Deus É Amor,” 1 João 4:16. diz a Bíblia. O que é que isso realmente significa para nós? Provavelmente houve momentos na vida de cada um de nós em que sentimos bastante falta de amor. Talvez tenhamos tido a impressão de que, mesmo Deus nos amando, Seu amor é abstrato demais para ter algum efeito palpável em nossa vida.
O problema talvez resida no fato de que estamos acostumados a pensar no amor em termos de amor humano e relações humanas, coisas que podem parecer mais tangíveis do que Deus. No entanto, O amor de Deus é bem diferente.
Possivelmente, o sentimento humano que mais se aproxima do amor que Deus tem por nós é o que a maioria dos pais sente pelos filhos. O afeto paterno e materno é profundo, terno e protetor. Não pode ser destruído por ocorrências humanas. O amor de Deus por nós é desse tipo e pensar nele dessa maneira nos dá um bom ponto de partida para compreendê-lo. Todavia, ele vai muito além do carinho que o melhor dos pais ou a melhor das mães pode sentir.
Deus é Espírito infinito que preenche toda a criação. Da mesma forma, Seu amor é ilimitado e espiritual. Talvez costumemos entender por infinito apenas algo “infinitamente grande”. A matemática, porém, nos dá outra perspectiva. Ela ensina que há uma série infinita de números entre dois números quaisquer. Por exemplo, entre os números um e dois, há um e meio, um e um quarto, um e um oitavo e fragmentos menores entre essas frações, com possibilidades realmente infinitas. Isso ilustra como o termo infinito se refere não só a tamanho, mas também a plenitude, riqueza e profundidade. Tal compreensão nos permite avaliar melhor o que significa Amor infinito. Não só o amor de Deus abrange tudo, mas Seu amor por todos nós é infinitamente rico, pleno e profundo.
Por que, então, nem sempre sentimos esse amor? Pode ser que não o tenhamos procurado conscientemente. Ele está sempre aí, mas nós precisamos nos deter e reconhecer sua presença. Isso pode ser feito pensando-se mais em Deus, quem é e o que é, e escutando Sua direção. Esse voltar-se para Deus e dar atenção ao que Ele nos diz, é a essência da oração.
Há algum tempo, senti a necessidade de perceber mais intensamente o amor de Deus por mim. Assim como muitas pessoas, sempre havia pensado em Deus como “Pai.” Mas nessa ocasião entendi que precisava conhecer melhor a Deus como minha Mãe, isto é, sentir Seu amor “maternal” por mim.
A Ciência Cristã ensina que Deus, como Espírito infinito, não tem gênero. Todavia, também diz que Deus é nosso criador e que, portanto, podemos pensar nEle como Genitor amoroso, tanto Pai como Mãe. O livro de Isaías fala com eloqüência na maternidade de Deus, nas seguintes palavras: “Assim diz o Senhor ... Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados.” Isaías 66:12, 13.
A Sra. Eddy também reconheceu a natureza maternal de Deus. Ela escreve: “A Ciência Cristã explana a natureza de Deus como sendo, ao mesmo tempo, Pai e Mãe.”Message to The Mother Church for 1901, p. 10.
Dedicando-me especialmente a orar a Deus como minha Mãe e não só como Pai, obtive uma percepção confortadora desse terno e sempre-presente amor materno por mim. Comecei a sentir aquele amor carinhoso que Deus tem por todos nós e percebi a profundidade, riqueza e plenitude infinitas desse amor.
Quase ao mesmo tempo, aconteceu de eu ler uma afirmação feita pelo filósofo William James, em seu clássico The Varieties of Religious Experience. Ele fala da relação existente entre a fé religiosa de cada um (nosso conceito de Deus) e a maneira como vemos o universo em que vivemos. Definindo a religião como nossa “reação total à vida,” ele sugere que a maneira como encaramos a vida está intimamente relacionada com nosso conceito básico do que vem a ser o universo. Isso me levou à pergunta: o que é o universo para mim? Será que eu sinto às vezes estar vivendo num mundo material, frio, imprevisível, ou reconheço realmente que o homem é espiritual, criado por Deus, que é Amor divino e é um Pai-Mãe amoroso para com todos os Seus filhos?
Fui Cientista Cristã toda a minha vida e com freqüência estive em comunhão com Deus e recebi Suas respostas à oração, sob a forma de orientação, proteção e cura. Aceito plenamente a realidade de Deus e o ensinamento bíblico de que Ele é Amor. Além disso, na época da experiência que estou relatando, eu estava começando a sentir cada vez mais o calor daquele amor. Portanto, perguntei-me: que tipo de universo, Deus, que é Amor infinito, criaria? Raciocinei que, por ser Deus Amor, então o Amor deve ser o Princípio do universo; logo, amar deve ser uma das razoes para a criação do universo, inclusive o homem.
Isso significa, então, que nós somos verdadeiramente a família de Deus. E o universo que Ele criou é o lugar em que estamos todos em segurança e somos todos amados. Nosso Pai-Mãe Deus está sempre conosco e, quando nos volvemos a Ele em oração, Ele nos dirige e nos ajuda como qualquer pai amoroso faria.
Talvez haja ocasiões em nossa vida em que precisamos do amor de Deus, mas nos é difícil sentir sua presença. Será útil, então, lembrar que, embora Deus seja nosso Pai-Mãe, não é como um genitor humano, que pode ou não estar presente, pode ou não prestar atenção à nossa necessidade em um dado momento. Como o amor maternal de Deus enche todo o universo, nossa temporária incapacidade de sentir tal amor não nos separa dele de fato. Conhecer e reivindicar essa verdade pode nos proporcionar uma consciência mais clara da presença do Amor. Estes versos de um hino do Hinário da Ciência Cristã nos asseguram que o amor está sempre presente, quer o sintamos, quer não: “Bem escudado no amor de Deus, / Aqui respiro um ar celestail.”Hinário, N° 195.
O reconhecimento da onipresença do amor de Deus faz mais do que simplesmente atender às nossas necessidades. Mostra-nos também como é natural amar os outros. Cristo Jesus não falou só do amor de Deus por nós; ele também disse para amarmos nosso próximo, amarmos nossos inimigos, amarmo-nos uns aos outros. Isso não significa que, de alguma maneira, devamos encontrar um amor pessoal por todos. Em realidade isso não seria possível. O que podemos perceber é a possibilidade de amarmo-nos uns aos outros com um amor espiritual, que é o reflexo do amor de Deus. Isso ocorre à medida que aprofundamos nossa compreensão de que somos todos criados pelo Amor divino, à semelhança do Amor, para amar e ser amados, e vivemos em um universo que é repleto de Amor. Então perceberemos que a irmandade do homem não é apenas um bom sentimento de que só falamos, mas um fato espiritual a ser vivido, pois Deus é realmente o Pai e a Mãe de todos.
À medida que aceitarmos o amor infinito, paternal e maternal de Deus por todos nós e deixarmos que esse amor seja refletido naturalmente em nossos pensamentos e ações, não sentiremos mais nenhuma dúvida de que Deus nos ama. Conheceremos e sentiremos Seu amor através de sua presença real em nossa vida.
Ensina-me a fazer a tua vontade,
pois tu és o meu Deus:
guie-me o teu bom Espírito por terreno plano.
Salmos 143: 10
