Há Algum Tempo, eu comecei a pensar no enorme progresso que se evidenciava na vida de minha filha. A cada ano ela parecia uma nova pessoa, com novos interesses, novas realizações e novos amigos.
De início, achei natural encarar isso como uma fase típica do processo de amadurecimento de uma adolescente. "É," pensei comigo mesmo, "vamos ver quando ela se tornar adulta e cair numa rotina. Como vai sentir saudades desta época!"
Comecei então a questionar o conceito de que a idade adulta implica necessariamente falta de progresso ou falta de desenvolvimento. Por falar nisso, será que a vida tem de ser assim, qualquer que seja a idade? O convívio em família, o trabalho, a escola, a igreja, será que todas essas atividades necessariamente deixam de progredir e se tornam sem inspiração? Ou somos nós que permitimos isso?
Podemos fazer essas mesmas perguntas a respeito de nossa oração. Será que às vezes nos damos conta de que nossas orações estão caindo na rotina e não temos a menor expectativa de que elas realmente produzam algum resultado, ou seja, elas estão se transformando no que Tiago denomina "fé sem obras"? Tiago 2:20. Será que a oração eficaz, inspirada e inspirativa tem de ser uma rara exceção ou ser mais natural para os outros do que para nós? Se esse parece ser o caso, o que é que nós podemos fazer?
Podemos começar nos perguntando o que é que estamos realmente tentando fazer ou realizar quando oramos. No capítulo dedicado à oração, em seu livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Sra. Eddy pergunta: "Quais são os motivos para a oração?" Ciência e Saúde, p. 2.
Podemos compreender muita coisa a partir de nossa resposta. Será que estamos motivados pela perspectiva de conseguir que Deus forneça, adapte, substitua ou mesmo elimine alguma coisa para nós? Ou será que o que nos impulsiona é o desejo de obter uma compreensão mais profunda de Deus e de nosso relacionamento com Ele, para que possamos começar a ver Sua criação como ela é realmente? Esses são dois pontos de partida muito diferentes para a oração.
Em uma aula sobre como devemos orar, Cristo Jesus identifica o ponto de partida correto da seguinte maneira: "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas." Mateus 6:33.
A Ciência Cristã ensina que, para abordarmos a oração cientificamente, precisamos começar reconhecendo a perfeição do Espírito infinito, Deus. Raciocinando a partir desse ponto, podemos começar a questionar aquilo que talvez tenhamos aceitado como a evidência "inquestionável" de uma criação muito dessemelhante de Deus. Certamente uma criação incompleta, decaída, exaurida, destrutiva ou destruída não emanaria de um Pai-Mãe Deus que é todo bondade. Partindo desse ponto de vista espiritual, podemos começar a eliminar a fixação errônea que temos a respeito do que pensamos não possuir ou não poder fazer, na condição de mortais que lutam pela sua vida, e podemos começar a aprender mais sobre o que em verdade possuímos e podemos fazer como descendentes espirituais de Deus.
Um homem que conheço fez exatamente isso. Estava sentindo que grande parte de seu dia-a-dia havia se tornado uma rotina monótona. Essa sensação de rotina transformou-se rapidamente num senso de vazio e de infelicidade, chegando ao ponto em que, mesmo seus repetidos esforços para orar pareciam desanimados, sem inspiração e ineficazes.
Ao volver-se para o livro Ciência e Saúde, leu a seguinte frase: "Se no presente estamos contentes na ociosidade, temos de aprender a abominá-la." Ciência e Saúde, P. 240. De início ele pensou: "Ociosidade? E todo o tempo e o esforço que dediquei à oração devido a este problema? Se estou com a sensação de que minha vida e minhas orações se transformaram numa rotina, isso sem dúvida não tem nada a ver com ociosidade!" Mas à medida que ele refletia sobre esse trecho, repentinamente começou a encarar a ociosidade a partir de um ângulo diferente.
