Com Celebrações E reflexão, o mundo ocidental comemorou nos últimos anos o segundo centenário da Revolução Francesa e da Constituição dos Estados Unidos. Esses dois eventos históricos, que deram ímpeto e estrutura aos ideais democráticos nos dois lados do Atlântico, ajudaram a definir o direito que o indivíduo tem de se autogovernar.
Menos de cem anos depois de tais acontecimentos, Mary Baker Eddy, por sua descoberta da Ciência inerente às obras de Cristo Jesus, mostrou à humanidade como ir até a raiz espiritual desse direito e, com base no domínio de Deus sobre o universo, demonstrar a perene autonomia do homem sob o governo de Deus.
A força e a integridade do verdadeiro autogoverno dependem de vivermos em obediência à lei de Deus. Quando essa lei é entendida como Ciência real, a Ciência real, a Ciência do Cristo, ou seja, algo que pode ser demonstrado na vida dos indivíduos, tal compreensão expande os direitos inalienáveis da humanidade. Estes passam assim a incluir não só “A Vida, a Liberdade e a busca da Felicidade”, como Thomas Jefferson escreveu na Declaração de Independência dos Estados Unidos, mas também a felicidade em si, a saúde, a proteção contra o mal e a ausência de temor.
O governo de si mesmo, fundamentado na obediência a Deus, habilita-nos a nos elevar acima de falhas pessoais e tendências destrutivas, e a nos defender de todo controle injusto, quer mental, quer físico. Dá-nos a capacidade de expressar, em sabedoria, alegria e poder de cura, nossa individualidade espiritual inata que é a semelhança do Espírito incorpóreo.
A lei divina inclui tudo o que é verdadeiro a respeito de Deus, do homem e do universo. Por exemplo, a inteligência do homem, expressando a Mente divina infinita, é uma lei, um fato eterno acerca de nossa verdadeira natureza. A harmonia e a paz do universo espiritual também são leis, porque tudo o que Deus cria deve, necessariamente, refletir Sua natureza.
Partindo de uma perspectiva terrenal, parece difícil, se não impossível, aderir por inteiro à lei, ou Ciência, de Deus. Mas a obediência a Deus é natural e normal, se partimos do ponto de vista de que a identidade espiritual do homem é a imagem de Deus, o que nos define corretamente como idéias, reflexos, da única Mente progenitora.
À medida que compreendemos a lei divina e lhe obedecemos em nossos pensamentos e ações, fazemos valer o poder divino diretamente em nossa vida diária. É aí que ocorre a coincidência do humano com o divino e dá-se a cura pela Ciência Cristã. Expressando em nosso modo de viver e de pensar o domínio que Deus nos outorgou, podemos vencer a ação doentia, limitada e desarmoniosa.
Somente por meio da cura cristã científica é que a humanidade pode sentir real autonomia, pois é somente por nossa demonstração da lei divina que o governo de Deus se torna evidente em nossa vida. A Sra. Eddy declara em Ciência e Saúde: “Assim como os Estados Unidos, a Ciência Cristã tem sua Declaração de Independência. Deus dotou o homem com direitos inalienáveis, entre os quais estão o governo de si mesmo, a razão e a consciência. O homem só é propriamente governado por mesmo quando bem guiado e governado por seu Criador, a Verdade e o Amor divinos.” Ciência e Saúde, p. 106.
A demonstração do cristianismo científico inclui necessariamente nossa compreensão do grande poder e da bondade da lei de Deus. Também inclui a percepção e a rejeição específica das várias leis fictícias que a mentalidade geral dos mortais, conhecida como mente carnal ou mortal, procura apresentar em oposição a Deus: “leis” como hereditariedade, sorte, doença. Essas assim chamadas leis não têm fundamento em Deus, que é o único legislador, ou Princípio divino.
Destituídos de autoridade divina, os códigos materialistas estão todos contaminados, às vezes mais, outras menos, pela premissa falsa de haver outra mente governante, outro poder, além de Deus, sendo impossível escapar à dominação que outros tipos de governo, a não ser o de Deus, exercem sobre nós. Esses falsos governos tomam formas tais como acidentes, corpos doentes e mentes pecadoras. Entretanto, ao exercer nosso direito divino ao autogoverno, podemos seguir o exemplo supremo de Jesus e corrigir, isto é, desmascarar como ilegítimo, tudo o que for oposto à vontade de Deus.
Um dos setores onde o falso governo mais sutilmente se desenvolve, é no campo do relacionamento humano, quando minado por noções errôneas. O mundo diz especificamente que estamos sujeitos, de várias maneiras, a personalidades chamadas amigos, familiares, vizinhos, chefes, líderes políticos. Presume-se que, embora essas pessoas possam nos trazer felicidade ou nos ajudar a ser mais produtivos, elas podem também ter um poder negativo sobre nós.
É possível, por exemplo, que por ignorância acreditemos ter de ceder às idéias ou desejos pessoais dos outros, mesmo quando temos certeza de que as opiniões deles não refletem a vontade de Deus para conosco. Podemos nos defender de influências pessoais negativas, lembrando-nos de que o homem de Deus não é um ser físico, pessoal e não está ligado a outros seres mortais por algum elo misterioso, tenha ele a forma que tiver: vida em comum, relação de parentesco, um mesmo endereço, um emprego, ou idéias políticas semelhantes. Como reflexo individual de Deus, o homem é suprido, satisfeito e governado por Ele e, na realidade espiritual, só obedece à vontade de Deus.
A relação entre todas as idéias individuais de Deus é somente espiritual; é um elo de união na infinidade da Mente. A única maneira pela qual podemos realmente nos unir a vizinhos, amigos, familiares, é em Cristo, a Verdade, demonstrando que o único controle sobre o homem é o controle do Princípio divino, o Amor. Cristo Jesus certa vez perguntou: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” e ele mesmo respondeu com a seguinte observação: “Qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe.” Ver Mateus 12:46–50.
Nossa vida florescerá em maior individualidade e liberdade, n quando vencermos, pela prática da lei divina, a dependência de relacionamentos pessoais com outros mortais, ou o medo desses relacionamentos, e adotarmos o governo e a lei de Deus, expressos em amor crístico por nosso próximo. A Sra. Eddy escreve, “... a noção de que uma mente governada pelo Princípio possa ser forçada a adotar métodos, afinidades e obrigações pessoais ou interesses egoístas, é um erro grave; ofusca o verdadeiro conceito do reflexo de Deus, e obscurece a compreensão que propicia demonstrações acima de motivos pessoais, de objetivos e ambições menos dignos.” Miscellaneous Writings, p. 291.
Com nossa dedicação ao trabalho de calmamente destruir por completo a crença comumente aceita de um governo e uma lei separados de Deus, com nosso estudo fiel e com nossa prática conscienciosa da lei divina, tal como foi revelada pela Ciência Cristã, mantemo-nos alerta contra os argumentos sutis da mente mortal. Dessa forma, poderemos, passo a passo, realmente governar a nós mesmos sob o governo único de Deus. Quando nos colocamos sob o controle de Deus, Seu poder em nossa vida se tornará mais evidente sob a forma de saúde, liberdade e um senso ilimitado de inteligência.
Longe de vós toda a amargura,
e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias,
e bem assim toda a malícia.
Antes sede uns para com os outros benignos,
compassivos, perdoando-vos uns aos outros,
como também Deus em Cristo vos perdoou.
Efésios 4:31, 32
