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“Leva esta criança para sua Mãe”

Da edição de julho de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


Ela Chegou Dentro de uma caixa de sapatos, delicadamente acondicionada em papel branco comum. Meu pai, que trabalhava n'A Igreja Mãe, trouxe-a para casa um dia, só para eu vê-la. Lembro-me de que, quando abri o pacote e vi a boneca pela primeira vez, pensei que eu nunca havia visto algo tão bonito.

Ela estava vestida de cor-de-rosa, em traje típico da Hungria. A blusa e a touca eram brancas, bordadas de flores que ainda hoje ressaltam vividamente. E a renda branca que guarnecia o traje era lindíssima. O que mais me chamou a atenção, porém, ao vê-la pela primeira vez em meu tempo de criança, foi o rosto. Tinha a expressão radiante, um sorriso suave, e os olhos pareciam estar olhando para um futuro distante, para algo espiritual e ideal, que fazia sua face brilhar de serenidade e contentamento.

Tinha nas mãos um pequeno cartão, escrito à mão, que dizia: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou”. (Eu havia aprendido na Escola Dominical que essas eram as palavras ditas pelo apóstolo Pedro ao homem coxo, antes de curá-lo.) Ver Atos 3:1–8. Logo abaixo, o cartão dizia simplesmente: “Leva esta criança para sua Mãe.”

Havia um bilhete, explicando que a boneca era um presente para A Igreja Mãe, enviado pelos Cientistas Cristãos de Budapeste, na Hungria, que naquele tempo estava atrás da cortina de ferro. O governo deles proibia todo e qualquer culto religioso, assim como a maioria das comunicações com os Estados Unidos. Por isso, enviar a boneca para “sua Mãe” foi a maneira que os Cientistas Cristãos encontraram para se comunicar com sua amada Igreja Mãe, em Boston. Levara nove meses para a boneca chegar.

É fácil imaginar como todas as pessoas que trabalhavam n'A Igreja Mãe ficaram comovidas ao receber essa boneca feita à mão, um presente pelo qual os Cientistas Cristãos de Budapest talvez tivessem arriscado a vida, ao mandá-lo. Também é facil imaginar como eu fiquei emocionada quando vi a boneca. E como senti (e ainda sinto) admiração ao pensar nas incontáveis horas de trabalho dedicadas à preparação dessa mensagem de devoção, gratidão e lealdade À Igreja Mãe.

Eu era pequena, mas segurar aquela boneca proporcionou-me a inesquecível sensação do que significa ser membro d'A Igreja Mãe. De repente, não via a hora de crescer para eu também me tornar membro d'A Igreja Mãe, para fazer parte ativa desse movimento mundial, pelo qual aqueles caros e corajosos Cientistas estavam dando tudo, a fim de perpetuá-lo em seu país, apesar das dificuldades tremendas.

Quando finalmente me filiei À Igreja Mãe, alguns anos mais tarde, com a idade de doze anos, (o Manual de A Igreja Mãe, de Mary Baker Eddy estabelece que crianças dessa idade já podem se tornar membros), senti que, de certa forma, eu estava dando as mãos a meus amigos de Budapest, orando com eles e por eles. Senti também que estava me unindo aos Cientistas Cristãos dedicados em toda parte, num elo de oração e companheirismo espiritual que envolvia o mundo todo. A Sra. Eddy descreve esse tipo de oração, em seu livro The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, onde diz: “As orações silenciosas em nossas igrejas, ressoando pelos estreitos corredores do tempo, vão em frente em ondas sonoras, diapasão de corações a palpitar, vibrando de um púlpito a outro e de um coração a outro, até que a verdade e o amor, fundindose numa oração justa, envolvam e unam solidamente a raça humana.” Miscellany, p. 189.

No fundo do coração eu acreditava que as orações dos membros d'A Igreja Mãe, em todo lugar, de alguma forma fariam diferença na situação do mundo e acabariam por propiciar uma solução curativa para as tensões internacionais, para as lutas pelo poder e para o despotismo que, desde o início, eram responsáveis pelo surgimento da cortina de ferro.

Agora eu sei que essa esperança era justificada. Sem dúvida, ainda há muito por fazer, mas a cortina de ferro caiu. É claro que ela caiu pelas orações de muita gente, de muitas religiões e nações. As orações dos membros d'A Igreja Mãe tiveram inegavelmente sua parte de mérito na repentina derrocada das barreiras mentais e físicas que haviam separado o Oriente do Ocidente, por mais de quarenta anos.

A organização d'A Igreja Mãe, como foi estruturada pela Sra. Eddy, é particularmente adequada para ser uma poderosa força espiritual em favor da paz e da solução dos problemas mundiais. Antes de tudo, ela foi destinada a ser uma Igreja universal.

