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Nota da Redação: Costumamos receber muitas cartas com perguntas sobre namoro, amizade e casamento, questões difíceis na década dos noventas. No intuito de dar respostas para as questões levantadas por nossos leitores, falamos com Julia Schechtman Pabst e seu marido Michael Pabst. Esta é a segunda parte de uma entrevista que começou no Arauto de julho de 1993.

Namoro e amizade

Segunda parte

Da edição de julho de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


Julie, como é que você sabia que um relacionamento com outra pessoa poderia ser benéfico?

Julie: Não fui à caça de um marido nem pedi a Deus que me arranjasse um. Confiei em que a oração era o melhor meio para poder mostrar-me se eu poderia abençoar e ser abençoada com esse tipo de união. Mas vinha sofrendo havia uns anos de um pernicioso sentimento de solidão, que me levara a fazer coisas que foram mesmo ridículas. É bom examinar nossos motivos, para não fazer algo que resulte do egoísmo ou porque você deseja ter a admiração de alguém. Talvez você tenha dois namoros firmes ao mesmo tempo, ou talvez você esteja apegado a um relacionamento que não leva a lado nenhum, mas você continua só porque se habituou a essa idéia, ou você sente que não deveria continuar, mas tem tanto medo de ficar só, no vácuo, que imagina a monotonia se acabar com essa relação. Ou você se envolve num relacionamento apenas para não estar só. Talvez ignore a intuição que diz para não se envolver, ou sua atração por essa pessoa não obedece a motivos certos, mas você pensa: “Bem, isso é melhor que nada.” Descobri que todos esses motivos precisam ser elevados. Uma coisa eu percebi, que o egoísmo é castigado. Não é Deus que o castiga; ele castiga-se a si mesmo. Você nem sempre se apercebe, quando isso acontece. Você sofre por várias razões, não necessariamente devido a grandes coisas, mas devido a uma insatisfação em geral, ou você luta ineficazmente com isto ou aquilo, e não relaciona isso com o fato de ...

Sua experiência ter sido definida por esses motivos egoístas ...?

Julie: Exatamente. O egoísmo manifesta-se sempre da mesma maneira, em tudo aquilo que você faz, e limita sua perspectiva, limita seu sentido espiritual. Penso que não é apenas a pureza moral um fator primordial num relacionamento, mas também o altruísmo. Por vezes demora um pouco para tomarmos consciência disso. Quando estava no liceu namorei um ótimo rapaz, mas após um par de anos apercebi-me de que tínhamos crescido e o nosso relacionamento já não tinha sentido. Sabia que devia terminar com ele, mas tinha receio. Preocupava-me muito com ele. No fundo, estava em pânico ante a idéia de ele ficar muito triste na eventualidade de um dia separar-nos. Pensei: “Como é que ele fará para continuar a vida sem mim? Ele não tem mais ninguém, nem mesmo acredita em Deus.” Eu parecia responsável por sua felicidade. Veio-me claramente um pensamento de Deus: “Você confia em Mim para tomar conta de você; agora confie em Mim para tomar conta dele.” Fiquei reconfortada e sabia que poderia obedecer. Mas meses mais tarde reatamos o namoro. E não estávamos realmente felizes ou em harmonia um com o outro. Foi então que recebi uma carta da minha avó, que não fazia a menor idéia do que se estava passando, e havia uma frase na sua carta que dizia: “Fique bem perto de Deus.” Respondi de todo o meu coração: “Sim.” E isso pura e simplesmente rompeu aquilo que me mantinha presa. A partir desse momento consegui acabar definitivamente com esse relacionamento.

O que é mais interessante é que, antes de nos termos envolvido novamente, ele já se tinha sentido impelido a encontrar-se com uma amiga de antes. Depois de nosso rompimento definitivo, ele apaixonou-se por essa pessoa e casou-se com ela. É um casal feliz, já há alguns anos. E eu fiquei profundamente satisfeita com isso. Assim se pode ver que Deus cumprira essa promessa de cuidar das necessidades de meu amigo. E eu também fui ajudada. Novas atividades, amizades e oportunidades surgiram inesperadamente. Minha vida tornou-se mais interessante. Creio que minha firmeza naquilo que era correto permitiu que aparecessem atividades mais substanciais e variadas na minha vida. Aprendi que uma pessoa pode confiar em Deus para falar a todas as pessoas envolvidas num relacionamento, e dar-lhes aquilo que realmente vai abençoar e elevar a um senso mais espiritual da verdadeira identidade e individualidade.

