O que a levou a orar a respeito de seus relacionamentos? Quando eu estava no segundo ano da escola secundária, comecei a namorar um rapaz e a coisa acabou num envolvimento sexual. O mesmo aconteceu dois anos mais tarde, e depois na faculdade. Parecia que era assim que acontecia, sempre.
Sentia-me como se estivesse em alto mar, levada pelas correntezas. Eu não tinha controle sobre minha vida e não sabia realmente quem eu era. Queria conseguir o bem e a segurança, pois não me sentia segura. Em cada um desses relacionamentos sensuais, acho que fui arrastada por ficar empolgada. A coisa não parecia natural. Todavia, eu tinha um amor sincero pela Ciência Cristã e desejava orar para essa questão do sensualismo. Embora eu estivesse noiva de meu colega de faculdade, parecia que havia algo errado. Geralmente, também não me era fácil orar, pois me sentia muito atraída por ele. Só quem já sentiu esse tipo de atração pode descrevê-la.
O que você fez? Comecei a estudar alguns trechos específicos dos escritos de Mary Baker Eddy, especialmente dois artigos, “O que nossa Líder diz” e “Caminhos que são vãos”. Ver The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, pp. 210–213. É impressionante como esses dois artigos contêm idéias extremamente benéficas para quem está se sentindo à mercê do sensualismo. A Sra. Eddy diz: “Não há porta pela qual possa entrar o mal nem espaço que o mal possa ocupar na mente repleta de bondade.” Ali estava eu, de um lado, procurando encher minha mente de coisas boas e, do outro, sentindo-me arrebatada por esse relacionamento.
Lembrei-me de como Jesus advertiu Pedro de que o mal estava tentando “peneirar” a ele e aos outros discípulos. Ver Lucas 22:31. O sensualismo procura “peneirar” e tirar de nós a inocência, o propósito correto, o lugar certo. Todavia, como lemos no artigo “O que nossa Líder diz”, “a bondade resiste ao mal, independentemente da vontade”. Eu queria sentir-me segura nesse bem. Li em “Caminhos que são vãos”: “O que o erro quer é simplesmente ser deixado em paz. ...” Lembro-me de uma tarefa que esse rapaz e eu estávamos fazendo juntos. Havíamos decidido pintar o porão da casa de meus pais. Enquanto eu pintava, não conseguia literalmente segurar na mão o pincel de parede. Lembrei-me de uma frase de Ciência e Saúde, da Sra. Eddy: “A sensualidade paralisa a mão direita, e faz com que a esquerda deixe escapar o que é divino.” Ciência e Saúde, p. 142. A atmosfera estava carregada de sensualidade.
Será que essa foi uma reação pelo fato de você estar orando a esse respeito? Talvez parte de um processo de purificação? Tudo estava vindo à tona para ser curado. Sem o poder da oração, acho que eu teria desistido e deixado o barco correr. O poder da oração fez com que eu conseguisse resistir. Deu-me o incentivo e a força para procurar manter o autocontrole. Quando estive no Alasca, há alguns anos, subi numa plataforma para admirar um grande rio. Os salmões estavam subindo a correnteza e pulando cachoeira acima e todos estavam saltando num determinado lugar, bem estreito. Olhando de cima, como eu estava, podia-se ver que aquele era o único ponto onde eles tinham chance de conseguir pular. Escolhiam o lugar instintivamente. E era necessário muito esforço; não podiam simplesmente dar pulinhos ao pé da cachoeira. Assim como o salmão segue seu instinto ao subir o rio contra a correnteza, eu sabia que tinha de continuar me esforçando, também, para seguir minha intuição espiritual e manter-me livre das falsas atrações que sentia. Esse era o único jeito de conseguir minha liberdade.
Naquele momento em que você e seu noivo estavam no porão, parecia-lhe que o problema estava nele? Se ele simplesmente tivesse ido embora, seu problema estaria resolvido? Não, a cura precisava ocorrer dentro de mim. Eu é que devia seguir meu anseio pelo bem. Eu sabia que não estava construindo sobre um fundamento bom, ao passo que queria um relacionamento realmente sadio.
Você pensava sempre dessa forma, ou havia momentos em que dizia a si mesma: “Sim, eu quero o bem, mas tenho medo de ter de abrir mão de algo maravilhoso, em troca desse bem”? A sensualidade procura fazer com que você sinta estar perdendo algo maravilhoso quando renuncia a ela. Eu, porém, percebia que me sentia insegura naquele tipo de relacionamento e que não era o melhor para mim. Comecei a ver que era autodestrutivo continuar naquela relação. No artigo “Caminhos que são vãos”, eu li: “O propósito maligno do poder mental perverso, isto é, do magnetismo animal, é o de paralisar o bem e ativar o mal.”
