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Paz: dádiva do Cristo

Da edição de dezembro de 1992 dO Arauto da Ciência Cristã


Cristo Jesus Sempre esteve associado à paz. Ao nascer em Belém, anjos proclamaram: “Paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem.” A profecia havia anunciado o Salvador como o “Príncipe da Paz”. Perto do fim de sua carreira terrena, deixounos uma dádiva muito especial, dizendo: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou”. Pense nisso! O Mestre deixou-nos, como seu legado, a mesma paz crística que demonstrara em sua existência.

Ao deixar-nos sua paz, o Mestre também disse: “Não vo-la dou como a dá o mundo” (João). Ele não estava se referindo apenas à paz humana ou à ausência de guerra. A paz de Jesus tinha substância real, era permanente. Perante a multidão enfurecida ou diante de teólogos hipócritas, mesmo durante seu julgamento e crucificação, ele permaneceu em paz. Dele emanava uma paz que influenciava profundamente os que estavam ao seu redor.

Em certa ocasião, Jesus e os discípulos estavam no mar da Galiléia, quando foram surpreendidos por uma tormenta. O Mestre não se assustou. Aliás, dormia na parte de trás do barco. Quando o barco começou a encher-se de água, os discípulos ficaram com medo e despertaram o Mestre. Disseram-lhe, em suma: “Desperta e vê a nossa tormenta!” Mas Jesus não olhou para a tormenta que eles viam. Em vez disso, fez com que olhassem para a paz que ele conferia. Acalmou a tormenta. Restaurou a paz! (Veja Marcos 4:36-41.)

Onde encontrava ele essa paz? Em Deus. Paz, alegria, harmonia, não são invenções humanas. Elas estão em Deus e procedem dEle. Jesus não aceitou a tormenta como se fosse um fator externo sobre o qual não tinha controle. Ele aceitava a paz de Deus como sendo a única realidade. E os discípulos, estando no mesmo barco, como diz o refrão popular, saíram beneficiados por essa paz.

Nesse caso, a ameaça à paz proveio dos elementos da natureza. Em outras ocasiões, a intrusão pode ser proveniente das ações de alguém. Quantas vezes não pensamos: “Tudo vai ficar bem tão logo fulano deixe de agir assim.” Essa é uma armadilha. Faz-nos procurar a paz “lá fora” em vez de em nossa própria consciência.

O Mestre estava nos mostrando que a paz está sempre ao nosso alcance. Onde encontrá-la? Em nossa consciência, tão próxima como o pensamento. Como é que ela chega à consciência? Deus a está constantemente provendo. O Salvador enfatizou que o reino dos céus está “próximo”. Por meio de suas muitas curas, ele provou que podemos sentir o reino de Deus, a realidade divina sob Seu governo, aqui e agora mesmo. Jesus nunca deu a entender que esse reino estava num lugar distante para ser alcançado numa data futura. Ele até nos assegurou que o reino do céu estava dentro de nós, em nossa consciência e por isso era demonstrável em nossa vida. A paz e todos os atributos permanentes do reino de Deus já fazem parte da consciência espiritual e a oração os traz à luz em nosso viver diário.

A palavra paz aparece cerca de quatrocentas vezes na Bíblia. Na verdade, há várias palavras que foram traduzidas por “paz”. A mais usada no Novo Testamento significa “um” ou “tornar um”. Nas afirmações registradas do Mestre se faz presente de contínuo este tema: sua união com o Pai. Falava a Deus do modo como a maioria de nós fala a alguém presente. Ele disse que só fazia o que via o Pai fazer e com muitas outras afirmações mostrou ser inseparável de Deus.

Há inúmeros nomes bíblicos para Deus, que nos ajudam a entendê-Lo melhor, tais como: Pastor, Criador, Edificador, Espírito, Amor e muitos outros. Na Ciência Cristã, um outro nome é Mente, que indica Deus como a fonte de toda inteligência ou consciência genuína. Se pensamos em Deus como Mente e no homem como idéia dessa Mente, vislumbramos a união do homem com Deus. Deus e o homem são inseparáveis como causa e efeito. Jesus sabia disso. Sabia que nunca poderia ser separado de Deus nem de Sua paz. E nem o podemos nós.

Em certa época, eu era chefe de um departamento acadêmico numa universidade. Minha maior dificuldade, como ocorre com freqüência, era lidar com pessoas. Em geral, tudo corria bem. Mas, de vez em quando, algum assunto dividia os funcionários do departamento em facções.

Lembro-me muito bem de estar me preparando para uma reunião com todos os professores, durante a qual seria discutido um assunto que já havia originado debates acalorados. Antes de ir para a reunião, orei. Fiz o que muitas vezes faço em situações difíceis. Perguntei-me o que Cristo Jesus faria em situação semelhante. Ele teria olhado para além das aparências exteriores. Onde apareciam facções beligerantes, ele teria orado para ver o homem criado por Deus. Esse homem, de acordo com o primeiro capítulo da Bíblia, é feito à imagem de Deus. Esse homem expressa, sem esforço, a natureza divina, inclusive a paz.

