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Reação divinamente inspirada

Da edição de março de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Pense um pouco na possibilidade de você, ou eu, ou qualquer pessoa ou nação, não ser a fonte primitiva, ou a causa, do ódio. Somente o ódio odeia. E o ato de odiar ou sentir ódio nos é imposto por algo muito estranho à nossa natureza genuína. Sobre a covardia, a Bíblia diz: "Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação." 2 Tim. 1:7. Assim, talvez seja também verdadeiro que não há, por certo, nada realmente inato em nós, que odeie ou queira odiar.

Então, por que vemos tanta injustiça, intolerância, fanatismo, preconceito e desumanidade no mundo? Além disso, por que, tantas vezes, parece tão difícil amar? A resposta talvez seja por termos erroneamente identificado o preconceito, a intolerância, ou o ódio como parte de nós ou de outros e termos interpretado mal o que devemos amar em nós e nos outros.

No incidente relatado a seguir, quem odiou e o que foi amado? A cena transcorre no jardim de Getsêmani. Judas se aproxima, para trair Cristo Jesus. Contudo, Mateus nos conta que, quando Jesus vê Judas, dirige-se a ele como "amigo". Mateus 26:50. Momentos depois que os soldados prendem Jesus, um dos discípulos corta a orelha do servo do sumo sacerdote. Lucas descreve a reação instantânea de Jesus: "Tocando-lhe a orelha, o curou." Ver Lucas 22:50, 51.

O que ocorre nessa surpreendente história de traição e sangue, cura e amor? Justamente quando a cena toda pode explodir em violência, há cura e amor. Como é isso possível?

Talvez possa ser explicado por algo que aconteceu antes, naquele entardecer. Foi naquela mesma noite que Jesus (sabendo tudo o que estava para suceder nos dias seguintes) deu a seus discípulos seu novo mandamento. Ele disse: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros." João 13:34. Tal situação (pelo fato de esse mandamento ter sido dado quando Jesus estava enfrentando o ódio de todo o mundo) torna esse mandamento ainda mais significativo para mim, pois derrama notável luz sobre nossas perguntas anteriores: "Quem odiou?" e "O que foi amado?"

A reação de Jesus ao fanatismo e á intolerância que enfrentou, naquela noite, de modo nenhum sugeria que os criminosos reais eram certas pessoas. Sugeria, outrossim, a possibilidade de que somente o ódio odeia. Mas você pode estar pensando (como eu pensei quando essa idéia pela primeira vez me ocorreu) que essa resposta não é suficiente! Acaso o ódio não odeia por meio de pessoas?

O ódio odeia, sim, através da mente mortal, ou seja, de uma mentalidade mortal. (Você pode pensar que a mente mortal é feita de todas as sugestões que não vêm de Deus.) Porém, aqui não se deve concluir que essa mentalidade, ou seja, a mente mortal e seu ódio, vinham de Judas ou do impulsivo discípulo que cortou a orelha do servo.

O ódio, em realidade, nunca vem de dentro e nunca é sentido interiormente. As sugestões que vêm dessa mentalidade mortal, não são realmente nosso pensamento, elas apenas pretendem sê-lo. A mente mortal, continuamente, incita-nos a dar pensamento e identidade às sugestões, que não têm, por si mesmas, pensamento nem identidade, porque não derivam de Deus, a única Mente verdadeira e divina. Esse fato básico é a solução para pôr fim ao ódio. Consiste em recusar-nos a dar pensamento, identidade ou poder àquilo que é, em última análise, desprovido de pensamento, de poder e de identidade genuína.

A mente mortal é ela mesma, por assim dizer. É feita de sua própria falsidade. Por ser falsa, deve ser reconhecida e tratada como nulidade. Por não ser nada, não pode, nem mesmo uma vez, ter sido real, poderosa ou pessoal. O mais flagrante logro da mente mortal é reivindicar ser algo, isto é, sua pretensão de ser ela o nosso eu e de nos governar.

