Alguma vez já encontraste dificuldades em largar de um mau hábito, um relacionamento dúbio ou um pensamento errado? Sem dúvida muita gente passa por isso.
Certa vez, vi-me numa luta terrível para sair de uma certa situação. Já não me lembro do que era que parecia tão importante, a ponto de eu não poder abandoná-lo, mas lembro-me ainda da maravilhosa luz que certa manhã raiou-me na consciência e trouxe a cura.
Nosso cachorro cocker spaniel, o Urso Peludo, passou correndo por mim escada acima, levando na boca meu melhor suéter. Automaticamente, gritei-lhe: “Troca!” (Fora-lhe ensinado, desde pequeno, o que isso queria dizer.) Imediatamente, o cão deu meia volta e, descendo a escada, trouxe-me o suéter. Deitou-o aos meus pés. Olhou para mim com um sorriso esperançoso. (E todos sabemos que um cão é capaz de sorrir!) Urso Peludo sabia que haveria recompensa: não um prêmio por roubar, é claro, mas por soltar o que carregava. Apanhei o suéter e dei um biscoito ao cãozinho. Este saiu correndo, feliz. Foi aí que me raiou a luz.
“Por que esse cãozinho se dispõe a largar e, para mim, isso é tão difícil?” perguntei-me. Provavelmente dirás que ele foi treinado, e eu não. Isso está certo, mas só parcialmente. O que percebi, naquela manhã, foi o quanto o cãozinho tinha confiança em nosso amor por ele. O animal sabia do quanto o amávamos, e, por isso, confiava inteiramente em nós. Os que o amavam, iriam privá-lo de algo bom? Não, nunca. Simplesmente iriam dar-lhe algo melhor, em troca. O cão reconhecia, por experiência, o significado de “troca!” Este tipo de raciocínio (de minha parte, não da parte do cão!) trouxe-me a luz. Eu encontrara o segredo de “largar”.
Assim, hoje, quando me encontro lutando para abandonar algo que pretende obstruir meu progresso espiritual, lembro-me de Urso Peludo e me pergunto: Será que realmente sei do quanto Deus me ama? Acaso acredito que Deus me privaria de algum bem? Do que é que tenho medo que aconteça, se eu largar? Estarei realmente esperando receber algo?
Referindo-se a Deus, a Sra. Eddy escreve no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “A garantia única de obediência é compreendê-Lo corretamente, e conhecê-Lo corretamente é a Vida eterna.” Ciência e Saúde, p. vii. Torna-se mais fácil dispormo-nos a abandonar o erro quando alcançamos um conceito mais claro de como “compreendê-Lo [a Deus] corretamente”. Mas, afinal, o que é Deus?
Na Ciência Cristã, Deus é Amor infinito, divino, imutável. Deus é Princípio divino, nossa fonte eterna do bem ilimitado. Deus é Verdade, sempre a nos guiar e orientar para longe das frustradoras e inatingíveis promessas derivadas das crenças errôneas na matéria. Deus é Espírito onipresente e, dentro da inteira realidade divina do ser espiritual, não existe matéria a ser desejada, retida ou abandonada. Deus é Mente, a única Mente de Sua amada idéia, o homem semelhante a Deus.
“A adesão, a coesão e a atração são propriedades da Mente” Ibid., p. 124., diznos Ciência e Saúde. Todo poder real de vincular é, portanto, espiritual. Acreditar que não podemos abandonar o erro ou que o erro não nos solta é uma mentira da mente carnal, uma zombaria com a Mente divina e única. Essa mentira fica rechaçada, e exposta como infundada, quando aceitamos e compreendemos a verdade de que Deus é o único poder.
À medida que nosso pensamento se ajusta à compreensão correta de que Deus é Amor, podemos lembrar-nos de que Cristo Jesus orou, e nos ensinou a orar, ao “Pai nosso”. Jesus também nos ensinou que “Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais” Mateus 6:8, 9.. O Mestre possibilitou à humanidade abordar de maneira totalmente nova o conceito de Deus, mostrando-O como um Pai terno e amoroso, sempre pronto a abençoar Seu amado filho.
Quando compreendemos que o amor dedicado a entes queridos apenas marca o infinito amor de Deus por nós, tornamo-nos mais receptivos à Sua orientação. Confiamos mais nEle. Ficamos menos receosos de abrir mão do bem. Temos mais esperança de recebê-lo.
A cura que tive, do hábito de fumar, ocorrida há muitos anos, ilustra o caso. Eu ainda não havia aprendido o segredo do abandonar, e custou-me uma luta árdua. Durante os dois primeiros anos após eu haver iniciado o estudo de Ciência Cristã, fui curada do hábito de fumar (ou melhor, pensei que fora curada) em quatro ocasiões. Torneime membro de uma igreja filial e de A Igreja Mãe, e até fiz o Curso Primário de Ciência Cristã, na sincera convicção de que fora curada; mas o problema retornou, e os sentimentos de culpa e autocondenação assaltaram-me com força redobrada. Parecia que nunca eu ficaria curada completamente.
Numa noite, despertei sentindo-me muito mal, com os sintomas de uma forte gripe. Peguei o livro Ciência e Saúde e, ao mesmo tempo, apeguei-me de todo o coração a Deus, procurando uma mensagem curativa. O livro caiu aberto nas minhas mãos, e estas palavras saltaram de uma das páginas como se nada mais ali houvesse escrito: “Não é necessário acrescentar que o uso do fumo ou de bebidas alcoólicas não está em harmonia com a Ciência Cristã.” Ciência e Saúde, p. 454.
Ora, está claro que, como aluna do Curso Primário e membro de uma filial da Igreja de Cristo, Cientista, e membro de A Igreja Mãe, eu sabia que isso era assim. Mas, naquela vez, foi diferente. Tomei tão grande consciência do cuidado de Deus por mim que, com singeleza, afirmei: “Estou disposta a abandonar o erro, ó Deus. Eu não sabia que isso era tão importante para Ti!” Adormeci imediatamente. Na manhã seguinte, despertei totalmente curada da gripe, e o desejo por cigarros havia-se desvanecido como um sonho. Nunca mais me vi tentada a fumar, em trinta e tantos anos que se passaram desde então.
Se estás orando para largar algo a que seria melhor não te apegares, um mau hábito, um pecado oculto ou uma droga, pára de sofrer. Larga-o, simplesmente. Não é difícil, realmente, ao perceberes que receberás em troca algo infinitamente superior. Até mesmo um animalzinho de estimação pode deduzi-lo!
    