“Eu não tenho uma amiga íntima como as outras meninas, por isso não tenho um lugar especial para sentar e sinto-me deslocada.”
, sexta série
“As outras crianças não gostam da Jenny. Se eu for boazinha com Jenny, elas dizem que não vão mais gostar de mim.”
, quinta série
Eu tenho duas amigas. Elas dizem que gostam de mim, mas no dia seguinte me tratam mal, sem nenhum motivo. Não tenho mais nenhuma outra amiga a quem recorrer.”
, sexta série
Muitas vezes, a amizade parece uma montanha russa, cheia de altos e baixos. Os amigos nos fazem sentir felizes e depois, de um momento para o outro, deixam-nos arrasados. Apesar de tudo, ter amigos parece ser a coisa mais importante do mundo.
Quando eu estava na sexta série, queria ter uma amiga. Não do tipo instável, mas uma amiga de verdade. Eu sofria muito por ver como as pessoas eram instáveis e imprevisíveis. Achava que uma amiga deveria ser mais parecida com minha cadelinha Betsy; ela sim que era amiga de verdade!
Betsy estava sempre esperando por mim, quando eu chegava em casa e sempre fazia festas quando me via. Gostava de mim sempre do mesmo jeito, todos os dias. Não fazia diferença se eu estava alegre ou triste, suja ou perfumada, satisfeita ou não comigo mesma. Ela simplesmente gostava de mim porque eu era eu e tinha chegado em casa.
Betsy era assim com todos. Quando nós não estávamos em casa, ela ia visitar os vizinhos e ficava lá fazia festas para eles, até nós voltarmos. Houve um dia em que a encontramos na frente de casa, abanando o rabo e feliz, sentada ao lado do homem da carrocinha. Ele a abraçava, como amigo de longa data. Ela sempre fora tão amigável com ele, que ele não tivera a coragem de levá-la ao canil da prefeitura, quando a encontrou vagabundeando pela rua.
Por algum motivo, as pessoas não têm a mesma facilidade para serem fiéis às amizades. Aliás, isso às vezes parece até impossível, mas podemos recorrer à ajuda de Deus. Quero dizer, quando oramos, sentimos Seu amor. Sentimo-nos próximos dEle e de nossos ideais e qualidades espirituais, e isso nos ajuda a vencer os altos e baixos e a expressar um amor mais puro. O homem criado por Deus, que é o que nós somos em realidade, sempre tem a capacidade de amar e de sentir-se completo.
Às vezes penso na maneira como Cristo Jesus amava, com tanta pureza. Ele deve ter se sentido completamente aos cuidados de Deus, o Amor divino. Sem dúvida ele sabia como é o Amor verdadeiro, não uma emoção que vai e vem ou que tem altos e baixos, mas sim um poder presente, forte.
Jesus deu provas de que é possível sentir o amor de Deus até em meio a circunstâncias terríveis. Ele mesmo viveu esse amor.
O Mestre amava a todos. Ele amou o leproso intocável a ponto de tocá-lo e curá-lo. Ele amou a mulher que havia pecado ao cometer adultério, a qual os escribas e fariseus queriam apedrejar. Com tal amor ele a perdoou e disse-lhe para ir e não pecar mais. Ele amou tanto, a ponto de até curar a orelha de um daqueles que tinham vindo prendê-lo para o crucificar. Jesus simplesmente seguia amando.
Sempre imaginei que eu poderia ir até Jesus, a qualquer hora, em qualquer lugar e, quer eu estivesse feliz quer triste, saudável ou doente, quer eu fosse boa quer má, ele também me amaria o bastante para me consolar, curar ou corrigir. Como ele compreendia que Deus é Amor e sentia o amor de Deus pelo homem, o Mestre conseguia ele mesmo expressar esse amor, quer estivesse com seus queridos discípulos quer estivesse sem nenhum amigo no mundo. O Amor era o seu amigo, e isso fazia com que ele se sentisse seguro em todas as situações.
Lembro-me de uma vez em que consegui provar que o amor e o controle de Deus estavam presentes numa situação em que havia muito ódio e injustiça. Certo dia, uma garota de minha classe, na sexta série, resolveu fundar o “clube dos inimigos de Joan”. Eu não havia feito nada que justificasse sua raiva por mim. Ainda assim, Peggy conversou com todos os garotos e garotas da classe, um por um, e contou-lhes coisas horríveis a meu respeito. Logo aconteceu que a maioria na classe não queria mais brincar comigo no recreio, nem sequer me tratava com delicadeza.
Foi um período difícil, de muita confusão. Eu, porém, voltei-me para Deus e orei da melhor maneira que sabia. Veio-me claramente a idéia de que eu deveria continuar sentindo amor por Peggy e procurei manter meus pensamentos calmos e puros.
Isso prosseguiu por alguns dias. Aí a mãe de Peggy ficou sabendo da existência do clube e telefonou a minha mãe. Esta falou comigo quando cheguei em casa. “Você deve perdoá-la”, disse mamãe. Respondi-lhe que já a havia perdoado em meu coração. Mamãe sabia que eu estava sendo sincera. Depois de nossa conversa, nós duas nos sentimos melhor. Sentimos paz, apesar da situação, sabendo que Deus, o Amor divino, estava cuidando do caso.
Logo no dia seguinte, todos os colegas de classe, vinte e cinco meninos e meninas, inclusive Peggy, vieram à minha casa depois da aula e convidaram-me para jogar bola. Que mudança! Naturalmente, o clube acabou ali.
No livro-texto da Ciência Cristã, a Sra. Eddy nos deu um novo nome para Deus: “Nosso Pai-Mãe Deus, todo-harmonioso”. O livro-texto da Ciência Cristã é Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, em que a Sra. Eddy dá o significado espiritual da Oração do Senhor. Tenho certeza de que compreender Deus como sendo nosso querido Pai-Mãe, que sempre nos ama, faz com que nos sintamos mais como irmãos. Sem dúvida, elimina o medo com relação aos amigos.