Você teve de tomar a iniciativa de terminar esse noivado? Deixe-me contar o que aconteceu. Em determinado período, eu estava ativa na Organização Universitária da Ciência Cristã, em minha universidade. Encontrei uma de minhas amigas da Organização, certo dia, e disse-lhe: “Eu não agüento mais essa luta. Vou desistir. Tudo o que eu quero é ir com ele.” Ela fitou-me e retrucou: “Isso é magnetismo animal fazendo-se passar por você.” A atração física do sensualismo, que agia magneticamente, parecia ser meu próprio pensamento. Eu pensara que toda essa atração, todos esses pensamentos sensuais, eram meu eu. Mas consegui finalmente fazer a distinção entre minha identidade real, que inclui a inocência que Deus me deu, e todo esse problema de sensualidade. Essa foi realmente uma grande virada, porque me deu um ponto de apoio para curar um conceito falso. Foi como se tivesse caído uma máscara. Senti uma purificação profunda. Eu achava antes que ser sensual era simplesmente meu jeito de ser. Até suspeitara que fosse hereditário. Nenhuma característica sensual, seja qual for sua forma, faz realmente parte de nós.
Então, o que você fez depois disso? A essa altura, já tinha certeza de que aquele relacionamento não era certo. Meu noivo havia me convidado para um passeio de barco. Eu sabia que deveria me agarrar a tudo que aprendera na Ciência Cristã. Senti que seria o momento de tomar uma decisão.
Você não tinha certeza sobre que decisão tomaria? Não, não tinha certeza. Eu sabia o que deveria fazer. Mas a atração era tão forte que eu ainda não tinha certeza se queria, ou se conseguiria, romper o noivado. Uma amiga que eu costumava levar para a igreja, havia me lembrado daquele versículo simples e maravilhoso que diz: “Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.” 2 Tim. 1:7. Creia-me, eu estava precisando realmente de poder e de moderação. Agarrei-me a esse versículo da Bíblia como se fosse um salva-vidas. Aí tive uma certeza maravilhosa. Eu queria que o rapaz tivesse um relacionamento certo para ele, e eu, um que fosse certo para mim. Senti o desejo do bem para cada um de nós dois quando desembarcamos, começamos a andar e eu pedi a Deus que dirigisse minhas palavras.
Seu noivo não tinha idéia do que você estava para dizer? Não, eu disse que o considerava uma ótima pessoa, mas achava realmente que não deveríamos mais nos encontrar. Embora fosse a verdade, eu pensei que iria morrer ao dizer isso. Mas disse que queria romper nosso relacionamento. Era a coisa certa a fazer e ele a aceitou; depois fomos para casa.
Ele não fez nenhuma objeção? Acho que eu tinha orado tanto, que as coisas não poderiam ser diferentes.
Então você disse adeus e foi para casa; como se sentiu depois disso? Àquela altura eu me sentia muito forte. Sabia que tinha sido obediente. Todavia, precisei confiar muito, mas muito mesmo, em Deus, para continuar a me orientar pelo restante do caminho, porque ainda me parecia que tinha provavelmente estragado minha vida. Apesar de tudo, sabia que podia confiar em Deus. Ele estava me dirigindo passo a passo. Vi que precisava desenvolver um relacionamento mais íntimo com Deus. Tive de aprender mais coisas a respeito de minhas relações — por exemplo, ver que eu não era uma metade procurando pela outra metade para me tornar inteira. A sensualidade, porém, foi curada definitivamente.
Você teve depois outros relacionamentos desse tipo? Não. Quando conheci meu marido, o relacionamento só se tornou íntimo depois do casamento.
Como você traçaria a diferença entre a sensualidade e a intimidade sexual dentro do casamento? Bem, no matrimônio há um sentimento sadio de dedicação plena e de compromisso sincero, o compromisso de trabalhar em conjunto. Há um senso de equilíbrio e afeição, realmente. O sensualismo é baseado meramente na materialidade, enquanto que no casamento existe o reconhecimento do valor individual de cada um. As duas situações são realmente diferentes, por completo.
Você tem algo a dizer para quem estiver lutando contra a sensualidade? Não é inevitável que haja um vazio no coração, pela falta de companheirismo e de relacionamentos felizes. Acho que todos têm um padrão íntimo, o sentimento do que é certo, independentemente de quão sórdidas possam ter sido as circunstâncias de cada um. A oração, a oração sincera e colocada em prática, permite que sua verdadeira identidade espiritual venha à tona. O relacionamento que temos com Deus é o mais importante de todos.
