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Onde começa a paz?

Da edição de setembro de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


A paz, não será que inicia no coração de cada um de nós? Quando o desejo de sentir paz adquire forma ao exercermos a paz em nossa própria vida, em nosso cantinho do mundo, ajudamos a difundir a luz da paz por toda a terra. Os conflitos contínuos e aparentemente intermináveis, tanto entre indivíduos quanto entre nações, evidenciam que essa receita de paz não é posta em prática com muita freqüência. Por que será que as pessoas não conseguem se entender? Um mestre cristão dos primórdios do cristianismo fez esta pergunta aos fiéis que o escutavam, e sua resposta, no livro de Tiago, é tão relevante agora como então. “De onde procedem guerras e contendas, que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?”  Tiago 4:1.

O termo “prazeres” também tem a conotação de desejo desmedido. “Eu quero” ou até mesmo “eu não quero” pode significar a imposição da vontade humana e, portanto, é o elemento básico de qualquer conflito. A voluntariosidade tem muitas facetas. Por exemplo, a faceta da raiva muitas vezes esconde vontade própria desapontada. O ódio, a inveja, a ganância, a cobiça, a agressividade freqüentemente servem de máscara para a vontade própria movida pelo desejo desmedido. Até mesmo a procrastinação pode originar-se da vontade própria que se impõe, não como “eu quero”, mas como “eu não quero”, por isso, “eu não faço”. Sob tal influência, rapidamente se encontram carradas de desculpas para adiar ou protelar a ação correta por um prazo de tempo indefinido. Percebe-se que, até mesmo o “não posso” muitas vezes significa “não faço”.

A paz duradoura, portanto, só pode vir da decisão de renunciar àqueles elementos na consciência humana que contribuem para o conflito, os “prazeres” aos quais se refere o autor de Tiago. O passo inicial é reconhecer que o uso da vontade própria não contém valor redentor. Mas esse reconhecimento, por si só, não tem o poder de extirpar da consciência os prazeres do coração humano. É preciso algo mais: a compreensão e o reconhecimento de que há apenas uma vontade, em realidade, a vontade ou lei de Deus.

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