relacionamentos com os demais, um tom de permanência e profundidade. E expele os elementos da mundanalidade, elementos que distraem, dividem e embotam. É a mundanalidade — a preocupação com desejos egoístas, a entrega a um materialismo destituído de inteligência, a dominação sobre os outros — o que corrói nossa alegria e nosso afeto e no fim nos deixa de mãos e corações vazios. Não há, realmente, outra maneira de assegurar-nos de que nosso amor é duradouro, senão assentá-lo na base do respeito, respeito pela espiritualidade de nosso companheiro, respeito à moralidade e à força que nossa honestidade e obediência à lei imprimem à sociedade em geral.

Dizer que temos de esforçar-nos para amar, não significa que o amor é um fardo ou que o amor se origina em nós. É tão errado pensar assim, no caso de nossos namoros, quanto pensar que a outra pessoa é a fonte do amor e da felicidade a que aspiramos. O amor e a ternura verdadeiramente duradouros que sentimos por outra pessoa são realmente a bênção do Amor divino à sua prole. Somos os mensageiros, portamos a mensagem. É uma mensagem para cada um de nós, para a humanidade inteira.

A tendência espiritual mais profunda contém um poder irresistível, a “aventura divina do Amor”, “a de ser Tudo-em-tudo”. A verdade é que agora mesmo o Amor divino está levando a uma purificação, uma elevação na noção humana de afeto. Mais cedo ou mais tarde, cada um de nós terá de trocar a emoção tênue ou intensa, chamada “amor”, pelo que é verdadeiro, o amor espiritual.

No capítulo “O Matrimônio” em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy descreve de maneira bastante gráfica os efeitos dessa purificação das relações humanas. “Ao perceber a falta de cristianismo no mundo e a fragilidade dos votos matrimoniais para fazer feliz o lar, a mente humana acabará por reclamar um afeto mais elevado.

“Por causa dessa reforma, bem como de muitas outras, produzirse-á uma fermentação, até que afinal obtenhamos a verdade coada e clarificada, ficando a impureza e o erro na borra. Até mesmo a fermentação de líquidos não é agradável. Um estado instável de transição, nunca é, de per si, desejável. O casamento, que antigamente era um fato estável entre nós, tem de deixar seu atual terreno escorregadio, e o homem precisa encontrar a permanência e a paz, apegando-se mais ao espiritual.”Ciência e Saúde, p. 65.

Não só o casamento, mas as amizades, as relações familiais, as associações de negócios e com vizinhos, vêem-se abençoadas por essa purificação. Não é necessário esperar o futuro para construir nossos relacionamentos numa base pura, espiritual. Agora mesmo somos realmente a evidência de que o Amor é Vida. Esta não é uma “noção antiga e pitoresca” Britten e Lyle. ou base “tradicional” para nossos relacionamentos, é uma realidade espiritual. E é isso o que queremos.

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