Quando se lhe tornou claro acabar com esse relacionamento, parece que o grande problema era o de ainda se sentir movida a continuar, mesmo apesar de já ter notado, como resultado da sua oração, que era melhor acabar. Pode explicar um pouco como superou essa situação?

Julie: Bom, demorou algum tempo para eu perceber que eram o hábito e a idéia de ficar só que me influenciavam a continuar com o relacionamento. Também não queria perder algo de bom que tinha experimentado naquele relacionamento, pois não conseguia ver como poderia encontrar algo melhor. Mas a mão fechada não pode receber. Também ainda não tinha percebido que estava pensando que as boas qualidades que via no meu amigo eram pessoais, só dele, em vez de perceber que elas vêm de Deus e que Deus promove seu desenvolvimento. Mas quando o desejo de me aproximar de Deus se fortaleceu, isso me libertou do sentimento de que o hábito desse relacionamento era mais forte do que eu. O desejo de estar perto de Deus ou de expressar mais de Sua natureza é um incrível catalisador.

Há um outro pensamento que por vezes nos prende a um relacionamento que não é o melhor para nós, e essa é a noção de que: “Bem, sei que essa relação não é grande coisa, mas sei que a outra pessoa vai modificar-se com a minha influência.” Ou o sentimento de que você deseja evitar que se perca o bem que você discerne em alguém atraente. Mas, de fato, é sempre a influência de Deus que salva e protege. Perceber esse fato é um grande apoio ao bem que é expressado na outra pessoa. Mas nem sempre é sensato permanecer num relacionamento, apesar de se discernir algum bem nele. Em algumas circunstâncias poderia ser comparado a nos encontrarmos num edifício em chamas. Você pura e simplesmente não vai permanecer lá e dizer calmamente: “Deus está sempre presente, e portanto não preciso me mexer!” Não. Se você compreende a onipresença de Deus, esse conhecimento o guiará até um lugar seguro. Deus conhece aquilo que é correto para o nosso progresso, e Ele nos faz saber esse fato.

Isso confirma aquilo que dissemos na primeira parte da nossa entrevista, acerca do qual a Sra. Eddy nos fala em Ciência e Saúde. “O Espírito, Deus, reúne em canais apropriados os pensamentos ainda não formados. ...” Ciência e Saúde, p. 506. A noção errada de que você é, em última instância, responsável pelo progresso de outra pessoa é uma visão adulterada e pessoal daquilo que é realmente a atividade de Deus. Ele “reúne em canais apropriados os pensamentos ainda não formados.” Deus faz isso, não nós.

Julie: No fundo, somos sempre responsáveis por seguir as diretivas de Deus e isso requer força moral. Expressa-se em obediência ao código moral — os Dez Mandamentos, castidade pré-marital e extramatrimonial. Especialmente quando toda a sociedade em que você vive parece negar-lhe todo tipo de ajuda! A moralidade é a expressão da lei espiritual a governar a vida humana. Essa é a rocha debaixo de nossos pés. E é necessária força moral para seguir a orientação de Deus de outras formas. Penso que apenas o desejo de expressar mais pureza, mais obediência e mais alegria cria lugar no nosso pensamento para que a influência orientadora de Deus possa ser sentida na nossa vida e relacionamentos.

Se você for a qualquer sala de cinema, assistir a qualquer programa de televisão ou simplesmente ler uma revista, parece que os benefícios em violar os Dez Mandamentos são maiores que a força moral e os dividendos espirituais obtidos por segui-los.

Michael: Mas a violação dos Mandamentos é quase sempre feita com o objetivo de melhorar seu bem-estar físico e emocional e não o ajuda a descobrir seu ser espiritual, a idéia de Deus. As falhas morais estão relacionadas com uma série de problemas. A busca por bem-estar físico e emocional na matéria nunca pode dar-lhe a satisfação que você adquire quando experimenta uma cura espiritual, quando você obtém uma nova perspectiva, quando você vê para além daquilo que os sentidos físicos mostram. Você tem de usar o sentido espiritual.

