Quando Eu Era bem pequena, meu pai, que tinha um sério problema de alcoolismo, foi embora de casa, perdendo todo o contato com a família. Ele voltou muitos anos depois, tentando reassumir seu papel de pai. Embora tivéssemos mantido contato nos anos seguintes, nunca me aproximei muito dele.
Então, foi-lhe dito que ele estava com uma doença incurável e que lhe restava pouco tempo de vida. Senti uma necessidade premente de amá-lo e de me aproximar dele nos meses que lhe restavam (afinal, ele era meu pai, e certamente eu deveria amá-lo!). Contudo, eu não conseguia sentir amor, mesmo orando com todo o fervor.
Eu vinha pedindo que Deus me mostrasse qualidades em meu pai, que eu pudesse amar. Também orei para não me sentir tão angustiada com a situação. Certo dia, estas palavras vieram ao meu pensamento, como se tivessem sido pronunciadas em voz alta: "Eu sou seu Pai, e nunca a abandonei. Eu sou o Amor, e nem por um só instante você esteve separada do Amor." Naquele momento, fui invadida por um profundo sentimento de perdão. Toda a amargura do passado começou a se dissipar. Eu reconhecia que sempre tinha sido muito amada por Deus e que vinha erroneamente tentando amar um mortal, ou seja, estabelecer um relacionamento humano, ao invés de reconhecer a onipresença de meu verdadeiro Pai, Deus.
Meses depois dessa cura de ressentimento, tive a oportunidade de cuidar de meu pai alguns dias em sua casa. Pude ver muitas qualidades e fiquei feliz por sentir profunda e sincera afeição por ele. Na hora de eu ir embora, ele veio até o carro comigo e disse: "Você sempre foi e continua sendo a coisa mais preciosa para mim."
Ele faleceu no dia seguinte, mas continuei a sentir esse novo sentimento de amor por ele, com base em meu amor a Deus. Não fiquei pesarosa, porque sabia que meu pai, como eu, nunca poderia estar separado do eterno cuidado nem do amor que Deus tinha por ele.
Essa cura levou-me a romper um relacionamento sem futuro com um homem que parecia ser a fonte do amor para mim, sem o qual eu me sentia incapaz de despertar amor. Quando compreendi que Deus é Amor, libertei-me da tentação de continuar insistindo nesse relacionamento. Senti uma paz interior como nunca antes havia sentido.
Logo depois, conheci um homem que expressava a mesma inteireza e união com Deus que eu vinha descobrindo em mim mesma. Embora morássemos longe, o relacionamento transcorreu harmoniosamente e acabamos nos casando. Ambos nos sentimos gratos por essa bênção e sabemos que nosso casamento foi o resultado do reconhecimento de que Deus é a fonte de nosso amor. "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, ao ponto de sermos chamados filhos de Deus" (1 João 3:1).
Bloomfield Hills, Michigan
E.U.A.
