Durante Alguns Anos, fomos alertados para o fato de que a economia de nosso país passaria por uma hiperinflação, acompanhada por suas calamitosas conseqüências. Meu marido estava desempregado e decidiu montar sua própria firma. Iniciamos um negócio encantador em nossa região, bem no centro da cidade, em uma esquina situada entre duas ruas comerciais.
Certa manhã, na primeira semana de funcionamento da loja, vi algumas pessoas passarem correndo. As lojas vizinhas estavam fechando as portas. As pessoas que passavam por ali aconselhavam-nos a fechar também, porque havia desordeiros que estavam saqueando lojas e destruindo tudo o que encontravam pelo caminho. Pensei: “Será que esta é uma das conseqüências da hiperinflação?” Se for, existe outra influência, atuando justamente aqui nesta comunidade: é a oração dos membros de nossa Igreja de Cristo, Cientista. Nossa igreja, provavelmente como muitas pessoas residentes em nossa comunidade, orava para curar a agitação que se verificava no país. Essa influência que crescia e se espalhava, ponderei, estava em ação, ajudando a minorar a confusão e a ansiedade. Nem o medo manifestado pelos negociantes nem o medo manifestado pelo povo estavam fora do alcance do poder curativo do Amor divino, Deus.
Os comerciantes vizinhos sugeriram a meu marido que ele retirasse a mercadoria de nossa loja e assim o fizemos. Tomamos o caminho de casa, ambos em silêncio. Eu sabia que meu marido estava orando. Ele me disse que precisávamos orar mais a fim de ter a certeza do governo e da proteção de Deus pois, como o Salmista diz: “O que habita no esconderijo do Altíssimo, e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.”
A televisão noticiou a agitação e os lugares onde houvera mortos, mas não disse nada sobre nossa cidade. Sugeri a meu marido que fôssemos verificar se nada havia acontecido à nossa loja. Quando saímos, a cidade estava deserta e as lojas fechadas. No dia seguinte as lojas reabriram, inclusive a nossa. Colocamos novamente a mercadoria em seu lugar. Naquela tarde, vimos pessoas passarem correndo e gritando: “Eles vêm vindo novamente! Eles vêm vindo!” Mais uma vez as lojas foram fechadas e as pessoas que trabalhavam em escritórios na região foram dispensadas. Todos diziam que eles agora vinham armados com paus. Meu marido e eu nos olhamos e exclamamos: “Basta!” Meu esposo disse então que a mercadoria ficaria onde estava.
Senti medo quando vi uma jovem mãe correndo com seu filhinho nos braços. Pensei em meu filho e em minhas sobrinhas, que estavam sob minha guarda, quando vi um grupo de estudantes secundários passar correndo. “O que estou fazendo?” pensei. “Estou permitindo que o mesmerismo e a psicologia do pensamento coletivo me governem ou vou reconhecer aqui mesmo e agora que a harmonia é o real e a discórdia o irreal’, como a Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde?” A frase completa diz: “O sentido humano talvez se admire da discórdia, ao passo que, para um sentido mais divino, a harmonia é o real e a discórdia o irreal.”
Fiz a mim mesma muitas perguntas, enquanto observava as pessoas correndo e ouvia as sirenes de ambulâncias e carros de polícia. Eu me lembro que, uma a uma, as seguintes perguntas e respostas me vieram ao pensamento:
Por que é que meu marido e eu estamos aqui?
Para colocar em prática o que estamos aprendendo como estudantes da Ciência Cristã; para aplicar o que conhecemos da Verdade, Deus, nesta época de tantos desafios para nossa cidade e para nosso país.
Como é que meu semelhante e eu estamos relacionados com Deus?
O homem é a idéia espiritual de Deus, o reflexo imediato de Seu pensamento, o Seu filho amado. Ele está a salvo, é puro e imortal.
Por quê?
Porque Deus criou o homem à Sua semelhança. Criou o universo perfeito, completo, harmonioso. A Bíblia diz, de muitas maneiras diferentes, que tudo o que Deus criou é bom e é como Ele, como o Espírito, isto é, inteiramente espiritual.
Este país está incluído no plano perfeito de Deus?
Este país pode sentir a bondade e a paz porque a natureza real do homem e de toda a criação consiste em bondade, paz e união.
Por que há essa desordem?
O que eu estou vendo é a exteriorização da crença em medo, imoralidade, desonestidade irrestrita, desamor e corrupção. Porém a discórdia, o caos são o oposto hipotético do maior bem, Deus. Sua pretensão de opor-se a Deus, que é o bem todo-poderoso e onipotente, mostra que eles não devem ter nem poder nem presença real.
Como podemos parar essa agitação ou escapar dela?
Reivindicando a pureza moral e a força espiritual que pertencem ao homem como expressão de Deus e reconhecendo que a lei divina está em ação, governando minha consciência e também a de todos.
Com profunda humildade afirmei para mim mesma e para as outras pessoas a paz do Amor infinito que tranqüiliza e acalma. Com o auxílio dessa oração, adquiri maior convicção de que o homem está seguro, pois é o reflexo da Mente divina, Deus. Senti conforto nestas declarações de Cristo Jesus: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.... Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”
Pensei comigo mesma: “Não posso passar por uma situação que Deus não conhece. A semelhança de Deus é pura e inofensiva. O homem não pode estar exposto à violência, que não tem autoridade sob a luz do todopoder divino. Não temerei mais nada, já que Deus está comigo.”
A volta para casa, com meu marido, foi tranqüila. Alguns dias depois ficamos sabendo que, em toda a área central de nossa cidade, nenhuma vitrina havia sido quebrada e as pessoas que haviam praticado saques em outros lugares nem sequer haviam chegado àquela parte da cidade. Os comerciantes vizinhos acharam graça de terem tido tanto medo. Meu marido e eu aprendemos que permanecer em silenciosa comunhão com Deus durante a desarmonia traz tranqüilidade, calma e uma perceptível sensação do amor de nosso Pai-Mãe Deus.
