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Quando um adolescente fala em suicídio

Da edição de agosto de 1989 dO Arauto da Ciência Cristã


Eu andava preocupada com nosso filho adolescente. Seu comportamento era tudo, menos normal. Ele mostrava-se, com demasiada freqüência, muito ansioso e propenso a ataques de choro ou acessos de mau humor. Os professores começaram a ter problemas com ele e em casa era uma constante fonte de fricção.

Na tentativa de o ajudar, conversei com ele, mas era impossível chegarmos a um acordo. Quando lhe perguntava qual era o problema, respondia-me muito simplesmente: “Não sei.” Quando lhe sugeri que orasse, respondeu-me provocadoramente: “Não acredito em Deus!” Algumas vezes desesperado, outras furioso, falou em suicidar-se.

Como estudante da Ciência Cristã, orei durante esse difícil período. Por vezes senti-me extenuada, tanto física como espiritualmente. Nessas ocasiões, recorria à ajuda de um praticista da Ciência Cristã e em conseüência sentia-me revigorada. Após algum tempo, meu marido, que não é Cientista Cristão, quis que nosso filho tivesse terapia psicológica. Embora não fosse esse o desejo do rapaz (ele achava que não precisava de ajuda), participou dessas sessões durante alguns meses. De vez em quando mostrava sinais de progresso, mas logo em seguida voltava ao que era antes, até que terminaram as sessões de psicoterapia.

Uma vez por outra, reagi com raiva ao comportamento dele e disse coisas de que me arrependi. Nessas alturas sentia-me frustrada, culpada e amedrontada. Contudo, continuei a orar por mim e por nosso filho, todos os dias.

Uma tarde houve um grande reboliço lá em casa por causa do rapaz. Ele parecia descontrolado e cheio de ódio. Dessa vez, porém, senti crescer dentro de mim uma força espiritual. Pode ser descrita como uma elevação, um sentimento de equilíbrio e controle de origem espiritual, uma liberdade da confusão emocional que aquelas situações geralmente me produziam.

Afastei-me e comecei a orar. Comecei a sentir maior paz à medida que me agarrava, com toda a energia, ao fato espiritual de que o homem, a expressão do ser de Deus, só pode ter consciência do bem; que não há atração real pela morte ou pela discórdia, porque não existe poder capaz de anular o amor e a bondade que Deus expressa no homem. Em contraste com a gritante evidência de aspereza, vislumbrei o que a Sra. Eddy diz em Ciência e Saúde: “As crenças de sofrimento, de pecado e de morte são irreais.” Science and Health (Ciência e Saúde), p. 76: “Suffering, sinning, dying beliefs are unreal.”

O sentido material, que concebe o homem como personalidade física e mental, produzido e influenciado por hormônios e teorias genéticas, por emoções e pressões sociais, não é a realidade do homem como filho de Deus. O relato espiritual da criação, descrito no primeiro capítulo da Bíblia, declara que Deus é o único criador do homem, é a fonte de toda individualidade e que tudo que Ele cria, permanece bom.

Ouvimos com freqüência advertências sobre os anos da adolescência, caracterizados como rebeldes, sujeitos a reações intensas e oscilações temperamentais. A instabilidade emocional é apontada como algo “normal” nessa faixa etária. Mas no meu caso, tomando como base o homem espiritual, sem pecado, perfeito, harmonioso, completo e governado por Deus, esse homem que eu de fato havía começado a compreender e ver como a verdade acerca da natureza de meu filho, recusei-me a aceitar a instabilidade dele como normal ou algo a ser tolerado.

A Bíblia contém inúmeros exemplos em que Cristo Jesus provou o poder da inocência e bondade verdadeira sobre o pecado, da saúde sobre a doença e da vida sobre a morte, destruindo “as obras do diabo” sob todas as manifestações em que o erro parecesse ter domínio sobre as pessoas. Mas Jesus fez mais do que isso, ele ensinou os outros a fazer o mesmo.

Ao longo dos meses de estudo da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy, adquiri a inspirada convicção de que a natureza real do homem é criada por Deus, o Espírito.

O Espírito é a substância de sua individualidade. Ele reflete a consciência divina, que se expressa em atividades nobres e construtivas. O impulso da morte não é real. Ciência e Saúde diz do homem: “O Espírito é a fonte primitiva e derradeira de seu ser; Deus é seu Pai, e a Vida é a lei de seu ser.” Ibid., p. 63: “Spirit is his primitive and ultimate source of being; God is his Father, and Life is the law of his being.”

Durante esses meses, apercebi-me que era absolutamente indispensável amar meu filho. Houve momentos em que senti tudo, menos amor. Nessas ocasiões, eu me retirava do desagradável cenário e orava para vê-lo como a semelhança espiritual de Deus. Depois de orar, sempre redescobria meu amor por ele.

Pressenti intuitivamente que se o rapaz se sentisse completamente indigno de ser amado e achasse que o não era, então teria uma justificação para não querer viver. Finalmente, consegui manter meu amor por ele, mesmo quando confrontada com os ataques mais amargos. Consegui-o graças ao reconhecimento de que eu refletia o amor de Deus e que o Amor divino, Deus, conhecia meu filho em toda sua inocência e bondade.

