Seja qual for seu trabalho na igreja, basicamente se resume em trabalho espiritual. Achamos que os leitores do Arauto gostariam de saber a opinião de vários outros professores e superintendentes sobre o que fazem na Escola Dominical.
Algo está em ebulição nas igrejas filiais da Ciência Cristã: há fome cada vez maior de atividade espiritual e crescimento das Escolas Dominicais. Essa fome vai muito além da mera vontade de ter mais alunos. Os Cientistas Cristãos sabem, no íntimo, que a educação espiritual oferecida pelas Escolas Dominicais tem imenso potencial para as crianças e os jovens da comunidade. Sentem que só a educação espiritual pode satisfazer ao anseio da criança, esse anseio de descobrir a finalidade espiritual e as possibilidades da vida.
Com essa ebulição, há casos bem definidos de reavivamento, experiências que atestam o fato de que toda essa fome não é mera esperança, mas uma abertura para o que é diretamente demonstrável: renovação espiritual nas atividades da igreja. Não deixem de examinar os exemplos específicos de revitalização da Escola Dominical, os quais estão em destaque no quadrinho desta seção.
O que dizer dessas Escolas Dominicais que têm bom crescimento? São elas exceções raras que poderiam ser atribuídas a circunstâncias fortuitas? O que é natural para a Escola Dominical? O que se deve esperar?
Ou, em outras palavras: será que seria surpreendente ou antinatural que alguma atividade dada por Deus a nossa igreja, viesse a crescer, a ampliar-se, cumprindo sua finalidade e sua promessa? Claro que não! Seria de surpreender, isso sim, se deixasse de crescer ou passasse a diminuir em alcance e utilidade. Nossas Escolas Dominicais podem e devem prosperar. Se acalentarmos tal confiança, aprenderemos mais sobre o que significa a expectativa espiritual e por que ela não pode deixar de realizar-se nem causar desapontamento, ao contrário da mera expectativa humana.
Mas o que fazer se nossa Escola Dominical está em fase de declínio ou inativa? Podemos orar, tal como faríamos para uma criança, a fim de obter mais daquela consciência que percebe a vitalidade e a plenitude espiritual incluídas naturalmente em toda Escola Dominical, por ser esta uma expressão de Igreja. Podemos descobrir que a Escola Dominical é muito mais do que uma tentativa humana de ajudar as crianças, ou um lugar para “guardá-las” enquanto seus pais assistem aos cultos. Deus, o Espírito, impulsiona o crescimento espiritual. Essa verdade é válida para nossas Escolas Dominicais. Aliás, a própria existência da Escola Dominical da Ciência Cristã é prova tangível do amor de Deus por Seus filhos. Isso significa que a verdade a respeito da Escola Dominical, é inteiramente boa, algo que podemos amar de todo o coração.
Estamos nós pensando dessa forma sobre a Escola Dominical? Estamos percebendo que ela é elemento indispensável da Igreja de Cristo, Cientista, fundada por Mary Baker Eddy? Apreciamos a oportunidade de estar com as crianças e de ajudá-las espiritualmente? Se a resposta for não, o que faremos para abrir o coração a essa forma de amar? Podemos perguntar-nos: “O que via Cristo Jesus nas crianças? E acaso as crianças de hoje em dia não são, em essência, como as da época de Jesus?” Certa feita, Jesus disse aos discípulos: “Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira alguma entrará nele.” Lucas 18:17. É óbvio que para o Mestre, ser como criança não era apenas uma questão de características humanas agradáveis, mas um estado do ser que é indispensável à nossa salvação espiritual.
Como em geral acontece no crescimento espiritual, o que provavelmente se faz mais necessário, ao orarmos em maior profundidade por nossas Escolas Dominicais, é o arrependimento espiritual e a regeneração, é a luta honesta, persistente e abençoada contra tudo o que se opõe ao que Deus percebe constantemente em Seus próprios filhos, contra tudo o que não leva em consideração a atuação contínua de Deus. E isso não é de surpreender. Em todo e qualquer lugar onde se vive e partilha a Ciência do Cristianismo, não nos surpreende que o magnetismo animal, a afirmação errônea de que a vida e a inteligência sejam materiais, tente impor seu conceito mesquinho do que é, ou não é, possível. A onipotência do Amor divino, porém, põe a descoberto a impotência do magnetismo animal, denuncia seu triste repertório de enganos, quer se manifeste como sentimento de inércia deprimente, quer como inexplicável resistência à simples idéia de estar na companhia de crianças ou, até mesmo, como esforço específico de afastar as crianças das verdades ensinadas pela Ciência Cristã.
