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Idéias que transformam o mundo

Um novo ponto decisivo no progresso das nações

Da edição de maio de 1993 dO Arauto da Ciência Cristã


Não precisamos pautar o futuro do desenvolvimento internacional por pontos de vista conflitantes sobre recursos naturais e estilos de vida. Estamos à beira de uma mudança decisiva, em que essa forma de pensar, tão aceita, pode ceder a uma perspectiva mais universal e mais espiritual. É esse o ponto de vista do vice-presidente da representação argentina na Associação Internacional para o Desenvolvimento, o maior órgão das Nações Unidas. Na área do desenvolvimento, ele já trabalhou na Organização Internacional do Trabalho, na Organização dos Estados Americanos e atuou como consultor para a Organização de Alimentação e Agricultura da ONU. Nesta entrevista, ele fala de algumas experiências que o fizeram chegar a um novo ponto de vista sobre esse assunto.

Como é que o senhor se tornou um profissional em relações internacionais? Embora eu tivesse me formado em economia e direito e já estivesse exercendo minha profissão, meu interesse pelas relações internacionais surgiu depois de eu conhecer a Ciência Cristã.Christian Science (kris´tiann sai´ennss) Até então, meu universo era muito limitado. Eu me interessava pelo que se passava no mundo, mas o estudo da Ciência Cristã ampliou o foco de meus interesses e preocupações.

Comecei a perceber que, se realmente há uma única Mente divina e se essa mesma Mente governa o homem e o universo, então é necessário traduzir essa compreensão em termos humanos. Para tanto, precisamos compreender como as pessoas e a comunidade internacional se relacionam entre si. Esse foi meu principal motivo para entrar no campo das relações internacionais.

Muitas pessoas sentem-se desanimadas com as condições em que o mundo se encontra. Como o senhor ora para conseguir lidar com esse desânimo? A Ciência Cristã capacita-me a enfrentar o pessimismo onde ele se origina, isto é, no pensamento. No campo do desenvolvimento, surgem muitas teorias pessimistas sobre a escassez de recursos naturais. Afirma-se que a vasta população do mundo não pode ser sustentada de modo adequado. Do ponto de vista puramente material ou das ciências sociais, as possibilidades de se resolver esses dilemas são tragicamente limitadas. Em outras palavras, nem a geografia, nem a economia e nenhuma das ciências sociais fornecem uma teoria adequada para o problema do desenvolvimento.

Parece-me, contudo, que o verdadeiro desenvolvimento está mais relacionado com a metafísica do que com aquilo que é físico. As ciências humanas conduzem ao cepticismo e ao desânimo, como se a presente situação fosse irreversível, como se houvesse países destinados a serem prósperos e outros condenados à pobreza. No entanto, podemos inverter essa visão céptica sobre o mundo, mediante a confiança na verdade espiritual de que há uma única Mente que guia a cada um e a todos, tanto os países desenvolvidos, quanto os em desenvolvimento.

Com freqüência observo que as pessoas têm muito medo. Os que mais temem são os ricos, ou seja, a Europa, que tem receio de ser invadida por migrantes do leste e do continente africano e teme a extrema pobreza. Creio que os Estados Unidos também têm um medo enorme de serem imperceptivelmente invadidos por algo que lhes possa vir a causar dano. Esses temores têm de ser enfrentados a partir de uma perspectiva metafísica, espiritual. Creio que em tudo isso há um vasto potencial para a cura, por meio daquilo que tenho aprendido na Ciência Cristã.

Qual a razão para esse sentimento de esperança? Há muitos anos, passei pela experiência do exílio. Minha família e eu tivemos de deixar nosso país devido a condições relacionadas com a intolerância política e a violência social. Quando partimos, deixei para trás tudo aquilo que para mim significava segurança. Eu era, na ocasião, um profissional bem sucedido e, de repente, vi-me num deserto, pelo menos era essa a impressão que eu tinha, sem nenhuma segurança.

Durante algum tempo, trabalhei para uma organização internacional em outro país. Mas chegou o dia em que o contrato expirou. Não podia permanecer mais naquele país nem podia voltar para minha terra natal. Senti-me na mesma situação em que estavam os filhos de Israel diante do Mar Vermelho, perseguidos pelos egípcios: parecia que eu estava paralisado de medo.

Pensei nas curas de paralisia realizadas por Jesus. Pensei na paralisia em termos metafísicos — a incapacidade de pensar claramente, o sentimento de estar aterrorizado, temor pelo bem-estar de minha família. Um dia, no meio dessa crise que parecia não ter solução, encontrei um motorista de táxi que estava à procura de um lugar, num determinado endereço. Como eu precisava de um táxi, concordamos que, após ele achar o local que procurava e lá se demorar cinco minutos, levar-me-ia aonde eu precisava ir.