Portanto, ver alguém como a causa do ódio é dar realidade ao logro da mente mortal. Esse erro pretende perpetuar o ódio, tentar-nos a gastar nossas energias em atribuir culpa a indivíduos, em vez de reconhecer mais completamente o mal como o "mentiroso e pai da mentira" João 8:44. do qual Jesus falou. Tal confusão nos leva a atacar pessoas e tentar destruí-las, em vez de, com sabedoria, aprendermos a refutar a mentira e o logro do mal.

Ora, não há dúvida de que seguir o exemplo do Mestre, diante de todo o preconceito, o fanatismo e a maldade do mundo, é uma exigência bastante intensa. Mesmo assim, a reação de Jesus, frente a tão surpreendentes acontecimentos como os de Getsêmani e do Calvário, indica que seu novo mandamento continha os elementos que lhe permitiam identificar o culpado verdadeiro (a mente mortal), para destruir essa mentalidade mortal ou esse modo de pensar e continuar a curar seu próximo.

No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: "Amar o próximo como a si mesmo é uma idéia divina; essa idéia, porém, jamais pode ser vista, sentida, ou compreendida pelos sentidos físicos." Ciência e Saúde, p. 88. Portanto, não será o novo mandamento de Jesus uma exigência para que sejamos governados por algo totalmente à parte do sentido físico? Não será uma exigência para que sejamos governados pelo Cristo? Era ao Cristo que Jesus recorria, em todas as circunstâncias. Sua personificação do Cristo manteve-o confiantemente seguro do controle do Amor divino, Deus. Isso impediu-o de odiar, impediu-o de consentir em ser governado por algo que não fosse Deus.

Pelo poder do Cristo, Jesus foi capaz de amar sob as mais desafiadoras circunstâncias. Mas o que Jesus amou naquela noite em Getsêmani? Amou o que havia amado durante toda a sua missão, não mortais doentes, pecadores e insensatos, mas o verdadeiro eu do homem como filho de Deus. Ciência e Saúde define esse ideal nos mais maravilhosamente práticos termos: "Cristo é a idéia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana. O Cristo é incorpóreo, espiritual — é a imagem e semelhança divina, que dissipa as ilusões dos sentidos; é o Caminho, a Verdade e a Vida, que cura os doentes e expulsa os demônios, que destrói o pecado, a moléstia e a morte." Ibid., p. 332.

O que torna tão difícil, às vezes, amar nosso próximo, e quanto mais nosso inimigo, é a interpretação errada daquilo que Jesus estava nos pedindo para amar. Jesus não nos pedia para amar os indesejáveis traços de caráter da mente mortal. Não nos pedia para amar a injustiça, o preconceito, o fanatismo ou o ódio. Nem nos pedia para tolerar tais mentiras. O novo mandamento de Jesus era um convite para ver e amar o Cristo, a verdadeira idéia de Deus. Era um convite a atender ao apelo do Cristo, sempre presente na consciência humana, esse Cristo "que dissipa as ilusões dos sentidos".

É seguro ser governado pelo Cristo, atender inteiramente às divinas mensagens de Deus, pois essas mensagens silenciam as sugestões destrutivas da mente mortal. E elas sempre, sempre provêm uma saída não convencional, pode-se dizer. Não teria sido essa reação divinamente inspirada que salvou tanto o discípulo como o servo do sumo sacerdote, não, em primeiro lugar, um do outro, mas da mente mortal?

Inerente a cada situação em que talvez nos encontremos, está a reação divinamente inspirada. Não é uma voz alta, clamorosa, exigente, reacionária. Não é a voz da multidão. Não é a voz da mera vontade e interesse próprios. A reação divinamente inspirada é um cicio tranqüilo e suave que dissolve o ódio com o amor; que silencia a confusão com a calma; que apazigua o medo com a compreensão; que cura.

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