Um homem passou, certa vez, diante de um local onde estava por começar uma conferência sobre a Ciência Cristã. O título atraiu-o e ele entrou. Gostou do que ouviu e depois, quando lhe perguntaram se algum ponto em especial lhe havia chamado a atenção, respondeu: "Claro que sim. O orador disse que eu era filho de Deus. Ninguém me havia chamado assim, antes."
Acontece que esse homem era de classe social menos favorecida, e o pensamento de ser filho de Deus teve significado especial para ele. Trouxe-lhe novo sentido de respeito próprio e dignidade. E qualquer pessoa, de qualquer posição social, que comece a se identificar como filho de Deus, isto é, com aquilo que a Bíblia também chama de imagem e semelhança de Deus, descobre que isso lhe dá uma sensação muito profunda de satisfação e faz com que se sinta protegida por uma sabedoria e um poder maior do que sua própria sabedoria ou sua própria força.
"Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus," 1 João 3:1. a Bíblia nos diz. E a Oração do Senhor começa assim: "Pai nosso que estás nos céus" Mateus 6:9.. Mas como é possível igualar dois conceitos que parecem tão diferentes, como os filhos de Deus e os filhos dos homens?
O descendente da carne, que comumente pensamos ser, parece sempre restringido por deficiências pessoais, por origem familiar humilde, nacionalidade, posição e outras considerações negativas. Mas a importância de tudo isso, e seu impacto, começam a desaparecer à medida que deixamos o filho de Deus, nossa genuína, amada, divina natureza, brilhar através de todas as nossas experiências diárias: à medida que começamos a pensar como o filho de Deus pensaria, a falar como o filho de Deus falaria e a agir como o filho de Deus agiria.
Não será que tudo isso é pedir demais? Como é que isso pode ajudar-nos a realizar as tarefas mundanas? Importa sentir, através da oração, que nosso eu real não é um mortal inepto ou pecador, mas que a própria semelhança da natureza divina nos proporciona nova noção de equilíbrio e segurança. Capacita-nos a fazer mais do que fazíamos antes. Traz nova dimensão para nossas vidas e purifica nosso modo de ver os outros. Às vezes também traz esta prudente advertência: "O filho de Deus não faria tal coisa!"
Cristo Jesus disse que Deus era seu Pai. Jesus é conhecido como o Filho de Deus, e mostrou-nos que Deus é também nosso Pai, o Amor divino, acessível, de confiança, cujos recursos são infinitos. Como filho de Deus, o homem está sob Seus cuidados. A parábola do filho pródigo, relatada pelo Mestre, na qual o pai assegura ao filho mais velho: "Tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu", Lucas 15:31. demonstra o constante amor do criador por Sua criação.
Jesus não se dirigia ao Pai só quando queria algo, mas estava sempre consciente da presença divina. Não somente aceitava sua unidade com o Pai, mas a valorizava muito. Não desejava ter vontade própria, porque ele se considerava a expressão de seu Pai, obediente à Sua vontade, que é infinitamente sábia.
Deus e o homem, o Pai e o filho, têm um relacionamento eterno. O filho necessita do Pai para guiá-lo e cuidá-lo. O Pai necessita do filho para representá-lo, para dar testemunho de Sua natureza. Nenhum dos dois pode existir sem o outro. A Sra. Eddy escreve: "Se Deus, que é Vida, ficasse por um só momento separado do Seu reflexo, o homem, durante esse momento não haveria divindade refletida. O Ego ficaria sem ser expresso, e o Pai não teria filhos — não seria Pai." E acrescenta: "Mas se o homem reflete Deus, não pode, nem por um instante, ser separado de Deus. Desse modo, a Ciência prova que a existência do homem está intacta." Ciência e Saúde, p. 306.
Tudo isso é particularmente importante no mundo de hoje, com suas disparidades de aspirações humanas e seus conflitos de desejos e interesses. Mas ninguém pode beneficiar-se totalmente ao entender a filiação do homem com Deus, a menos que entenda que cada um tem essa mesma relação com o criador. Cada um dos descendentes de Deus é igualmente importante, igualmente amado, igualmente abençoado por seu Pai. Até mesmo um só vislumbre desse relacionamento produz maravilhoso efeito unificador na experiência humana.
 
    