O lugar que ele estava procurando era uma Sala de Leitura da Ciência Cristã. Quando voltou, mostrou-me um livro intitulado Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy e perguntou-me se eu o conhecia. Respondi que não.

O que mais me surpreendeu, naquele momento, foi a atitude daquele homem. Ele tinha uma aparência pobre e o táxi estava em mau estado. No entanto, esse homem expressava o senso de felicidade e de segurança de que eu carecia. Nessa comparação entre meu estado de espírito e a atitude dele, ele deixou-me com a sensação de que era muito mais rico do que eu. Isso causou grande comoção espiritual dentro de mim e fez-me reavaliar várias vezes meu conceito de riqueza, prestígio e segurança. Mais tarde, como resultado desse pensamento, voltei à Sala de Leitura e comprei uma Bíblia e um exemplar de Ciência e Saúde.

O medo pode nos colocar numa situação em que parece não haver saída, não haver possibilidade de ir adiante, nem de voltar atrás. Eu constatei que a única coisa que podemos fazer é o que eu chamaria de um salto para a frente. Em meu caso, esse salto foi agarrar-me à Ciência Cristã. Isso provocou uma profunda mudança em mim, em minha atitude para com Deus e para com o próximo. Estou convencido de que a partir daí, minha vida se transformou. Comprovei que os caminhos de Deus são infinitos.

O exílio fez com que toda nossa família crescesse de várias formas. Conhecemos novos países, aprendemos outras línguas, adquirimos verdadeiras riquezas, se por riquezas queremos dizer sabedoria e uma perspectiva mais ampla. Meus filhos têm uma visão internacional das coisas. Foram capazes de resolver muito mais cedo do que eu o conceito da universalidade do homem. É interessante ver o modo como eles encaram as notícias sobre o que está acontecendo no Sudeste Asiático, na África ou na Europa. Sentem rapidamente compreensão e amor pelos povos que estão sofrendo.

Antes da entrevista, o senhor se referiu a algo que o preparou para sensibilizar-se tão rapidamente com o homem que pela primeira vez lhe falou da Ciência Cristã, aquele motorista de táxi. Minha paixão era o direito, divido à sua relação com a justiça e a liberdade. Mas quando terminei os estudos, fiquei com a impressão de que a lei era uma estrutura puramente formal. Sob o ponto de vista racional, a lei parecia perfeitamente lógica, mas percebi que ela tanto podia ser usada por um tirano como por uma democracia. A seguir, estudei economia. Mas também não encontrei ali a justiça que procurava. Depois estudei sociologia, que se preocupa mais com a conduta individual e coletiva do homem. Embora não seja fácil explicar, percebi que estava apenas recolhendo fragmentos. O que eu procurava nesses estudos era a tentativa vã do raciocínio humano de dar uma explicação para aquilo que, mais tarde vim a entender, era o desejo de verdadeiramente compreender a Deus e o relacionamento do homem com Ele. Encontrei na Ciência Cristã o que procurara no direito, na economia e na sociologia.

A Ciência Cristã tem sido de grande ajuda em meu trabalho, especialmente sob a perspectiva do serviço público. Por exemplo, como evitar o sensualismo do poder, como compreender que um cargo no governo é uma oportunidade para servir aos outros, e não a nós mesmos. Ou, como não ser influenciado pelo relativismo sociológico: a teoria de que nada é bom ou mau, normal ou anormal, pois tudo depende da freqüência estatística com que um dado comportamento ocorre. Essas são duas tentações que o homem moderno enfrenta. A tentação mais assoladora talvez seja a crença de que não há valores absolutos, de que se pode tomar pequenas doses de uma mistura da verdade com o erro. Nesse ponto, a Ciência Cristã me tem sido particularmente útil. Essa Ciência não procura conciliar a verdade e o erro. Isso é radical, mas a verdade é radical e preenche o vazio ontológico que parece nos desafiar hoje em dia.

Existe esse anseio pela verdade, no mundo de hoje? Existe, sim. O anseio mais freqüente que encontro é o anseio pela verdade, por experimentar a presença de Deus, por sentir que estamos num mundo seguro. Ouvimos falar muito, hoje em dia, de pessoas que vivem na marginalidade, à margem da sociedade. A marginalidade é fruto do conceito de que o homem está separado de Deus, do bem. A forma mais marginalizada de viver é a de acreditar que o homem pode viver separado de Deus. É a partir dessa crença que o conflito se desenvolve. A mente mortal, a mentalidade carnal a que o apóstolo Paulo faz referência no Novo Testamento, apóia-se na teoria do conflito permanente. Pode ser a teoria do conflito entre classes, entre sexos ou entre gerações.

