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A coragem moral e a sabedoria para enfrentar o mal

Da edição de setembro de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


É comum sentirmo-nos por vezes inseguros sobre como proceder ao tomar conhecimento da prática de algo profundamente errado. Talvez até nos perguntemos: “Será que devo enfrentar essa má ação e assim arriscar-me a ser alvo de retaliações, ou pelo contrário, será melhor evitar ‘fazer ondas’ ”?

É sempre apropriado enfrentar o pecado, ao abrigo da cidadela da oração silenciosa. Mas também pode haver ocasiões em que a oração humilde nos leva a denunciar determinada injustiça ou ação errada. O Velho Testamento menciona uma dessas ocasiões, ao relatar a confrontação do profeta Natã com o Rei Davi. Davi desobedecera a dois dos mandamentos mosaicos: cometera adultério com a mulher de outro homem, após o que conspirara e planejara, com sucesso, a morte do marido dela. Ver 2 Samuel, caps. 11—12.

“O Senhor enviou Natã a Davi,” são as singelas palavras da Bíblia. Nessa frase encontramos a chave para decidir quando desafiar de frente o pecado: devemos sentir-nos divinamente impelidos a expor e repreender o pecado. Devemos agir em obediência a Deus. Devemos servir a justiça divina e não a justiça própria.

Natã obedeceu a Deus. Aparentemente ele teve receptividade para responder a Deus em vez de a eventuais sentimentos pessoais. Davi era o rei. No entanto, Natã enfrentou-o com coragem moral e expôs o seu delito, em vez de permanecer silencioso.

Natã combinou essa coragem moral com sabedoria. Para denunciar os pecados do rei, serviu-se sagazmente de uma parábola, levando Davi a identificar o pecado de maneira imparcial. Natã falou a Davi de dois homens: um rico, o qual tinha “ovelhas e gado em grande número” e um pobre, que “não tinha cousa nenhuma, senão uma cordeirinha que comprara e criara”. Vindo um viajante visitar o homem rico, este tomou a única ovelha do homem pobre e serviu-a ao seu convidado, em vez de apartar uma dos seus numerosos rebanhos.

“Então”, diz a Bíblia, “o furor de Davi se acendeu sobremaneira contra aquele homem e disse a Natã: Tão certo como vive o Senhor, o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal cousa, e porque não se compadeceu.” Natã disse então a Davi que era ele esse homem criminoso.

Com coragem moral e sabedoria inspirada Natã havia exposto, inequivocamente, o pecado. Bem podemos dizer que Natã amava Davi com mais amor do que qualquer outra pessoa, porque Natã recusarase a ignorar o pecado. Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy diz com franqueza: “O assim chamado pecador é um suicida. O pecado mata o pecador, e continuará a matá-lo enquanto este pecar.” Ciência e Saúde, p. 203.

O pecador não pode ter paz verdadeira enquanto albergar pecado. Em tais circunstâncias, aquilo que aparentemente parece severa repreensão é, de fato, a expressão crística de amor. Tal repreensão não tem o propósito de destruir mas sim suscitar arrependimento e reforma. Coragem moral e sabedoria são expressões do Amor divino e não pretendem associar o pecado a uma pessoa. As contrário, visam libertar do pecado. Expressar coragem moral requer suficiente amor para saber que o pecado pode ser vencido, e que é necessário que seja exposto e rejeitado para ser curado.

A sabedoria e a coragem moral não se limitam a arrancar e destruir o mal, mas expõem e afirmam o bem. O livro-texto da Ciência Cristã declara: “É preciso coragem moral para enfrentar o mal e proclamar o bem.”

O livro-texto coloca então uma questão que talvez nos assalte de vez em quando: “Mas como reformar o homem que tem mais coragem animal do que coragem moral e que não tem a verdadeira idéia do bem?” A resposta denota o íntimo relacionamento entre a coragem moral e a sabedoria: “Pela consciência humana, convence o mortal do engano que ele comete ao procurar meios materiais para conseguir a felicidade. A razão é a mais ativa das faculdades humanas.” Ibid., p. 327.

