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Deixemos de ver o exterior, para ver o coração

Da edição de maio de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando Eu Era professora e meus alunos eram crianças pequenas, aprendi muitas lições maravilhosas. Uma das mais importantes deu-se ao final de um ano letivo.

Havia um garotinho na classe, que tinha um comportamento bastante difícil: eu tinha de ficar constantemente chamando sua atenção para o que ele deveria fazer, além de precisar supervisionálo o tempo todo. Eu reconhecia que ele havia feito progresso durante o ano e me sentia grata por isso. Certa manhã, porém, olhei para ele e meu coração pareceu simplesmente transbordar de amor por aquele menino. Ele não estava fazendo nada especial naquele momento, mas o sentimento de amor continuava em mim. Em 1 Samuel, lemos: "O Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração." 1 Samuel 16:7. Era como se eu estivesse vendo "o coração", ou seja, eu sentia apreço e amor incondicional pela bondade e espiritualidade que eram inerentes a esse garoto como filho de Deus.

Durante aquelas últimas semanas de aula, essa nova perspectiva e esse amor sincero me acompanharam. Eu também não pude deixar de perceber a mudança que se operou, não apenas no meu relacionamento com o menino, mas também no relacionamento dele com seus colegas de classe. Anteriormente eu havia expressado paciência, mas agora eu o tratava com paciente compreensão. Ele correspondeu a esse sentimento, pois seu comportamento melhorou bastante, ele passou a ficar mais calmo e a demonstrar mais disposição para ouvir. Percebendo isso, seus colegas de classe passaram a incluí-lo com maior freqüência em suas atividades. Que mudança! Que lição!

Mas logo após esse sentimento de gratidão, veio-me o pensamento: "Quanto tempo eu perdi!" Eu havia demorado quase o ano todo para de fato amar essa criança. Comecei a investigar o que é que antes havia impedido que eu olhasse para o garoto a partir dessa perspectiva de amor. Como é que eu poderia ver o coração, ou seja, perceber a natureza espiritual verdadeira de cada aluno, no começo do ano letivo e logo sentir os efeitos curativos provenientes dessa perspectiva espiritual?

Ao final de seu ministério, Cristo Jesus conversava longamente com seus discípulos. Sabendo que sua crucificação era iminente, ele transmitia muitos ensinamentos e inspiração, que serviriam de apoio e orientação a seus seguidores nos grandes desafios que viriam a enfrentar. Dentre esses ensinamentos houve um conselho valioso, que Jesus chamou de "novo mandamento". O décimoterceiro capítulo de João conta-nos que Jesus disse: "Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros." João 13:34,35. Como que para enfatizar sua importância, ele repetiu esse mandamento a seus discípulos outras duas vezes naquela noite. João 15:1—27.

Como é que podemos expressar esse amor uns aos outros da mesma forma que Cristo Jesus nos amou? Será que ele via as outras pessoas como nós freqüentemente as vemos, como meros mortais, cheios de defeitos e maus hábitos, limitados por circunstâncias e experiências de vida, tentando encontrar satisfação e significado em um mundo infeliz? Não. Ele enxergava além da fachada da existência mortal. Em cada cura ele provava que o homem é muito mais do que aquilo que os olhos e ouvidos podem perceber ou tentam fazer-nos acreditar. A Sra. Eddy escreve no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: "O homem é mais do que uma forma material com uma mente por dentro, a qual tem de escapar do seu ambiente para ser imortal. O homem reflete a infinidade, e esse reflexo é a verdadeira idéia de Deus."Ciência e Saúde, p. 258. Em cada cura de lepra, paralisia, coxeadura, cegueira, loucura, entre outras, Jesus provava que o homem, em sua verdadeira natureza como o filho, a manifestação, de Deus, está intacto, é espiritual e maravilhosamente perfeito. Ele enxergava com o sentido espiritual, reconhecendo e amando o homem criado por Deus.

Estamos tentando ver além do quadro mortal? Conseguiremos amar-nos uns aos outros o suficiente para enxergar o bem que já está presente na identidade verdadeira de cada um de nós, como filhos amados de Deus? Não há dúvida de que amar como Jesus amou exige muito de nós. Ver João 15:12, 17. Temos de colocar de lado a vontade humana, as opiniões pessoais, o preconceito, a justificação própria. Precisamos ver com o sentido espiritual, ao invés de julgar os outros pela aparência "exterior". O amor semelhante ao do Cristo é um amor incondicional; não depende do comportamento, da experiência de vida, opinião ou aparência da outra pessoa, mas simplesmente reconhece e ama o homem que Deus criou.

No ano seguinte, com um ano letivo inteirinho à minha frente, empenhei-me para colocar em prática o que havia aprendido. Eu estava determinada a amar imediatamente (sem perda de tempo!) toda criança que entrasse na sala de aula. Era importante colocar de lado qualquer impressão inicial desfavorável, as opiniões de outras pessoas a respeito do aluno, sua aparência, seu estilo de trabalho, ou mesmo seu comportamento. Tudo isso tinha de ser removido do meu pensamento, para dar lugar ao sentido espiritual e ao amor como o do Cristo.

Procurei expressar e reconhecer nos alunos qualidades como meiguice, paciência, compreensão, inteligência e alegria. As crianças corresponderam naturalmente a essa visão espiritual que eu estava tendo delas. E que ano produtivo foi aquele! Se bem que não tivesse deixado de haver desafios, foi um ano de muitas realizações e muito mais harmonioso do que os anos anteriores.

Mais cedo ou mais tarde nós amaremos todas as pessoas, de verdade. É inevitável, inevitável porque o homem existe como a própria manifestação do Amor. Quando tempo levaremos para chegar a esse ponto, depende apenas de nós mesmos e do que está acontecendo, ocupando lugar em nosso pensamento. Requer um esforço consciente para sermos obedientes ao "novo mandamento" de Jesus. Se bem que não seja sempre fácil, deixar de ver o exterior e ver o coração é comprovadamente uma experiência libertadora e curativa.

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