Em meio a tal materialismo, é importante compreender a unidade do bem, a união de Deus e do homem. Se pensarmos no subdesenvolvimento como sendo simplesmente o resultado de certas condições materiais, nunca chegaremos a compreender qual é a verdadeira necessidade. O subdesenvolvimento é essencialmente o resultado de condições mentais. A Ciência Cristã, por sua vez, espiritualiza o pensamento e, para mim, essa é a grande contribuição que ela pode fazer. Ela põe fim aos antigos modelos de pensamento. Não foi isso que Cristo Jesus fez? Em sua época, havia formalismo, dogmatismo, farisaísmo. Todos eles eram antigos padrões de pensamento que não permitiam o desenvolvimento da sociedade humana. Estamos novamente diante de uma virada como aquela. E a Ciência Cristã faz justamente o que o Mestre fazia: liberta o pensamento de modelos ultrapassados.

Em suma, o senhor encara seu trabalho no campo do desenvolvimento internacional como uma maneira de permitir que novos modelos de pensamento se manifestem? Exatamente.

Com o surgimento de um novo homem, poderíamos dizer? Sim. Repare que o desenvolvimento não é exclusivamente um conceito econômia. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, escreve: "Cada dia exige de nós provas mais elevadas, em vez de profissões do poder cristão. Essas provas consistem unicamente na destruição do pecado, da doença e da morte, pelo poder do Espírito, como Jesus os destruía. Eis aí um elemento de progresso, e o progresso é a lei de Deus, lei que exige de nós apenas aquilo que com certeza podemos cumprir."Ciência e Saúde, p. 233.

Quando há a convicção de que o progresso é uma lei, o desenvolvimento é visto sob nova luz. Ele não é apenas econômico; não e fazer com que a sociedade deixe de ser uma economia agrária para se tornar uma potência atômica, que escraviza milhões de pessoas. A compreensão da lei divina tem um impacto imediato na humanidade, e começamos a perceber que o propósito e a natureza do homem são os de refletir a fonte de sua vida, que é Deus, a Mente divina.

Esse é um profundo conceito de cura, no sentido de que se trata da transformação mental da humanidade. Em todos os cargos que ocupei, nunca encarei meu trabalho como um substituto para a cura, mas sim, como uma fase do trabalho de cura. Quando embaixador, por exemplo, foi essencial que eu compreendesse a natureza de Deus como Mente a Amor divinos, para não cair no chauvinismo ou na xenofobia ao tratar de interesses nacionais. Isso permitiu-me pensar sobre todas as partes envolvidas e perceber que a defesa dos interesses de um país implica incluir toda a comunidade internacional na idéia de que o progresso e a lei de Deus.

Quando trabalhei como consultor para o Ministro das Finanças do México, tive de enfrentar períodos de grande instabilidade econômica em que a escassez, a desvalorização da moeda e o preço internacional do petróleo foram combatidos com uma compreensão mais profunda do suprimento ilimitado de Deus, que é a Vida do homem.

Precisamos ampliar nosso conceito de cura. Temos de ser sanadores sempre, em tudo o que fazemos. Cada Cientista Cristão é um sanador em potencial, que tem de curar a situação ou o ambiente em que se encontra, a começar com seu próprio pensamento, enfrentando tudo aquilo que possa impedi-lo de expressar Vida, Verdade e Amor.

Temos de ir além da teoria, do escolasticismo, do conhecimento teórico que não é demonstrável. Um dos elementos da Ciência Cristã é a compreensão de que a Ciência tem de ser demonstrada, posta em prática.

A crise que vemos hoje nas ciências naturais e sociais, a crença de que o homem é governado por leis materiais, tudo isso foi previsto nas últimas décadas do século XIX, pela Sra. Eddy. E o que está ocorrendo hoje corrobora suas previsões. Nesse contexto, creio que podemos encarar o futuro com grande esperança, porque a Verdade está vindo à tona.

A Sra. Eddy escreve também em Ciência e Saúde: "Por isso, eu me firmo, sem reservas, nos ensinamentos de Jesus, nos de seus apóstolos, nos dos profetas e no testemunho da Ciência da Mente. Outros fundamentos, não há. Todos os outros sistemas — baseados inteira ou parcialmente no conhecimento obtido através dos sentidos materiais — são canas agitadas pelo vento, não casas edificadas sobre a rocha." Ibid., p. 269. Para mim essa é a citação que melhor resume a idéia de que a maior parte dos sistemas humanos, sejam eles políticos, sociais ou econômicos, deixam a desejar, derrotados, por assim dizer, pela realidade, pela exigência de uma visão ilimitada e espiritual do homem e de seu relacionamento indestrutível com Deus.

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