Natã fez apelo ao sentido de razão e justiça de Davi. Mas como é que um homem com tantas ovelhas podia roubar a única ovelha de outro homem, para alimentar um visitante seu? Para Davi o erro tornou-se óbvio, pois concluiu: “Pequei contra o Senhor.” Davi cedeu à censura divina e não à desaprovação pessoal.

O sucesso de nossa missão corretiva não se baseia em persuasão ou esperteza pessoal mas sim em nossa disposição de sermos movidos por Deus, o Amor. Devemos permanecer silenciosos, a menos que sintamos inequívoco impulso espiritual para enfrentar más ações. Esse silêncio, contudo, não deve ser confundido com indiferença moral. Podemos erguer poderoso protesto curativo contra o pecado por meio da oração silenciosa honesta e vigorosa. Ciência e Saúde indica o seguinte: “Precisamos compenetrar-nos da capacidade do poder mental, não só para neutralizar conceitos humanos errôneos, mas também para substituí-los pela Vida que é espiritual, não material.” Ibid., p. 428.

Podemos usar o “poder mental” ao reconhecer do fundo do coração que Deus é o único originador e que Ele não originou um momento de pecado, pois como pode o Deus perfeito criar o homem cheio de pecado? Deus, o Amor divino, guia-nos contínua e inteligentemente no caminho da bondade. Deus, a Mente divina, informa-nos constantemente do curso de ação correto a tomar.

Por essa razão nunca estamos desprotegidos quando confrontados com a evidência de pecado. É-nos possível vislumbrar o potente fato espiritual de que Deus não fez o homem para ser enganado pelo pecado. Podemos apegar-nos corajosa e ternamente ao ser do homem criado por Deus, o qual apenas inclui pureza e verdade. E também nos é possível compreender que o pecado que aparenta governar alguém, não é inerente à verdadeira identidade espiritual dessa pessoa.

Dar testemunho do homem imaculado criado pela Mente, justamente quando o pecado parece ter tomado posse de determinada pessoa, é expressar verdadeira coragem moral e sabedoria. Amar significa isto mesmo. E é isso que significa seguir Cristo.

Embora possamos ser guiados, como Natã, a falar face a face com o pecador, também podemos descobrir ser o silêncio a resposta mais adequada, como quando o Mestre, Cristo Jesus, enfrentou corajosamente Pilatos com profundo silêncio. E até podemos repreender o erro com a força de nosso bom exemplo. Assim fez o pai na parábola do filho pródigo. O pai não foi atrás do filho para discutir ou repreendê-lo e arrancá-lo do estilo de vida imundo em que o filho chafurdava. O pai deixou-se ficar em casa quieto, prosseguindo nas suas atividades, e amando, esperando que o filho acordasse e se reformasse.

Nossa maneira de viver pode constituir uma forma inteligente e eficaz de chamar a atenção de outros para a necessidade de proceder de modo correto. A coragem moral e sabedoria sempre se iniciam com nosso próprio exemplo. Certamente que Deus não nos impele a ser rudes ao enfrentar o pecado. A responsabilidade de castigar e corrigir os que nos rodeiam não é nossa, a não ser que sejamos guiados inequivocamente por Deus a fazê-lo. Mas quando formos compelidos a falar, façamo-lo com confiança, cientes de que Deus nos suprirá a ocasião apropriada e as palavras certas.

Nosso trabalho não termina depois de termos falado. Precisamos continuar a orar. E podemos até ter muito que lutar após nos termos oposto ao pecado, pois o pecador pode contra-atacar aquele que tiver desvendado o pecado. Mas se com honestidade nos esforçarmos por servir a Deus, não temos que temer por nossa segurança, pois esta nos está assegurada. O expressarmos coragem moral e sabedoria não pode prejudicar a ninguém. Quer se expressem em silêncio ou em voz alta, a coragem moral e a sabedoria não podem deixar de servir o propósito sanador do Amor divino.

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