Um professor da Escola Dominical explica isso da seguinte forma: “Com toda franqueza, houve ocasiões em que aos domingos pela manhã, eu teria preferido fazer qualquer outra coisa que não fosse lecionar na Escola Dominical. Parecia um esforço demasiado grande. Mas sempre me senti muito melhor por ter lecionado. Acho que se pode constatar o seguinte: se alguém não sente nenhuma resistência desse tipo, é porque talvez não esteja percebendo que há algo a ser vencido. Se você está diante da coisa, sentindo a resistência, enfrentando-a e vendo sua irrealidade, então o caminho se abrirá para algo que fará uma grande diferença.”
Ao percebermos quão inócuas são as imposições mesméricas e ao despertarmos espiritualmente para o que é possível em nossas Escolas Dominicais, verificaremos que a estagnação ou o declínio não fazem parte da “nova” Escola Dominical que está emergindo. Descobriremos a vitalidade irresistível que sempre existiu nela, tal como o Novo Mundo foi descoberto do outro lado da terra, que tantos diziam ser chata.
Escola Dominical: “A experiência mais vital, revigorante e espetacular que uma criança pode ter”
Dar o primeiro passo no sentido de revitalizar a Escola Dominical é algo que não precisa ser adiado nem se arrastar num processo demorado. Certa igreja filial teve a freqüência à Escola Dominical aumentada de três alunos constantes para mais de uma dúzia, em menos de um mês. É lógico que não foi só um aumento de alunos matriculados, o que aconteceu ali. Houve uma visão renovada do que é espiritualmente natural na Escola Dominical e isso abriu o caminho para novos alunos. Várias crianças que ali vieram pela primeira vez, tinham necessidades bem definidas e o progresso que fizeram na superação dessas dificuldades, quando passaram a freqüentar a Escola Dominical, tornou-se evidente não só para os professores, como para os pais ou avós que as traziam.
Uma troca de idéias com o Superintendente dessa Escola Dominical foi comovente, não só devido à mudança tangível na freqüência, mas também pela forte evidência da utilidade da Escola Dominical em ajudar e curar as crianças.
O que o levou a se envolver com o trabalho na Escola Dominical?
Superintendente: Meu primeiro contato com a Ciência Cristã foi na Escola Dominical, onde fui curado de um mal físico, logo no primeiro dia de aula. Muito antes de saber do que consistia o restante da igreja, eu sabia que a Escola Dominical fizera grande diferença em minha vida. E sempre achei que é justo retribuir o que se recebe!
Como é que o pessoal da Escola Dominical se portou diante dos desafios que vocês estavam enfrentando?
Superintendente: Começamos a fazer reuniões mais freqüentes e a escolher um determinado aspecto do problema, para tratá-lo pela oração. Exatamente como o faríamos com um mal físico. Identificávamos quais eram os desafios, procurávamos encontrar as verdades que os anulavam e decidíamos ficar firmes nessas verdades. À medida que fazíamos isso, íamos nos libertando de um conceito limitado, pequeno e confuso do que significa atração. Oramos com a idéia de que não tínhamos de tornar a Escola Dominical mais atraente, nem “embelezar” seus valores espirituais. A Escola Dominical é a experiência mais vital, revigorante e espetacular que uma criança pode ter. ... Todas as pessoas sentem profundo desejo pelas verdades espirituais, pelos fatos espirituais. Trabalhamos para perceber que a Escola Dominical não representava tradição, ritual nem conveniência, mas sim amor e boa acolhida, a vitalidade da Vida, a receptividade da Mente e todas as coisas que as pessoas realmente procuram.
O progresso da Escola Dominical teve reflexos no quadro de membros da igreja, como um todo?
Superintendente: Logo depois disso, um casal jovem que tinha filhos, filiou-se à igreja e veio também outra família. Foram essas as primeiras pessoas que se filiaram à nossa igreja após um período de estagnação de três ou quatro anos.
Às vezes as pessoas que colaboram na Escola Dominical, citam, como um dos problemas que devem ser tratados, o medo à vitalidade normal e saudável que caracteriza as crianças.
Superintendente: Nas escolas públicas, fazemos distinção entre os chamados “ruídos bons” e “ruídos maus”. “Ruídos bons” referem-se aos sons vitais e naturais das crianças que estão aprendendo, partilhando e dando vazão, sob controle, às expressões de exuberância e vitalidade que caracterizam a juventude. Na Escola Dominical falamos sobre a vida ... e sobre temas que podem nos mudar, falamos sobre um poder que é capaz de desafiar toda pretensão do mal no mundo. Seria antinatural se não houvesse nenhuma excitação nos debates em aula. Quando pela primeira vez ouvi dizer que os Cientistas Cristãos tinham a coragem de pensar em tais coisas, quase caí da cadeira!
Quanto aos “ruídos maus”, houve ocasiões, antes do início da aula ... em que as crianças queriam correr pela sala e fazer barulho no piano. Então eu lhes dizia: “Vocês podem me ajudar a colocar os números dos hinos no quadro.” Nós permitíamos que nos ajudassem, ao invés de dar-lhes a impressão de que eram visita. Dizíamos: “Vocês fazem parte da Escola Dominical. Ela é de vocês.”