Graças à minha oração, comecei a perceber que estávamos todos na presença de Deus, que éramos inseparáveis dEle e de Sua paz. Compreendi que Deus era a única inteligência presente. E assim aconteceu. A reunião foi harmoniosa e encontramos uma solução satisfatória, de modo bem natural e pacífico.

Cristo Jesus ensinou muito à humanidade, acerca da oração. O que dava potência às suas orações? Uma presença divina nele capacitava-o a perceber o que era verdadeiro acerca de Deus e do homem. Permitia-lhe curar e fazer muitas obras maravilhosas. Essa presença era o Cristo.

O Cristo é muito mais do que outro nome para Jesus. É mais um título do que um nome. A palavra grega Christos é o equivalente à palavra hebraica Messias. Ambas significam “o ungido”. Jesus foi ungido por Deus para expressar o Cristo. Mas o Cristo não estava confinado aos dias de Jesus. O Cristo é uma presença tão perene e eterna como o próprio Deus.

O Cristo é a incessante mensagem de Deus para cada um de nós e todos temos a capacidade dada por Deus de ouvir e compreender o que o Cristo está nos dizendo. Deus se manifesta e restaura nossa saúde e paz por meio de sua verdadeira idéia, o Cristo.

Frente a ameaças de perigo, ou desastre, ou guerra, o Cristo nos assegura que Deus e Sua criação, inclusive o homem, são indestrutíveis e permanentes. Uma das maiores realizações da Sra. Eddy, Fundadora da Igreja de Cristo, Cientista, foi expor a extrema relevância do Cristo para esta época científica. Escreve ela em sua obra principal, Ciência e Saúde: “O Cristo apresenta o homem indestrutível, a quem o Espírito cria, constitui e governa.” Por meio de sua crucificação e ressurreição, o Salvador demonstrou a natureza inalterável do homem.

Foi o Cristo que habilitou o ungido de Deus a ser o “Príncipe da Paz”. Habilitou-o a dizer ao mar “Acalma-te, emudece.” Ainda hoje o mesmo Cristo está presente para sustar o mar encapelado da violência, do terrorismo e da guerra. O Cristo atua na consciência humana, desvendando e destruindo as causas desses fatores, ou seja, o materialismo, o egoísmo, a cobiça.

O mesmo Jesus que nos deixou sua dádiva de paz também disse: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mateus). O Cristo, a verdadeira idéia do bem, traz a espada a todo o mal, a qualquer noção falsa de paz no pensamento material. Não alcançamos paz por nos comprometermos ou conformarmos com os caminhos do mundo. O materialismo não quer ser perturbado e grita: “Paz, paz; quando não há paz” (Jeremias). Mas a inércia não é paz, assim como não a são a apatia ou o sono.

A paz não virá enquanto cruzarmos os braços e ficarmos à sua espera. Temos de orar e trabalhar por ela. No sermão do monte, o sermão mais profundo já pregado, o Mestre declarou: “Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.” Na Ciência, o homem já é o que Deus continuamente o faz ser: Seu filho, Sua semelhança. Mas para sermos pacificadores eficazes, precisamos começar a ver-nos como filhos de Deus e então estaremos aptos a ver outros na mesma luz.

Isso requer oração constante e profunda e um esforço genuíno para amar nosso próximo como a nós mesmos e vermos que tanto nós como nosso próximo somos semelhantes a Deus. Também requer que nos recusemos a aceitar como veraz tudo o que seja dessemelhante de Deus, acerca de nosso próximo. Exige que nos afastemos do materialismo, do sensualismo e de tudo que negue a totalidade de Deus e também que sigamos o Cristo.

A Sra. Eddy era fiel seguidora do Príncipe da Paz, mesmo quando tinha de lidar com aqueles que se consideravam seus inimigos. Uma de suas auxiliares relatou certa vez um incidente em que a Sra. Eddy parou por um breve momento, antes de entrar numa sala na qual uma reunião extremamente hostil se realizaria. Após a reunião, uma pessoa que trabalhava com ela perguntou-lhe por que ela hesitara antes de entrar na sala. A Sra. Eddy respondeu: “Eu estava esperando que o Cristo entrasse primeiro.” Ver Julia Michael Johnston, Mary Baker Eddy: Her Mission and Triumph (Mary Baker Eddy: sua missão e seu triunfo); Boston: The Christian Science Publishing Society, 1974, pp. 165—166.

Acaso entramos em cada casa ou estabelecimento como pacificadores? Acaso participamos de cada conversa, discussão, ou transação comercial como pacificadores? Deixamos sempre o Cristo entrar antes de nós?

Há uma paz permanente e cada um de nós tem a obrigação de dar sua própria contribuição para ajudar a humanidade a alcançar essa paz. Para começar, deixemos a luz do Cristo brilhar em nós e a paz que o Mestre nos legou se tornará uma realidade “na terra como no céu.”

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