Depois dessa difícil tarde, em que pela primeira vez me senti libertada dos impulsos emocionais, meu filho não voltou a falar em suicídio. Algum tempo depois, o relacionamento com seus professores voltou a ser alegre, construtivo e em casa as coisas melhoraram muitíssimo. Agora, três anos mais tarde, ele mostra interesse pelos estudos e suas notas escolares são boas. É um rapaz feliz e socialmente ativo. Aqueles que aqui em casa o achavam encrenqueiro, agora dizem que ele é um amor.

Há um ano meu filho assistiu a um suicídio, quando um homem atirou-se em frente de um trem, ou seja, um comboio. Essa experiência fê-lo conversar bastante comigo sobre a morte. Nessa altura já estava interessado em ouvir o que eu tinha a dizer. Conversei com ele sobre este poderoso trecho de Ciência e Saúde, referente à morte e à salvação: “Quando se aprender que a doença não pode destruir a vida e que não é pela morte que os mortais são salvos do pecado ou da doença, essa compreensão nos vivificará de novo. Superará tanto o desejo de morrer, como o pavor ao túmulo e destruirá assim o grande medo que aflige a existência mortal.” Ibid., p. 426: “When it is learned that disease cannot destroy life, and that mortals are not saved from sin or sickness by death, this understanding will quicken into newness of life. It will master either a desire to die or a dread of the grave, and thus destroy the great fear that beseta mortal existence.” Curiosamente, no ano passado, meu filho teve a oportunidade de ajudar uma adolescente a vencer a tentação de pôr termo à vida. Essa moça estava mergulhada em desespero, por um dos seus pais se ter ido embora, abandonando o lar.

É a vontade de Deus que Seus filhos Lhe dêem expressão. Quando nos esforçamos em fazer Sua vontade, somos verdadeiramente felizes, bem sucedidos e fazemos contribuições significativas para o bem-estar dos que nos rodeiam. Vejo essa demonstração efetuada gradualmente na vida de meu filho e fico comovida com os comentários favoráveis e de apreciação de sua bondade, vindos de outras pessoas.

A maneira como fui ajudada ao longo dessa provação, foi a mais adequada às nossas necessidades específicas. As palavras apropriadas que eu disse em várias ocasiões ao meu filho, resultaram de minhas orações e afirmações da Verdade. Não são as palavras que importam, nem tampouco os detalhes humanos, mas sim, a verdade. O importante é saber que, não obstante há quanto tempo um problema desses dure, por mais inacessível que a pessoa se mostre, independentemente dos disparates cometidos, o espírito crístico que Jesus viveu está presente, instruindo, guiando, revelando-nos que Deus controla tudo sem interrrupção, que Seu amor é real, todo poderoso e governa Seus filhos sob todos os aspectos. Como a Bíblia diz confortadoramente: “Assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.”  Isaías 43:1.

Comentários do filho da autora

Sou o filho que foi curado. Tudo o que mamãe relatou dessa experiência, é verídico.

Há um ano, estava na plataforma de uma estação ferroviária no regresso das aulas, quando presenciei um suicídio. Um homem perto de mim saltou para a frente de um comboio em movimento. Fiquei chocado por ter assistido a essa cena. Nessa noite conversei com mamãe sobre isso. Ela ajudou-me a perceber que o suicídio não resolve os problemas e que precisamos encontrar-lhes as respostas.

Três meses depois dessa experiência, uma amiga confidenciou-me que estava pensando em se suicidar. Eu lhe respondi que esse ato nada resolveria. Mais tarde, ela procurou um conselheiro da escola e mudou de idéia. Agora encara a vida de forma mais positiva.

Comentários do marido da autora

Ha uns três anos ou mais, nosso filho evidenciou um distúrbio emocional que preocupou a minha mulher e a mim. Ou estava apático, ou mostrava sinais de violência, rebeldia e ódio, que persistiram durante muito tempo. Ele falava na possibilidade de fazer algo violento e várias vezes ameaçou suicidar-se. Como esse comportamento persistisse, achei que devia recorrer a orientação psicológica. O rapaz participou, mas a contra-gosto.

Dessa terapia resultaram melhoras. Era visível que nosso filho procurava ser cordato. No entanto, passado pouco tempo, as oscilações emocionais e os acessos de ódio reapareceram.

Não sei dizer com exatidão quando mudou seu comportamento. Aos poucos sentiu-se mais feliz. (Durante o tempo em que esse problema durou, parece-me que ele nunca sorria.) Foi possível estabelecer-se um relacionamento amistoso entre nós, amizade que continua aumentando.

Não digo que de vez em quando não tenhamos de repreender nosso filho. Mas as oscilações emocionais, os acessos incontroláveis de choro, o ódio violentamente expresso, as referências a suicídio pararam há mais de três anos. Seu comportamento social é bom e o aproveitamento escolar também. Ele demonstra mesmo um alegre senso de humor.

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