Numa sociedade de "crédito instantâneo" e de abundância de bens materiais, é importante protegermo-nos contra o desejo insaciável de posses mundanas. Dada a forte tendência atual de nos gratificarmos, é muito fácil cair na armadilha de pensar que as aquisições e o bem-estar constituem um fim em si.
Cristo Jesus contou a seus seguidores a parábola do homem rico que, depois de acumular muitos bens materiais, disse: "Então direi à minha alma: Tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come e bebe, e regala-te." Lucas 12:19. A morte súbita do homem rico, no auge de seu suposto êxito, revela a fragilidade e a limitação das posses terrenas, em contraste com a riqueza duradoura proveniente da devoção ao infalível Espírito, Deus. O Mestre prossegue a narrativa, acrescentando esta declaração: "A vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes." Lucas 12:23. Do início ao fim de seu ministério, ele instou seus seguidores a buscar o reino de Deus, a penetrar debaixo da superfície material para encontrar a realidade espiritual que se acha ao alcance de todos.
Quais os passos práticos necessários para se conseguir isso? Não resta dúvida de que é preciso estar alerta contra as várias atrações e distrações que clamam por atenção. Devemos inspecionar de perto as atividades em que estamos empenhados, pois indicam nossos motivos e nossas prioridades. Podemos, por exemplo, interrogar se por estar-mos preocupados com as coisas do mundo, vemo-nos impedidos de servir à comunidade ou de desempenhar papel mais ativo em nossa igreja. Temos de nos proteger de pensamentos de "descanso", e de protelar até "quando eu tiver vagar" Ver Atos 24:25.. A mente carnal argumenta que é mais fácil continuar com as atitudes e os hábitos indolentes que colecionamos e com os quais condescendemos no decorrer dos anos, do que substituí-los pelas qualidades espirituais que ajudam e curam.
Não nos deixaremos arrastar pela corrente descendente, se nos esforçarmos por conseguir progresso espiritual. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy, que como Fundadora da Ciência Cristã sabia o que significa batalhar contra o mundo, escreve: "Os mortais talvez procurem a compreensão da Ciência Cristã, mas não serão capazes de apanhar da Ciência Cristã os fatos do ser, sem empenharem-se por eles. Esse empenho consiste no esforço de abandonar o erro de qualquer espécie e de não possuir outra consciência senão a do bem." Ciência e Saúde, pp. 322–323. Esse é um exemplo de como isso é elaborado na vida diária.
Certo professor estava preocupado e lutava contra o problema de sua baixa renda e da aparentemente limitada oportunidade de promoção. Havia demasiada oferta de pessoas com as mesmas qualificações dele, e temia estar em desvantagem, por não ser membro da "velha guarda" dentro da organização em que servia. Desanimado por completo, buscou conselho com amigos e colegas e por fim procurou uma agência de empregos. Conquanto tivesse recebido alento e apoio durante prolongado período, não apareceu nenhuma solução permanente.
Nessa altura, o professor decidiu ir mais a fundo em busca de uma solução, recorrendo à orientação divina. Telefonou a um praticista da Ciência Cristã pedindo ajuda. O praticista mencionou a importância de conhecer Deus melhor e sugeriu um estudo aprofundado da Bíblia e dos sinônimos de Deus que se encontram em Ciência e Saúde. Alguns desses sinônimos são: Princípio, Vida, Verdade, Amor, Alma, Espírito, Mente. Embora não fosse essa a resposta esperada, o professor obedeceu e fez a pesquisa determinada.
No decorrer do estudo, aprendeu mais a respeito de Deus como o Espírito divino, que supre o vigor e a inspiração necessária para atender a toda necessidade. Compreendeu melhor o Espírito que sempre mantém o homem como sua imagem e semelhança.
Aprendeu mais a respeito de Deus como Mente, a fonte da paciência e da sabedoria, a eterna presença que guia sem falhar aqueles que ouvem a voz de Deus como Mente, a inteligência perfeita, da qual o homem é o reflexo ou a idéia espiritual. Aprofundou seus conhecimentos sobre o Princípio, a fonte da lei espiritual, do progresso, da ordem, da justiça e do bem imutável para os que buscam a orientação infalível de Deus, ou seja, do Princípio, que mantém sua idéia, o homem, em perfeita harmonia.
Esse estudo foi acompanhado de muita oração e reflexão. O professor não se ateve ao quadro visível de sua vida, segundo os sentidos materiais lhe mostravam, mas volveu-se ao Cristo, o Consolador invisível. Aprendeu que a simples "boa dose de fé", destituída da compreensão clara do inquebrantável relacionamento entre Deus e o homem à Sua imagem e semelhança, impede a realização da cura e da regeneração, e que o mero passar do tempo não representava influência alguma, nem propiciava a cura. Também ficou claro que os contatos pessoais, as instituições humanas, até mesmo a assim chamada sabedoria acumulada no decorrer dos séculos, não eram fatores dignos de confiança.
A seguinte frase contida no livro Ciência e Saúde, adquiriu significado mais claro: "Não é nem a Ciência, nem a Verdade que age pela crença cega, como também não é a compreensão humana do divino Princípio curativo, tal como se manifestou em Jesus, cujas orações humildes eram profundos e conscienciosos protestos da Verdade — da semelhança do homem com Deus e da unidade do homem com a Verdade e o Amor." Ibid., p. 12. Durante esse período, o mero esforço humano foi substituído pela confiança mais radical no Espírito divino como sendo a fonte de todo o bem.
Antes de terminar o semestre, abriu-se uma vaga no escritório central que exigia habilidades muito especiais, como as desse professor, o que o conduziu a uma promoção ainda maior como administrador do prédio, cargo que, em termos de salário e benefícios, excedeu suas expectativas. Por mais grato que se sentisse por essas mudanças exteriores, o professor compreendeu que os verdadeiros benefícios eram aqueles de natureza duradoura, os ganhos espirituais obtidos mediante a compreensão mais clara de Deus e do homem.
Os confortos e os cuidados terrenais muitas vezes nos levam a olhar na direção errada em busca de soluções e de saídas. Às vezes é necessária uma sacudidela para nos levar de volta às coisas mais fundamentais, tais como obedecer ao Primeiro Mandamento e colocar Deus em primeiro lugar na nossa vida. Só então voltamos à rota correta, tendo ficado mais sábios com a experiência.
Jesus alertou seus seguidores a respeito do engodo que são as atrações humanas, na parábola da semente e do semeador. Parte desse relato diz: "A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer." Lucas 8:14. A parábola fala, a seguir, das que deram fruto como resultado de terem corações receptivos e bons.
No rico solo do desejo correto, também nós temos a possibilidade de colher o bem em abundância. Quando alguém está aprendendo a colocar Deus em primeiro lugar, estes versículos da Bíblia passam a ter significado muito especial: "Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas cousas não há lei." Gálatas 5:22, 23.
 
    
