A Idéia O ofendeu. Eu lhe havia dito que a Mary Baker Eddy escreveu, em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “O desejo é oração. ...” Ciência e Saúde, p. 1. A reação dele me surprendeu, pois meu conceito de desejo era o de conhecer melhor a Deus e seguir Suas leis morais e espirituais.
Aquele amável clérigo viera visitar-me, após uma vizinha e amiga minha (membro da igreja dele) ter-lhe contado que eu estudava a Ciência Cristã e estava pensando na possibilidade de me filiar à Igreja da Ciência Cristã. Os pontos que ele abordou, durante suas três cordiais visitas, fizeram-me refletir seriamente e pesquisar em maior profundidade a Bíblia e os escritos da Sra. Eddy. As respostas que obtive satisfizeram-me mais do que o esperado e de fato uni-me à filial local da Igreja de Cristo, Cientista.
Muito embora eu não tivesse perguntado ao pastor por que a ligação que a Sra. Eddy fez entre desejo e oração o havia ofendido, pensei no assunto muitas vezes, depois disso. É bem possível que ele estivesse associando desejo a desejo sexual e, nesse caso, sua reação teria sido compreensível. Afinal, os desejos impulsionam as ações; e os desejos humanos nem sempre são os mais nobres. Nossos desejos freqüentemente precisam ser purificados, antes de poder guiar corretamente nossas ações. Quer estejamos conscientes disso quer não, nossos desejos dominantes, nobres ou ignóbeis, constituem nossas orações e determinam seus resultados. Com certeza, o clérigo teria se sentido mais tranqüilo se eu lhe houvesse mostrado o texto inteiro das palavras da Sra. Eddy: “O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações.”
Deus está sobremodo qualificado para elevar nossos desejos e guiar corretamente nossa vida. Só o Amor divino incorpóreo tem autoridade para governar o homem. Deus é nosso Pai-Mãe, nosso Criador, e cada um de nós, em seu verdadeiro ser, está completo nEle, como Seu reflexo espiritual; cada um de nós inclui em si mesmo todas as qualidades masculinas e femininas oriundas de Deus, bem como a capacidade de expressá-las. O corpo físico, embora seja a contrafação do homem real, submete-se à lei do Amor todo-harmonioso na proporção em que, individualmente, cultivamos o desejo de permitir que Deus, e não as sensações físicas, nos moldem os desejos.
Tua individualidade espiritual, teu ser verdadeiro, não é determinado pelo sexo a que pertences. Tua inteireza encontra-se na unidade espiritual com Deus. Assim, não és a metade de um homem, nem a metade de uma mulher, em separado de tua outra metade. Portanto, em vez de almejar ser completo, podes almejar compreender e expressar tua inteireza, hoje e todos os dias. Na realidade, tu já queres que teus desejos sejam moldados e satisfeitos de acordo com as leis justas e misericordiosas de Deus, pois apenas Suas leis podem trazer satisfação. Quando desejares, acima de tudo, conhecer a vontade de Deus e obedecer-lhe, e quando tiveres certeza de que não podes perder nada com isso, então saberás raciocinar inteligentemente sobre a sexualidade humana, de modo que esta não escapará ao teu controle nem virará tua vida de cabeça para baixo.
Ainda que a multiplicação da idéia de Deus, o homem, seja inteiramente espiritual e mantida eternamente por Deus, até que a humanidade compreenda integralmente a verdade espiritual da inteireza do homem e a ponha em prática, será necessária uma regra para a conduta sexual da humanidade, a fim de conseguir-se o ambiente mais seguro e mais saudável para o cuidado e a educação das crianças. Não se encontrou melhor sistema que o de restringir as relações sexuais ao âmbito do matrimônio legal entre um homem e uma mulher. E mesmo nesse caso, os dois, marido e mulher, precisam deixar que Deus lhes purifique continuamente os desejos, de modo que suas ações proporcionem o maior bem-estar possível e abençoem a eles mesmos e aos filhos.
O matrimônio visa a dar proteção aos indivíduos e às famílias contra os tristes resultados do desejo sexual irrefreado. A instituição do matrimônio desempenha papel preponderante no progresso da civilização. O Sétimo Mandamento bíblico, que diz: “Não adulterarás” Êxodo 20:14., visa a proteger o matrimônio no contexto da lei de Deus.
O Sétimo Mandamento proíbe as relações sexuais fora do casamento. É, porém, a lei espiritual subjacente a esse Mandamento, isto é, a verdade de que a pureza espiritual do homem nunca foi adulterada e nunca poderá sê-lo, o que faz com que verdadeiramente seja possível, prático e satisfatório para qualquer pessoa acatar esse requisito moral.
Seja qual for nossa situação atual no que concerne à obediência ao Sétimo Mandamento, podemos volver-nos humildemente a Deus para que Ele purifique nossos motivos e nossa vida. Podemos acalentar o desejo de expressar nossa inteireza e pureza espirituais como os filhos de Deus que somos. Cada um de nós pode prometer a si mesmo, não só abster-se de relações sexuais fora do casamento, mas também esforçar-se para que seus desejos não sejam adulterados. Em outras palavras, podemos dizer à sugestão sensual imprópria: “Não adulterarás” — “não adulterarás o senso que tenho de mim mesmo como espiritualmente impelido e satisfeito por Deus”; “não adulterarás o senso que tenho da preciosa individualidade espiritual dos outros”; “não me tentarás a ver outra pessoa como mero objeto físico”. E podemos olhar continuamente para Deus, com o desejo fervoroso de nos levarmos a sério, a nós mesmos e aos outros, como pessoas inteligentes, com pensamentos, capacidades, aspirações e sentimentos valiosos, inspirados e sustentados pelo Amor divino.
Os desejos que Deus nos dá são puramente espirituais. Cultivando-os, estaremos a salvo até mesmo de desobedecer mentalmente ao Sétimo Mandamento, a que Cristo Jesus se referiu quando disse que “qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração já adulterou com ela.” Mateus 5:28. Ao comentar esse ensinamento, a Sra. Eddy diz: “O pecado e a doença têm de ser concebidos no pensamento antes de poderem manifestar-se. Tens de dominar os maus pensamentos logo que surjam, do contrário serão eles que, em seguida, te dominarão. Jesus declarou que olhar com desejo para coisas proibidas, era violar um preceito moral. Ele dava grande importância à ação da mente humana, ação essa invisível aos sentidos.” Ciência e Saúde, p. 234.
Se deixares que Deus controle teus desejos, não perderás o controle. Não te deixarás dominar por desejos sensuais, e estarás alerta para te manteres longe de situações que poderiam insensatamente despertar desejos imorais em outras pessoas. Então o corpo não te controlará, mas sim Deus. E farás incidir o controle de Deus sobre todas as tuas relações humanas, de modo terno, prático, em completa satisfação.