Julie: O sentido material está sempre tentando argumentar a favor de si mesmo. Ele apresenta todos os tipos de argumentos dirigidos para os pontos em que você se sente mais frágil, no sentido de convencer que ele é genuíno, legítimo e que tem certo tipo de realização para oferecer. O fato é que, obviamente, no fim você descobre que tudo isso é mentira. Você sente-se vazio. E a tentativa de procurar mais matéria ou sensação apenas o torna ainda mais vazio. É como colocar uma série de zeros ao lado uns dos outros.

E se as pessoas despenderam toda uma vida tentando encontrar realização dessa maneira, elas são dignas de tentar fazê-lo doutra forma?

Julie: Claro que sim, elas sempre foram dignas.

Michael: Sempre, ainda quando olhavam numa direção errada, durante todo esse tempo continuavam sendo, na realidade, espirituais e amadas por Deus. Portanto não perderam nenhuma dessas qualidades. Apenas ainda não as haviam percebido. No entanto, esse despertar é possível a qualquer momento.

Bom, e se alguém acaba por se aperceber de que sua força está no código moral de que estávamos falando? Que fazer com o passado? Está essa pessoa presa ao passado?

Julie: Não! Porque quando você vislumbra, nem que seja um pouco, que o Espírito, Deus, é muito mais natural e traz mais satisfação do que qualquer coisa material, e você deseja expressá-lo na sua vida, essa compreensão ajuda a começar a perceber que tudo aquilo que você fez no passado não teve nada a ver com a espiritualidade, não era realmente você, não era real.

Então você acha que Deus não estava tomando nota, de algum modo marcando-o com uma permanente marca preta?

Julie: Claro que não. Muitas das pessoas que figuram na Bíblia cometeram erros, mas foram capazes de mudar sua forma de pensar, vislumbrar e viver algo da sua verdadeira natureza espiritual de tal modo que a sua experiência ainda hoje nos abençoa.

Voltando ao casamento, você diria que uma das maneiras de avaliar um casamento é se ele abençoa ou não os outros?

Michael: Bom, afinal de contas, Cristo Jesus disse: “Pelos seus frutos os conhecereis.” Mateus 7:20. E nosso casamento certamente nos tornou mais fortes, e por sua vez, nós sentimos que ele nos ajudou a melhorar nosso ambiente — o ambiente mental, moral e físico.

Julie: Mas isso não quer dizer que um casamento por vezes não tenha problemas ou encontre desafios. Você não pode necessariamente julgar um casamento pelo fato de familiares seus estarem ou não satisfeitos por desejarem que seu cônjuge tivesse mais dinheiro, um emprego mais prestigiado ou mesmo melhor aspecto. Acho que se deve julgá-lo pelo fato de você ter ou não a intuição de que Deus está promovendo o progresso. Você sente a orientação de Deus, a dizer: “Este é o caminho, andai por ele”? Isaías 30:21.

Pode nos dizer uma maneira pela qual você consegue sentir isso?

Julie: Bom, é preciso intuir que o relacionamento promove seu crescimento. Uma coisa que notamos quando começamos nosso namoro foi como tínhamos melhorado nossa forma de orar. Eu pude sentir minha percepção espiritual a aprofundar-se. Meu crescimento espiritual realmente recebeu maior impulso. Não tive de justificar essa relação para comigo mesma, no sentido de procurar ou desejar que melhores qualidades estivessem presentes. Ela expressava harmonia e progresso espiritual. Ela já glorificava a Deus.

Michael: As emoções não eram exageradas; a relação foi sempre calma, mas nunca monótona! Ela pura e simplesmente era correta.

Nota da Redação: Existem, com certeza, muitas formas individuais de iniciar um namoro e de estabelecer amizades felizes e prósperas. Contudo os Cientistas Cristãos reconhecem que a melhor base, como em qualquer circunstância humana, é começar com a oração. A oração é o que dá orientação à nossa vida e nos realiza, estabelecendo no pensamento e no coração o relacionamento essencial com Deus. Ao nos tornarmos conscientes da nossa união com Deus como Seu reflexo, Seu filho amado, descobrimos que somos completos e também um forte sentido de sermos valiosos — estejamos ou não namorando ou tenhamos ou não um cônjuge. Deus permanece sendo o companheiro sempre presente para cada um de nós.

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