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O Cristo e a transformação do caráter

Da edição de janeiro de 1989 dO Arauto da Ciência Cristã


Durante minha adolescência, quando estava no colégio, sobreveio-me uma grande sensação de falta de significado na vida e tornei-me muito apático em relação aos estudos e à vida em geral. Como resultado, passei a ter notas baixas e um sentimento geral de fracasso. Logo comecei a beber a fim de ser mais aceito socialmente pela turma e esquecer minhas deficiências.

Tinha imaginado que tornando-me mais sociável obteria felicidade imediata, mas com isso as coisas ficaram piores, porque descobri que as amizades que tinham por base a aceitação social, eram superficiais. Nenhuma de minhas novas amizades satisfazia meu profundo anseio por companheirismo significativo. Por isso a impressão de fracasso aumentou e comecei a sentir-me profundamente deprimido.

Percebendo que só a Ciência Cristã me garantia realmente a cura e a solução de meus problemas, volvi-me ao que aprendia na Escola Dominical da Ciência Cristã e tentei pô-lo em prática.

Não foi fácil. Era difícil aplicar as verdades do mundo puro e perfeito do Espírito, que eu estava começando a vislumbrar aos domingos, e ter de aplicar essas verdades ao mundo muito imperfeito que eu enfrentava durante a semana no colégio. Não obstante, esforcei-me como nunca dantes para saber e sentir conscientemente em todas as circunstâncias o que significa ser filho de Deus.

Durante mais de um ano trabalhei em estreito contato com um praticista da Ciência Cristã a quem podia confiar, sem reservas, meus problemas mais íntimos. Meus desabafos eram sempre respondidos com terno encorajamento, perdão, sabedoria e verdades científicas enaltecedoras. Durante essa época também tive o apoio da oração e da orientação de meus pais, ambos Cientistas Cristãos.

No começo só tinha vislumbres esporádicos de meu verdadeiro relacionamento com Deus, intercalados por longos períodos de sérias dúvidas quanto a esse relacionamento e a eficácia da Ciência Cristã. Mas através de persistente esforço comecei finalmente a sentir a presença do Pai-Mãe Amor, Deus, a cuidar de mim, apesar da evidência das circunstâncias. Descobri que o verdadeiro sentido de vida consiste em ser o filho de Deus, e expressar Suas qualidades divinas.

Durante essa época comecei a estudar parte da lição bíblica diária do Livrete trimestral da Ciência Cristã quase todas as manhãs e a ler os periódicos da Ciência Cristã. As verdades científicas e as demonstrações de cura que descobri através da leitura, mostraram-me que minhas dificuldades podiam ser superadas. Essas lições deram-me forças para resistir à tentação de ser dengoso, apático ou de seguir cegamente o que todos faziam, e ajudaram-me a perceber um propósito mais elevado na vida, isto é, que eu devia expressar o vigor, a inteligência e a visão espiritual que eu possuía como o homem que Deus havia criado. A luz e a alegria começaram a permear meus dias, quando antes a escuridão e o tédio haviam predominado.

Aos poucos minha vida se transformou. Os estudos tornaram-se interessantes e estimulantes e minhas notas melhoraram. A bebida deixou de ser um atrativo. Surgiram novas amizades, baseadas em interesses e respeito mútuo, tanto com os que faziam parte da turma especial, quanto com os outros.

Pouco tempo depois comecei a colaborar realmente em minha igreja filial, onde havia sido membro de nome, mas não de fato. Além disso, quando me formei, havia me tornado membro de A Igreja Mãe, A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston, Massachusetts, Estados Unidos. Através da atividade na igreja encontrei companheirismo cristão que foi de ajuda inestimável quando tentei dar os primeiros passos na aplicação de minha recém-descoberta compreensão da cura pela Ciência Cristã. E dessa maneira preparei-me para enfrentar desafios posteriores de todos os tipos, unicamente através da oração.

O que é que pode explicar tal transformação de caráter? Somente a compreensão da atividade reformadora e regeneradora do Cristo no pensamento humano. A Sra. Eddy em seu livro Ciência e Saúde, define o Cristo como: "A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado." Ciência e Saúde, p. 583. Ela também caracteriza o Cristo como "o homem real e sua relação com Deus" Ibid., p. 316.

O Cristo é que transforma nosso caráter. Como é que isso acontece? Os defeitos do homem mortal gradualmente desaparecem de nossa experiência à medida que começamos a volver o nosso pensamento a Deus e a compreender mais do "homem real e sua relação com Deus" como o filho espiritual, perfeito, da criação de Deus.