A Sra. Eddy teve de se posicionar com tenacidade, às vezes contra as opiniões obstinadas de seus próprios seguidores, em favor do ideal de uma Igreja que servisse a toda a humanidade. Alguns de seus alunos queriam que a Igreja atendesse apenas uma congregação local, ou uma congregação americana. Diversos deles queriam que a Igreja fosse fundada como pessoa jurídica do Estado de Massachusetts, como fora sua igreja anterior. Sob a direção de Deus, porém, ela não abriu mão da convicção de que somente se A Igreja Mãe fosse fundada sobre o Cristo, poderia cumprir sua missão de salvar a humanidade do pecado, da doença e da morte. Como ela escreveu no Manual da Igreja: “A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston, Mass., destina-se a ser edificada sobre a Rocha, o Cristo; sobre a própria compreensão e demonstração da Verdade, da Vida e do Amor divinos, que ao mundo curam e salvam do pecado e da morte; para assim refletir, em certo grau, a Igreja Universal e Triunfante.” Manual, p. 19.

Somente uma igreja assim, acreditava ela, poderia atender diretamente às exigências de Deus, e não estar sujeita às exigências e leis humanas. Como ela escreveu à esposa de um Cientista Cristão eminente, que discordava dela sobre a forma de fundar a Igreja: “... Deus fez grandes coisas por nós ao dar-nos uma igreja independente da opressão civil ou religiosa.” Robert Peel, Mary Baker Eddy: The Years of Authority (Boston: The Christian Science Publishing Society, publicado originalmente por Holt, Rinehart and Winston, 1971), p. 33. Uma igreja assim poderia resistir à perseguição, poderia dissolver séculos de atitudes mentais enregeladas, e evangelizar o mundo.

Não é difícil compreender por que os Cientistas Cristãos sentem a mais profunda fidelidade À Igreja Mãe. Muitas vezes eles devem sua própria vida e liberdade ao amor maternal das atividades que a Igreja mantém. Por isso desejam, mais do que qualquer outra coisa, participar dessas atividades de tanto alcance.

O alcance maternal d'A Igreja Mãe tomou muitas formas diferentes nos cem anos que se passaram depois de sua fundação, desde a tradução do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, para dezesseis idiomas, até a programação de rádio por ondas curtas, que a Igreja irradia por todo o planeta, com a mensagem de esperança e cura.

Há ainda outra razão importante pela qual os Cientistas Cristãos amam A Igreja Mãe com tanto ardor e, como os Cientistas Cristãos de Budapeste há quarenta anos, querem dar a esta Igreja “o que eles têm”. Eles sabem que A Igreja Mãe é a Igreja de sua querida Líder. Repetidas vezes, em seus escritos, ela se refere À Igreja Mãe como “minha igreja”. Esta Igreja foi sua maneira especial de ajudar as pessoas de todas as épocas e de todos os lugares a compreender as verdades salvadoras de seu livro Ciência e Saúde.

A Sra. Eddy achava que uma contribuição de tempo, esforço ou dinheiro para A Igreja Mãe, era muito mais do que um penhor de fidelidade a ela pessoalmente. Era, em realidade, uma questão de fidelidade a Deus. Por isso ela acreditava que as dádivas de amor por parte dos membros d'A Igreja Mãe deviam simplesmente redundar em bênçãos tangíveis para o doador. Quando em 1903, por exemplo, ela soube que os membros d'A Igreja Mãe haviam se proposto a angariar cerca de dois milhões de dólares para o fundo de construção daquela que ficaria conhecida como a Extensão d'A Igreja Mãe, eis o que ela escreveu a respeito dos desprendidos doadores: “Agora eles trouxeram seus dízimos à casa do tesouro dEle. Depois, quando a doação se consumar, Deus derramar-lhes-á uma bênção acima da canção dos anjos, além do horizonte dos mortais — uma bênção que dois milhões em moeda do amor produzirão e que será discernida, num futuro próximo, como um vislumbre da realidade. ...” Miscellany, p. 14.

Poderíamos dizer que os membros d'A Igreja Mãe em Budapeste passaram quatro décadas trazendo seus dízimos à casa do tesouro. Eles permaneceram firmes na oração, inabaláveis em sua visão da herança de liberdade espiritual que sempre foi deles como filhos de Deus. Sua gratidão a Deus, a sua Líder e À Igreja Mãe nunca esmoreceu.

Atualmente, a boneca que eles deram À Igreja Mãe pode ser vista no Departamento de História da Igreja, em Boston. Ela serve de lembrete de tudo o que aqueles membros realizaram e de que, em 1990, sua “moeda do amor” pagou dividendos tangíveis. Eles podem afinal praticar a Ciência Cristã aberta e livremente. Estão de novo realizando cultos da Ciência Cristã. E alguns dos antigos membros ainda estão presentes, testemunhas vivas de devoção À Igreja Mãe — a “Mãe” para a qual mandaram certa vez uma criança muito especial.

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