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Desejar, ou saber?

Da edição de fevereiro de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


No jardim, o roseiral estava uma beleza, e percebi que eu também desejava ter um jardim como aquele. Na ocasião, no entanto, isso era-me impossível.

Com alegria recordei, então, que noutra época, numa ocasião em que eu não tinha casa (meus móveis estavam num depósito e eu não sabia quando teria de novo uma casa), eu havia entendido que a consciência está “em casa” na Mente divina. Resolvi, pois, ocupar-me com as idéias úteis, belas, ordenadas e preciosas com as quais a Mente guarnece a verdadeira consciência. Aos poucos, sobreveio-me cada vez maior gratidão pela provisão e proteção da Mente ao meu verdadeiro lar. Logo encontrei-me a dizer, com gratidão: “Posso ter um roseiral na minha consciência.”

Pouco tempo depois fui visitar, com um grupo de amigos, uns jardins de flores da primavera. Ao admirar um arranjo especialmente bonito de arbustos e árvores em flor, uma amiga suspirou que gostaria imensamente de ter um jardim igual, mas que a vida de apartamento não o permitia. Lembrada do meu próprio desejo e do que eu havia compreendido, contei-lhe do que pensara e assegurei-lhe que ela também podia ter um jardim na consciência. Deus o guarneceria com Suas belas idéias sempre a despontar e a florescer.

Um ano mais tarde, quando eu estava por me casar, meu noivo disse que havia encontrado a casa que lhe parecia ideal para nós. Era a casa com o belo jardim que havíamos visitado.

Tempos mais tarde, quando convidei aquela amiga que visitara o jardim para jantar conosco, as primeiras palavras dela foram: “Você agora é senhora daquele jardim que você tinha na consciência!” Só aí é que me lembrei da conversa que tivéramos, muitos meses antes.

Deus nos dá o amor pelo bem. Refletimos o amor de Deus por Sua criação. O bem espiritual que percebemos se manifesta no bem tangível na experiência humana. Mas, em querer a casa ou o emprego certos, isto é, em ansiar por eles ou orar para consegui-los, não está a maneira de satisfazer à necessidade. Por outro lado, quando em oração persistentemente afirmamos a presença de Deus e a expressão do bem divino que dá prova de Sua presença, temos a garantia de que desfrutaremos da manifestação do bem em nossa vida cotidiana, como resultado daquilo que percebemos espiritualmente.

No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy nos diz: “Mantém o pensamento firme nas coisas duradouras, boas e verdadeiras e farás com que elas se concretizem na tua vida, na proporção em que ocuparem teus pensamentos.” Ciência e Saúde, p. 261.

Sonhar acordados, desejar coisas, ansiar para que as pessoas nos proporcionem o bem, sentir-se desesperado por uma promoção, pensamentos como esses causam frustração, desânimo, amargura e desilusão. Contudo, a procura sincera pelas idéias de Deus, e não pelos objetos dos sentidos, e o reconhecimento de que as realidades espirituais estão sempre ao alcance, trazem-nos satisfação e a grata certeza de que o Amor e a Verdade divinos não só satisfarão às necessidades humanas, mas derramarão sobre nós “bênção sem medida” Malaq. 3:10..

Talvez perguntemos: “Como pode estar errado orar para conseguir emprego, aspirar a um salário que garanta uma boa casa para minha família, almejar bons meios de locomoção, ou qualquer coisa necessária ao bem-estar e à felicidade?” Quando oramos para obter algo, começamos com um conceito de carência, e descobrimos que, com esse tipo de oração, basicamente ficamos estacionados onde começamos. Se a premissa sobre a qual baseamos nossa oração é de que carecemos de algo, a conclusão é carência.