Como resultado natural desse aparecimento do homem real, expressamos com mais coerência as qualidades crísticas, tais como moderação, vitalidade, paciência e pureza em nossas vidas. Essas qualidades tomam o lugar de seus opostos em nossa consciência, assim como a luz através de sua simples presença substitui a escuridão. Assim os defeitos de caráter, não tendo base no pensamento, desaparecem de nossa experiência à medida que diligentemente procuramos compreender a idéia espiritual do homem e a expressamos em nossa vida. Está claro que foi isso o que se deu comigo no colégio, embora naquela época eu não o soubesse.

A vida do Apóstolo Paulo constitui um exemplo notável e uma ilustração clara dessa atividade reformadora, regeneradora, do Cristo na consciência humana. Paulo, anteriormente chamado Saulo, perseguira violentamente os cristãos e tinha consentido no apedrejamento fatal de Estêvão, um dos primeiros evangelistas cristãos. Mas na estrada para Damasco, cidade onde, de acordo com o livro de Atos, planejava arrebanhar homens e mulheres cristãos para trazê-los de volta à Jerusalém a fim de serem julgados, a luz do Cristo, a Verdade, despontou em sua consciência.

Da mesma maneira como estivera espiritualmente cego para a divindade da missão de Cristo Jesus, da mesma maneira Paulo ficou fisicamente cego. O efeito de sua nova compreensão, ou nova percepção, daquela missão, foi a cura de sua cegueira e seu batismo no cristianismo por Ananias, discípulo que vivia em Damasco. E essa conversão trouxe à vida de Paulo um conceito novo e divino de propósito, de direção e de realização. O perseguidor dos cristãos agora pregava o Cristo, de Jerusalém até Roma, curava os doentes e os pecadores, tornando-se o maior evangelista do cristianismo.

Ciência e Saúde ainda descreve a transformação radical do caráter de Paulo da seguinte maneira: "Saulo de Tarso percebeu o caminho — o Cristo, ou a Verdade — somente quando sua noção incerta do que é direito cedeu a uma noção espiritual, que está sempre certa. Então o homem se transformou. Seu pensamento adquiriu perspectivas mais nobres, e sua vida tornou-se mais espiritual." Ibid., p. 326.

Embora possamos nos considerar cristãos, talvez haja algum aspecto de nossa vida que ainda precise ser convertido ao cristianismo. Uma das definições do termo cristão diz: "Manifestando as qualidades ou espírito de Cristo; crístico". Assim, tudo aquilo que for dessemelhante do Cristo e portanto dessemelhante de Deus em nossa consciência, pode ser considerado como não sendo cristão. Deve ser abandonado para que a consciência se converta a um cristianismo mais espiritual.

A dramática transformação de Paulo constitui uma ilustração excelente para seu ensinamento posterior sobre o velho e o novo homem. Em uma carta aos cristãos de Corinto, Paulo escreve: "E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas."  2 Cor. 5:17. Através da receptividade espiritual ao Cristo, ou seja, à idéia espiritual de varonilidade, também nós podemos experimentar uma sensação de novidade ou renascimento espiritual. À medida que demonstramos o Cristo, a Verdade, seguirse-á um sentido novo e mais profundo da missão e da realização divina para nós, assim como Paulo deve tê-lo sentido em sua missão de estabelecer a igreja cristã entre os gentios.

A transformação do caráter exige de nós coragem e honestidade para enfrentar nossas deficiências, o que às vezes envolve violento esforço. Mas não importa quão difícil pareça o desafio, não é preciso temê-lo. Em vez disso deveríamos lembrar-nos de que não é através de um poder próprio, mas sim através do poder impessoal, espiritual do Cristo, poder esse que emana de Deus, que alcançamos a vitória.

Estas palavras do artigo intitulado "Obediência", de autoria da Sra. Eddy, oferecem bom conselho e grande estímulo: "A ignorância de si mesmo, a obstinação, a justificação própria, a luxúria, a cobiça, a inveja e a vingança são inimigas da graça, da paz e do progresso; devem ser enfrentadas varonilmente e vencidas, do contrário desarraigarão toda a felicidade. Tende bom ânimo, a luta com o eu é grandiosa; ocupa todo o nosso tempo e o Princípio divino trabalha convosco — e a obediência coroa o esforço persistente com a vitória eterna." Miscellaneous Writings, p. 118.

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