Suponhamos que um alpinista empregue seu tempo andando ao redor de uma montanha. Depois de despender muito tempo e energia caminhando, por engano pode ser que ele pense que está, ou que deveria estar, progredindo. Mas a não ser que sua atividade esteja se desenvolvendo na direção certa, isto é, a não ser que esteja subindo ao menos um pouco, ele certamente não está progredindo como alpinista. Será que ele não precisaria primeiramente ficar insatisfeito por andar em círculos, se quisesse então redirecionar seus passos e subir? Esse homem percebeu que seu desejo de mudança havia sido motivado por nada mais do que o mero desejo de melhorar uma rotina humana.
Isto é, a não ser que esteja subindo ao menos um pouco, ele certamente não está progredindo como alpinista.
Quanto à sua oração, ele agora percebia a necessidade de não se dar por satisfeito ao ficar simplesmente repetindo e recapitulando conceitos antigos e expressões que ele conhecia, pois isso certamente não poderia lhe trazer progresso. Percebeu que se tratava realmente de ociosidade mental disfarçada de progresso. Era como se ele estivesse andando ao redor da montanha.
Ele também aprendeu que a oração que leva a progredir começa com a motivação e com o firme compromisso de nos elevar espiritualmente, com o anseio sincero de adquirirmos uma visão nova e revigorada de Deus e de Sua bondade presente, e não com o mero desejo errôneo de corrigir ou substituir um aspecto aparentemente defeituoso da criação. Com essa motivação correta fundamentando sua oração, a vida dele logo adquiriu um novo significado e novas oportunidades emocionantes começaram a surgir para ele.
Podemos perguntar a nós mesmos: "Será que o Amor divino faria com que eu me sentisse menos do que inspirado? Será que as energias do Espítio poderiam ser exauridas por uma atividade de elevação espiritual? Será que Deus, a Mente infinita, poderia alguma vez ser caracterizado por idéias estagnadas e limitadas?" Para Deus, tais situações são impossíveis. Se estamos nos identificando corretamente como semelhança, ou reflexo, de Deus, tais fatos têm um significado real e nos transformam. Será que nosso progresso não se torna natural, até mesmo inevitável, quando nos dedicamos de todo o coração a compreender melhor a Deus e nossa relação com Ele?
Sim, o progresso é natural. Mas um compromisso de todo o coração com Deus, significa que estamos dispostos a obedecer sem reservas à nova orientação e a aceitar as mudanças em nossa atividade humana, que essa oração de progresso espiritual necessariamente nos revela. Em outras palavras, não podemos continuar caminhando em volta do sopé da montanha e escalá-la ao mesmo tempo!
Maneiras humanas de pensar e agir há muito acalentadas e arraigadas precisam ser questionadas sob todos os ângulos. Precisamos compreender que uma rotina maçante nada tem em comum com a oração diária realmente inspirativa. Em realidade, será que a falta de vontade de contestar a maneira rotineira de pensar não denota uma traiçoeira resistência ao progresso e ao crescimento espiritual?
É essencial detectar e eliminar a apatia, que resiste à espiritualidade, se quisermos realmente seguir o exemplo de Cristo Jesus. Quando mantemos nossos pensamentos e nossas ações em harmonia com o Cristo, a Verdade, substituindo o egoísmo pelo altruísmo, a confusão mental por frescor e originalidade, a rotina humana pela espontaneidade espiritual, estamos participando da atividade espiritual purificadora que revela a verdadeira natureza do homem, expressando amor, saúde, liberdade, enfim, a semelhança de Deus. Lemos em Ciência e Saúde: "A purificação do sentido e do eu é prova de progresso." Ibidem, p. 324.
Essa purificação espiritual traz uma renovação perceptível e um avanço em cada faceta de nossa vida. Ela traz cura. E será que pode haver medida melhor do que a cura, para identificar a oração eficaz e que traz progresso? Será que deveríamos nos contentar com menos do que isso?
Nosso firme propósito de adquirir uma compreensão melhor de Deus, bem como de compreender e acolher a ação purificadora e transformadora do Cristo em nossa vida, levar-nos-á à trilha correta do progresso. E é um indício seguro de que já estamos escalando a montanha!