No entanto, a verdade é a de que somos a expressão de Deus, Seu reflexo, e portanto é impossível que nos falte algo de bom. O Princípio perfeito e completo, ou causa, se manifesta em efeito perfeito e completo. A oração que afirma e compreende que Deus sabe, e que Deus manifesta Sua perfeita sabedoria na consciência do homem, a qual reflete Deus, é a ação científica da Mente divina no pensamento humano, ação que inevitalmente traz a cura e satisfaz às necessidades humanas.

Embora aprendamos a não almejar coisas materiais, é correto almejar oportunidades de usar as qualidades e as idéias dadas por Deus a fim de abençoar a nós mesmos e a outros, de maneira a glorificar a Deus. Uma das idéias divinas a que nos podemos ater é a de que, como somos realmente espirituais e o Espírito é infinito, todos os nossos recursos e atividades como reflexos de Deus, isto é, toda oferta e procura, são espirituais. Mesmo no reino do humano, o bem divino, isto é, as qualidades e idéias espirituais procedentes da Mente, do Princípio, do Amor, da Alma, constituem nosso verdadeiro salário, nossa verdadeira conta bancária.

Quando a multidão teve fome, foi alimentada graças à insistência de Cristo Jesus. Reconheceu ele a necessidade, pois disse aos discípulos, acerca da multidão: “Não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleçam pelo caminho.” Mateus 15:32. A necessidade foi satisfeita, não pelo que Jesus desejava, mas pelo que sabia. Jesus sabia que a substância é o bem espiritual infinito, o que ele havia partilhado enquanto pregava ao povo. Portanto, a necessidade humana de receber alimento, pão, foi rapidamente satisfeita, ficando de lado o processo material de semear, plantar, moer e levar ao forno.

No capítulo intitulado “A Oração”, no livro-texto, lemos o seguinte, num parágrafo sob o título marginal “Cume da aspiração“: “O teste de toda oração encontra-se na resposta a estas perguntas: Amamos mais nosso próximo por causa dessa oração? Prosseguimos no velho egoísmo, satisfeitos de termos orado por algo melhor, embora não demos prova alguma da sinceridade de nossos pedidos, vivendo em conformidade com nossa oração?” Ciência e Saúde, p. 9.

Se nos ocupamos de desejar, em vez de saber, temos de examinar até que ponto consideramos nosso próximo como fator no satisfazer os nossos desejos. Acaso cremos sinceramente que nossos desejos viriam a se cumprir se um “próximo”, fosse ele amigo ou conhecido, gerente ou operário, funcionário público de alta ou baixa categoria, cônjuge ou filho, pensasse ou agisse de outra forma? Se quisermos encontrar saúde, felicidade, êxito por meio do que sabemos, e não do que desejamos, corrigiremos nosso conceito de “próximo”, e permitiremos que permaneçam em nossa consciência somente aquelas idéias e qualidades que podemos identificar com Deus. Relacionaremos nosso próximo com Deus e Sua criação, permitindo assim que Deus seja Tudo para nós.

O que sabemos espiritualmente dessa maneira trará redenção, regeneração, restauração a qualquer situação. Quando verdadeiramente honramos a Deus como o único criador, e a toda a criação como a expressão de Sua bondade, nossas orações já não serão desejos egoístas, mas hinos de louvor e gratidão pela abundância dada por Deus. É assim que se expressa a bondade viva de Deus. Assim vivemos “em conformidade com nossa oração”.

Uma das definições de “desejoso” é “querer de acordo com desejos, em vez de com realidades”. O metafísico cristão olha além da aparência material e encontra a realidade, aquilo que é verdadeiro no reino do Espírito. Procura saber o que Deus sabe de Sua própria infinidade, como Deus governa tudo o que criou para que manifeste Sua natureza, o eterno equilíbrio entre Sua oferta do bem espiritual e a procura deste bem espiritual na economia divina.

Quando já não nos satisfazemos com desejar, e, em vez disso, resolutamente procuramos a revelação espiritual, o que sabemos trará realização, satisfará às nossas necessidades e abençoará infinitamente a outros.

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