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Não vivemos num mundo descartável

Da edição de junho de 1992 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando Uns Amigos de outro país nos visitaram nos Estados Unidos, perguntei-lhes que conselho dariam aos americanos. Pensaram um pouco e disseram: “Parem de desperdiçar.”

A seguir, contaram uma piada que tinham ouvido. Um visitante americano foi à janela jogar alguma coisa fora, mas debruçou-se demais e caiu dentro da lata de lixo que estava em baixo da janela. Nesse instante, passavam dois amigos e um disse ao outro: “Assim é que são os americanos. Jogaram fora esse homem tão jovem, que tem pelo menos mais uns vinte anos de vida!”

Demos uma boa gargalhada, mas não foi fácil rir, pois ficou claro que mudar nosso modo de vida exige muito esforço.

Talvez fosse mais fácil não dar importância à questão toda da pouca durabilidade dos produtos e equipamentos, do desperdício e da complacência, se não sofrêssemos no dia-a-dia o impacto da cultura do “artigo descartável”. Ela nos faz pensar que, se algo não nos presta mais serviço ou não nos proporciona prazer imediato, podemos simplesmente substituí-lo por alguma outra coisa. Com essa mentalidade, poderíamos dizer que uma comunidade, um emprego ou uma cidade podem adquirir a dimensão de “objeto” e ser descartados de nossa vida, se não nos agradarem mais.

Se nos habituamos a seguir essa linha de pensamento, ficamos propensos a considerar “descartáveis” os sem-tetos, os moradores de regiões subdesenvolvidas os pacientes de AIDS (Sida), os jovens delinquentes, os indigentes, os membros de grupos raciais com que não nos identificamos, etc. Talvez seja esse tipo de atitude que acaba se infiltrando sutilmente nas questões do aborto, eutanásia, abandono de crianças e idosos, suicídio.

No entanto, um mundo muito diferente é descrito nos Evangelhos. Cristo Jesus não menosprezou ninguém. Para ele, ninguém era descartável. Mesmo na cruz, não desprezou seus opressores. “Pai,” disse ele, “perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” De certa forma, é claro que eles sabiam o que estavam fazendo mas, de outro ponto de vista, ignoravam completamente a enormidade de seu ato. Pelo que conhecemos da vida do Mestre, é possível observar o poderoso efeito da compreensão que ele tinha de Deus como seu Pai, inseparável dele e de cada um de nós. Essa compreensão de Deus como Pai sempre presente, que provê por nós, possibilitou-lhe dar provas concretas de que Deus é o Amor divino infalível. Esse Amor sempre presente dá valor inestimável à vida e a cada um de nós.

A história de Adão e Eva é significativa para os dias de hoje. Essas figuras alegóricas representam a ignorância espiritual, um estado de subdesenvolvimento moral e espiritual que não tem nenhum apreço pela verdadeira natureza do homem como a imagem e semelhança de Deus. O resultado é que essa existência aparentemente idílica não tem estabilidade alguma, é uma quimera destinada a terminar em calamidade. No entanto, uma das importantes lições da alegoria é o fato de que essa fábula não representa a condição final do gênero humano. Da mesma forma, a situação problemática em que a sociedade consumista vive hoje, com sua disposição exagerada de descartar coisas, não é tampouco o fim da linha para a humanidade.

A solução para o desperdício e a escassez é direta e possível de ser obtida: devemos dar uma guinada em nosso modo de vida, agora mesmo. Isso significa, porém, começar com uma nova compreensão de que o homem, à imagem e semelhança de Deus, é espiritual e não é maculado pelos fracassos e fraquezas da humanidade. Assim é nossa genuína identidade e a partir do momento em que nos apercebemos disso, compreendemos que as pessoas são merecedoras de nosso sincero esforço de trazer à luz essa verdadeira identidade por meio da cura e da regeneração. A necessidade não é tanto de nos desfazermos de objetos, apesar de talvez chegarmos à conclusão de que podemos viver de maneira mais simples, com a atenção mais voltada para o bem-estar de nosso semelhante. O que realmente se faz necessário é o reconhecimento de que nosso semelhante é completamente capaz de conhecer e expressar inteireza e inteligência espirituais. É essa capacidade espiritual que a cura pela Ciência Cristã demonstra. Não se trata de pôr “remendos” nas pessoas, mas sim da própria revelação de nossa verdadeira natureza como reflexo de Deus. Nos termos do Novo Testamento, é a vinda do reino de Deus.

Não há dúvida de que tal mudança requer coragem, muita coragem e trabalho árduo para que abandonemos os maus hábitos, a indiferença e a resistência à mudança. Mas é exatamente isso o que o verdadeiro cristianismo provoca, pois ele é acionado pela energia, luz e poder do Amor divino! Se há alguma coisa que precisamos descartar, é o cinismo e o temor de não sermos capazes de dar esse passo. Essa limitação, que impomos a nós mesmos, transforma-nos em escravos; no entanto, ninguém, em sã consciência, deseja ser escravo. A liberdade e a afeição espiritual que Deus nos outorgou preservam, em vez de destruir. A mais potente verdade do mundo é esta: o homem é o filho espiritual de Deus e é infinitamente valioso.

A Sra. Eddy escreveu: “Não foi um método avançado da mente humana que fez com que Jesus surgisse, mas sim, a subjugação de tais métodos e o puro coração que reconhece a Deus” (Miscellaneous Writings). Como resultado, Jesus viu, em cada indivíduo, a realidade da semelhança de Deus que o autor da Epístola aos Efésios denomina o “novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.”

Quando compreendemos que esse novo homem constitui a verdadeira identidade nossa e dos outros, vislumbramos um mundo novo. Então percebemos por que a humanidade é merecedora de nosso amor e digna de ser salva; entendemos também como esse objetivo é alcançado por meio de uma espiritualidade maior e de um cristianismo compassivo. A transformação do mundo leva bastante tempo, mas a transformação de uma comunidade, de um bairro ou de uma família pode processar-se num espaço de tempo muito mais curto. Em nossa própria vida podemos dar uma virada de um dia para outro. À medida que nos transformarmos, compreenderemos como as pessoas que têm o pensamento espiritualizado podem ser a vanguarda de uma revolução que cura e salva.

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