Não faz muito tempo, eu estava conversando com um garoto adolescente que nunca dantes demonstrara muito interesse por religião. Ele me disse: “A Ciência Cristã é o tipo de religião que eu gostaria de ter. Parece que ajuda nas coisas que temos de fazer.”
O que ele tinha de fazer, na época, era passar nos exames da escola, o que estava achando difícil. Queria muito ser piloto, o que implicaria em muitos exames mais, ao longo de alguns anos. E essa perspectiva lhe parecia desanimadora. Assegurei-lhe que a Ciência Cristã poderia certamente ser de grande ajuda para ele, tanto nos exames como em qualquer outra coisa que viesse a fazer. Mas de que forma poderia eu explicar-lhe como a Ciência Cristã ajuda, para que ele entendesse?
A religião é, antes de tudo, adoração a Deus. Mas essa adoração precisa ser algo mais do que um rito, por mais sincero que seja. A adoração, no sentido mais elevado, é uma resposta espiritual a Deus, a qual ocorre na consciência individual e muda radicalmente a maneira de pensar. Então os acontecimentos também mudam. O que é que faz com que as pessoas tenham o desejo de adorar? Talvez um sentimento de reverência e admiração, a percepção de um poder maior do que o humano, um vislumbre do verdadeiro significado da palavra infinito, ou seja, algo parecido com aquilo que às vezes sentimos em um lugar solitário, de grande beleza natural, porém mais intenso.
Mas, os exames? De certa forma, todos nós temos de passar por “exames” todos os dias, ao enfrentar os desafios da vida. A religião, revelada na Ciência Cristã, mostra-nos a natureza infinita da inteligência. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy dá este significado espiritual de inteligência: “Substância; a Mente que existe por si mesma e é eterna; aquilo que nunca está inconsciente nem é limitado.” Ciência e Saúde, p. 588. Ao compreender que Deus é inteligência, começamos a entender a natureza infinita da inteligência inata que o homem reflete por ser a imagem da Mente divina. Uma maneira de adorar a Deus é usarmos essa inteligência ao máximo em tudo o que fazemos, sempre atribuindo a Deus o mérito pelo bem que alcançamos, sem procurar o engrandecimento pessoal.
Na Bíblia, dizem freqüentemente que a sabedoria e o entendimento são dados por Deus. Salomão, por exemplo, na época em que se tornou rei, sentiu profundamente que não estava à altura da situação e procurou a sabedoria divina. Ouviu, em sonho, o oferecimento do Senhor: “Pede-me o que queres que eu te dê.” E ele respondeu: “Ó Senhor, meu Deus, tu fizeste reinar a teu servo em lugar de Davi meu pai; não passo de uma criança.... Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal.” 1 Reis 3:5, 7, 9.
Cristo Jesus demonstrou plenamente o potencial da sabedoria divina. Ele nunca falhou em atender às grandes exigências que lhe eram feitas e sempre atribuiu inteligência e poder a Deus, dando assim provas da habilidade espiritual que o homem tem, de expressar o bem espiritual. Ele não tinha erudição alguma e os judeus, certa vez, perguntaram surpresos: “Como sabe este letras, sem ter estudado?” João 7:15. Essa capacidade é o resultado de nós sabermos qual é a origem da inteligência, usando-a para adorar a Deus.
Poderíamos então dizer que a religião, nos termos da Ciência Cristã, ajuda-nos nas coisas que temos de fazer, inclusive nos exames, por nos ajudar a pensar de maneira diferente, mais espiritual, a respeito das coisas e de nós mesmos. Como parte da adoração, devemos compreender que qualquer exigência legítima que nos for feita, deve ser proveniente de Deus e trazer regeneração. Tais exigências requerem mais do que simplesmente superar falhas óbvias do caráter. Devemos estar dispostos a renunciar à vontade humana, ao orgulho humano, às preferências humanas, às idéias humanas preconcebidas e aos hábitos humanos.
Por exemplo, pode ser que um estudante comece implorando a Deus que o ajude a ser aprovado nos exames, independentemente de ele ter estudado ou entendido a matéria. Deus, porém, não trabalha dessa forma. Deus o ajuda a fazer bem o seu trabalho, qualquer que seja, e a superar qualquer obstáculo que o impeça. Ou pode ser que um aluno brilhante espere que Deus o ajude a tirar sempre o primeiro lugar. Mas Deus também não trabalha desse jeito. A inteligência que Deus proporciona é imparcial, não nos faz avançar em prejuízo de outros nem nos dá vantagens injustas. Deus é Amor, e a menos que desejemos para os outros o mesmo sucesso que desejamos para nós, não estaremos realmente expressando Sua inteligência.
Reivindicando e expressando a inteligência que vem de Deus, temos outro benefício: ficamos livres dos esquemas humanos de progresso. Lembro-me de quando eu era jovem estenógrafa e inesperadamente tive de substituir, numa situação crítica, alguém que tinha muito mais experiência do que eu. Pediram-me para datilografar, em alta velocidade e diretamente sob ditado, um noticiário que seria depois transmitido pelos meios de comunicação. A princípio, achei que nem deveria tentar, mas pelo meu estudo e demonstração da Ciência Cristã, eu aprendera em muitas ocasiões que podia ter confiança nela para me ajudar no que precisasse fazer. Sabia que Deus era a fonte de toda habilidade e inteligência e que Ele estava comigo.
Por isso, comecei com coragem, e após terminar, o homem que estivera ditando, virou-se e agradeceu-me. Depois, olhou-me com mais atenção e observou: “Não me lembro de tê-la visto antes.” Então expliquei como acontecera de me encontrar ali, e ele comentou: “Não tinha idéia de que você nunca havia feito isso antes. As taquígrafas, em geral, demoram semanas para aprender a fazer isso.” Silenciosamente reconheci, com gratidão, de onde tinha vindo a ajuda.
Se forem baseadas na oração, tais demonstrações não serão exibições de mera capacidade pessoal. Porquanto modestas ou formidáveis sejam nossas realizações, elas representam experiências significativas da inteligência divina, experiências que surgem para ajudar nalguma situação, e sempre demonstram uma inteligência que, humanamente falando, está além da nossa. Erramos o alvo quando pensamos que a existência seja material, que o homem seja corpóreo e que a inteligência seja produzida por um cérebro físico. Mas quando começamos a modificar essa visão materialista e limitada e declaramos que a existência é espiritual, o homem é a semelhança de Deus, e a sabedoria e o entendimento são provenientes da Mente divina, então as demonstrações dessas verdades começarão a acontecer em nossa experiência humana.
Podemos começar usando a religião para nos ajudar a ser aprovados nos exames e a fazer o que for necessário. Mas à medida que nosso pensamento se modifica e se torna mais espiritual, compreendemos que a verdadeira necessidade é a de utilizarmos os exames e qualquer situação que se apresente, como oportunidades de adorar a Deus de forma mais significativa. E esse é o papel legítimo da religião. Não é uma maneira espiritual de obter o que queremos materialmente. É uma maneira de melhor seguir o Cristo, a Verdade; de amar mais profundamente, de pensar mais espiritualmente; e de ver então a inteligência divina a expressar-se de forma tangível em tudo o que fizermos, inclusive nos exames!
