A Pureza Espiritual não é assunto que receba grande atenção pública, hoje em dia. Não é habitual ouvir-se uma reportagem sobre esse tema no noticiário diário ou ler-se, nos títulos de primeira página dos jornais, que esse assunto tenha se tornado de repente prioritário nas campanhas políticas. No entanto, aquela pureza espiritual que faz parte do âmago da vida cristã é absolutamente vital para o bemestar da sociedade. Aliás, se alguém se esforça por elevar os padrões, os valores e a ética na década dos noventas, poderia dizer que, se a pureza não está recebendo atenção de primeira página, então é momento de o fazer!
A pureza de pensamentos e de motivos, inspirada pelos ensinamentos de Cristo Jesus, tem efeitos e influências benéficos de grande alcance. Relaciona-se, de modo direto, com a moralidade, com a maneira de tratar os outros, com nosso desejo de cumprir a lei e de ser honestos e solícitos em vez de desonestos, falsos ou de praticar abusos.
A pureza tem, no entanto, outra influência significativa que não é logo reconhecida: ela é essencial para a saúde. Com efeito, é tonificante. Constitui poderosa força renovadora em nossa vida. E quando conjugada com a oração, a pureza do genuíno pendor espiritual tem curado tanto doenças crônicas como agudas, regenerando corações que estavam mergulhados no pecado.
A pureza espiritual é uma qualidade do pensamento que discerne a realidade em termos do bem absoluto que Deus cria. Ser puro é conhecer apenas o bem e expressá-lo. À medida que vamos compreendendo que o homem não tem consciência separada desse bem divino, que Deus é a única Mente infinita e que a natureza do nosso ser verdadeiro — quem nós realmente somos — é o reflexo dessa Mente divina, descobrimos nossa pureza inata. Testemunhamos, em nossa vida, aqui e agora, a bondade definitiva e absoluta de Deus, algumas vezes de maneira extraordinária, e outras vezes, de modo mais simples, como na reorganização de nossas prioridades diárias. E também compreendemos melhor que toda a criação de Deus sempre representa a perfeita bondade de Seu ser.
Assim, ao aceitarmos, em oração, essa realidade fundamental (que nosso sentido espiritual diz-nos ser a única realidade de toda a existência), começamos a controlar a direção de cada um de nossos pensamentos, palavras e ações. Nosso pensamento se volta de modo mais constante ao cumprimento da vontade de Deus, nossas palavras enunciam continuamente a verdade acerca de Deus e nossas ações manifestam de modo mais persistente o amor de Deus. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo lembra aos seguidores de Jesus a necessidade de levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” 2 Cor. 10:5. — submeter todos os pensamentos impuros ou rebeldes à disciplina da Verdade.
A Ciência Cristã ensina que a existência é essencialmente subjetiva; ou seja, aquilo que vivenciamos é, em grande parte, resultado daquilo em que acreditamos. Em muitos aspectos, nosso pensamento determina não apenas o conteúdo de nosso ambiente mental (tal como a alegria, a paz, a satisfação e o propósito), mas também a condição de nosso ambiente físico (tal como nossa vida familiar, nossas relações com os demais, nossas profissões e nosso corpo). Aliás, o ambiente mental e o físico não estão dissociados. E se nosso pensamento e nossa vida expressam mais da pureza do Cristo, a Verdade, não apenas ficamos mais felizes e satisfeitos com quem somos, mas também seremos mais produtivos e melhores sanadores.
A fisiologia e a prática médica corrente mostram que muitas condições físicas discordantes, moléstias e desarranjos orgânicos estão diretamente relacionados com alguma impureza ou infecção no corpo. A medicina convencional tenta remover a impureza por meio de intervenção cirúrgica ou neutralizá-la com substâncias químicas. Isso pode ou não erradicar de modo adequado o mal físico, a moléstia orgânica, o veneno, o vírus ou a infecção e assim efetuar a cura. Mas mesmo que a impureza física seja eliminada, temporariamente, por tratamento médico, não haverá transformação perceptível, ou purificação, da consciência. A medicina material nunca se propõe a efetuar tal transformação, pois sua tese está fundamentada exclusivamente no pressuposto da realidade inflexível da matéria, ou seja, do físico. E sem purificação espiritual, o pensamento não muda da sua base essencialmente material; por isso o estado físico do indivíduo permanece sujeito aos constantes efeitos nocivos da impureza.
A prática Cristã, por seu lado, tal como foi ensinada e demonstrada por Jesus, inclui sempre uma regeneração essencial do caráter como elemento necessário para a verdadeira cura. A cura na Ciência Cristã ilustra o fato de que, quando pela oração se chega à genuína transformação espiritual, não somente a impureza é erradicada do pensamento como também o paciente é transformado ao ponto de “nascer de novo” em Cristo; o corpo é totalmente renovado. Desse modo, tendo sido a impureza, tanto no pensamento como na carne, completamente eliminada pelo Cristo, a tendência para a recaída ou o reaparecimento da doença é também eliminada.
Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: “Uma idéia espiritual não contém um só elemento do erro, e essa verdade remove convenientemente tudo quanto é nocivo.”Ciência e Saúde, p. 463. Isso mostra que tomar consciência da pureza do homem tem efeito curativo. Nossa verdadeira identidade como idéia de Deus não contém erro, pecado ou doença; a substância do homem é Deus, o Espírito, e inclui Sua inalterável integridade e pureza. Essa realidade do ser é demonstrada, na proporção em que nosso pensamento cede à verdade, eliminando assim “tudo quanto é nocivo.”
A purificação do pensamento regenera nossa noção atual do que somos, do nosso valor e de como vivemos. E através dessa regeneração cristã adquirimos nossa liberdade quanto à limitação — doença, debilidade, discórdia ou pecado — que se possa ter estabelecido em nós. A pureza espiritual pode ser demonstrada, na vida de qualquer pessoa, como uma poderosa força curativa.