Como você encara as crianças?
Superintendente: Ocorreu-nos ao pensamento parte da descrição de filhos, dada pela Sra. Eddy: “Os pensamentos de Deus, não no estado de embrião, mas no de maturidade” (Ciência e Saúde, p. 583). As crianças são completas. Expressam a mesma inteireza que nós expressamos. Não refletem nem expressam um sentido limitado de Princípio, um sentido limitado de Mente. Por isso não estamos esperando delas o impossível, ao pedirmos que se sentem e troquem idéias durante uns 45 minutos.
Escola Dominical: Da inércia à atividade
Nesta entrevista, um professor da Escola Dominical, situada numa cidade grande, explica o que trouxe revitalização após meses de inércia.
Professor: Após reunir-nos com a Assistente para o Campo de Ação [d’A Igreja Mãe], nossa igreja decidiu que precisávamos levar avante o impulso que havíamos recebido. Tivemos reuniões sobre temas diversos, que foram sugeridos por membros da igreja. Um deles foi a Escola Dominical, que estava sem alunos havia mais ou menos seis meses.
Vocês nem tinham visitantes? Nunca?
Professor: Não. Aliás, nem sequer tínhamos alguém encarregado da Escola Dominical. Uma das primeiras coisas que fizemos foi nomear pessoas para os cargos da Escola Dominical, quer houvesse crianças, quer não. Agora havia uma expectativa renovada.
Como se puseram a orar pela Escola Dominical?
Professor: Para mim, o ponto principal foi simplesmente que nenhuma das qualidades inerentes às crianças, manifestadas espiritualmente no homem, podia estar ausente de nossa igreja. Todas elas poderiam ser apreciadas na congregação daquele momento. Quer houvesse crianças em nossa Escola Dominical, quer não, aquelas qualidades estavam presentes. Há muitos casos em que as qualidades tão peculiares às crianças são o óleo e o bálsamo no pensamento da congregação, haja ou não crianças. Essa é uma verdade, mas de qualquer forma, é muito mais agradável ter a presença das crianças!
A igreja, como um todo, orou com um tema específico?
Professor: Chegamos simplesmente à conclusão de que tínhamos de orar e que não era correto que a Escola Dominical fosse como um filho esquecido, ou como roupa guardada em naftalina. Devíamos ver aonde a oração nos levaria. Foi realmente uma questão de despertar para as possibilidades que a Escola Dominical abre para a congregação e para as crianças.
Aconteceu que minha mulher e eu estávamos na igreja, num sábado à tarde, cuidando do jardim. Duas crianças brincavam ali perto (um menino de uns 7 anos e outro talvez de doze). Um deles veio até nós e perguntou se podia nos ajudar. Nós o encarregamos de cortar a grama e o mais jovem também ajudou. Assim estabelecemos contato com esses meninos, ficamos sabendo o nome deles, constatamos que moravam ali mesmo naquela rua.
Cerca de um mês depois disso, numa tarde de domingo, parei ao lado da igreja para mostrá-la a uns amigos, quando ouvi ruídos na escada de incêndio, ao fundo. Abri a porta e ali estavam os dois meninos, que perguntaram o que estávamos fazendo nesse lugar. Respondemos que estávamos apenas dando uma olhada na igreja, ao que retrucaram: “Podemos ver a igreja também?” Convidei-os a entrar e caminhei com eles por toda a igreja. O salão infantil atraiu a atenção deles. “Para que servem todos esses brinquedos? Podemos voltar aqui e brincar? Quando podemos vir?” Disse-lhes que poderiam vir no domingo de manhã e se divertir com os brinquedos até o momento em que começasse a Escola Dominical, quando teriam de ir para a aula.
Para ser franco, vocês precisavam ver aqueles dois. Nem me passou pela mente que voltaria a vê-los. Mas no domingo seguinte, ali estavam às 10:30. Entraram pulando e foram direto escada abaixo. O superintendente disse que levou algum tempo para eles entenderem que aquilo era uma escola e não uma sala de diversões. Alguém lhes disse: “Vocês podem brincar até que a aula da Escola Dominical comece, mas depois terão de vir para a classe.” E eles ficaram.
O menino mais velho voltou algumas vezes, mas a estrutura e a disciplina não eram para ele. O menor tem sido fiel. Na segunda ou terceira vez em que veio, trouxe consigo a irmã mais velha. Nestes seis meses, entre os dois, só faltaram umas duas ou três vezes. De vez em quando trazem um amigo.
Hoje temos uma média de três a quatro alunos por domingo e estamos sempre preparados para receber mais.
Sem sombra de dúvida, atribuo esse progresso à atenção total que a igreja deu à Escola Dominical. É um começo pequeno, mas significativo! Aliás, eu é que estou dando aulas para o menino.
