Quando eu tinha doze anos, meus pais levaram toda a família para passar as férias de verão numa região longínqua do Canadá, perto de um lago e da floresta. Para mim, não havia nada mais divertido do que vagar pela mata com meu pai, indo pescar ou acampar.
Um dia, porém, depois do almoço, decidi dar um passeio sozinho pela mata densa e fui, sem dizer nada a ninguém. E que passeio acabou sendo! Eu procurava andar devagar e com cuidado, e vi uma corça, vi castores ativos em seu laguinho, vi oito perdizes e uma coruja branca, que pousou tão perto de mim que consegui contar as penas de sua cauda.
Eu estava tão interessado em toda aquela vida silvestre, que não prestei nenhuma atenção no caminho que fazia. Então, de repente, percebi que o céu tinha ficado nublado, estava ficando tarde e eu não tinha a mínima idéia de onde estava o lago e nossa casa. Tinha me perdido.
Por um instante tive medo. Mas depois me lembrei de que Cristo Jesus muitas vezes ensinara as pessoas a não ter medo. Ver Lucas 12:32 e Lucas 8:20. Eu sabia que Deus é Amor e está em todo lugar, e que eu era Seu filho amado. Minha família freqüentava a Igreja da Ciência Cristã e eu tinha visto provas da onipresença e onipotência de Deus. Eu costumava pedir ajuda em oração a meu pai ou a minha mãe, quando sentia medo ou precisava de alguma coisa. Dessa vez, porém, eu estava por minha própria conta.
Aprendera na Escola Dominical da Ciência Cristã que a Verdade, que é outro nome para Deus, está sempre conosco e nos dá as respostas de que precisamos. Por isso, meu próximo passo deveria ter sido o de procurar escutar totalmente a Verdade, não acham?
Eu, porém, em vez de voltar-me primeiro para Deus, procurei me lembrar de alguns conselhos que ouvira sobre o que fazer quando se está perdido. Alguém havia dito: “Olhe para o musgo no tronco das árvores, pois ele cresce sempre do lado norte e assim você sabe para que lado está o norte.” Outra pessoa dissera: “Procure uma clareira em meio à mata, suba nalguma coisa alta, uma rocha, por exemplo, e fique esperando até que alguém venha salvá-lo.”
No entanto, essas instruções não deram certo para mim. Encontrei musgo crescendo em todos os lados das árvores. Sentar em cima de uma rocha só serviu para eu sentir como a rocha é dura. Voltei a orar.
Dessa vez, ao invés de implorar a Deus, pensei sobre o que eu sabia ser verdade a respeito dEle: que Ele é Espírito sempre presente e é Tudo. Ele sustenta em Amor toda a Sua criação, e isso inclui a mim, Sua perfeita semelhança. Eu sabia que com Deus me amando e me protegendo, já estava a salvo. Com Deus me guiando pelo caminho, chegaria em casa sem problemas.
Por uns momentos, senti como se houvesse um conflito dentro de mim sobre que direção tomar. Fiquei com medo de não ouvir os pensamentos corretos e ficar ainda mais perdido! Lembrei-me porém de uma história, na Bíblia, sobre o profeta Elias, que estava sozinho no deserto, numa situação difícil, e ouviu a voz de Deus como se fosse “um cicio tranqüilo e suave”. 1 Reis 19:12.
Raciocinei que devia ser verdade que Deus nos fala em nosso pensamento e nós podemos ouvir e confiar nEle. Não podemos estar separados de Deus e ficar perdidos em Sua criação.
Lembrei-me de uma passagem da Bíblia que meu professor da Escola Dominical lera alguns domingos antes. Era de Provérbios: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas.” Prov. 3:5, 6. Comecei a caminhar. Caminhei bastante tempo, ou assim me pareceu. Então vi à frente, contra o céu que escurecia, um pinheiro alto que se sobressaía sobre todos os outros. Perto do topo, um de seus galhos parecia um dedo dobrado. Reconheci aquele galho. Reconheci aquele pinheiro. Já o vira antes pela janela de nossa casa. E logo cheguei em casa são e salvo.
Pensei: “Obrigado, Deus.” E senti-me realmente agradecido.
Fiquei sabendo que meus pais também tinham orado. Contaram que, em suas orações, eles sentiram a certeza de que Deus, que é Amor, era meu protetor sempre presente. Nossa família tivera muitas curas e experiências maravilhosas de proteção por meio da oração, e essa seria mais uma que jamais esqueceríamos. Mary Baker Eddy, que fundou a Igreja da Ciência Cristã, escreveu um poema intitulado: “ ‘Apascenta as minhas ovelhas’ ”. Sempre o cantávamos como hino, na Escola Dominical, mas agora tinha um significado especial para mim. Ele diz em parte:
Tua voz escutarei
Para não errar;
Pela senda rude irei,
Sempre a cantar.Hinário, No. 304.
Essa experiência foi muito importante para mim, porque aprendi que mesmo quando me sinto sozinho, em realidade não estou só, nunca. Deus está comigo e está me ajudando. Cresci, fiquei adulto, e passei por outros momentos em que me senti um tanto confuso e “perdido”, não na floresta, mas em alguma situação em que não sabia o que fazer. Aí, lembrei-me do que aprendera: no momento em que nos voltamos para Deus, já não sentimos medo e sabemos que não estamos perdidos. Apenas confie em Deus e escute. Ele o levará pelo caminho certo.
