Você Já Sentiu alguma vez que o padrão de comportamento cristão é elevado demais para a sociedade de hoje? Eu já, com certeza. Lembro-me de minha professora da Escola Dominical dizendo-me: "Jesus queria que cada um de seus seguidores tivesse uma vida de total obediência a Deus — que cada um fosse perfeito!" Ao ouvir essas palavras pensei que eu jamais atingiria esse ponto. Nunca seria perfeito.
Eram demais as oportunidades de ser imperfeito. Meus irmãos estavam sempre me provocando. A prova do colega ao meu lado era tão fácil de ser vista, que eu não podia deixar de copiá-la. Além disso, eu sempre perdia a calma, respondia aos mais velhos ou fazia algo errado — mesmo quando queria ser bom.
Eu pensava: "Que adianta tentar?" Deixei de ler a Bíblia, de ir à Escola Dominical e simplesmente ia atrás dos amigos e daqueles que estavam à minha volta. Entretanto, continuava me incomodando a sensação de que, embora eu quisesse amar a Deus, não conseguiria fazer parte do time dEle.
Quando eu estava na faculdade, comecei a ler partes da Lição Bíblica semanal que consta no Livrete Trimestral da Ciência Cristã. Tomava os devidos cuidados para que meus amigos não me vissem, pois poderiam pensar que eu era uma pessoa esquisita, diferente. Encontrei alguns versículos interessantes na Bíblia sobre a vida de Cristo Jesus, nos relatos de João. Um deles começa assim: "Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos." O Mestre estava querendo que eles participassem totalmente da vida cristã. Este foi o trecho com o qual pude me identificar: "Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso, quem o pode ouvir?" E mais adiante: "À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele." João 6:53, 60, 66. Eu entendia, realmente, como devia ser duro abandonar tudo — trabalho, amigos, uma vida normal — para seguir Jesus como discípulo cristão.
Descobri que Mary Baker Eddy também nos lançou alguns desafios no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde. Por exemplo: "Não somos Cientistas Cristãos enquanto não deixamos tudo por Cristo." Ciência e Saúde, p. 192. Como poderia eu fazer do Cristo o pão da vida, abandonar tudo por ele e ainda ter prestígio com meus amigos, encontrar um emprego formidável e ser normal?
Será que eu não poderia ser apenas "meio Cristão" e ir à igreja em ocasiões especiais? Eu sabia que a Ciência Cristã cura — pois já havia comprovado seu efeito sanador muitas vezes, tanto na vida de membros da família quanto na minha própria. Sabia também que era certo me volver a Deus para que Ele me governasse. Mas, deixar tudo por Cristo?
Durante um período, deixei novamente de ler a Bíblia e Ciência e Saúde. Entretanto, ao ouvir os professores, durante as aulas, comecei a ver que o mundo precisava de cura em muitos aspectos: crianças famintas, tortura, terrorismo, poluição. Por isso comecei a participar de grupos para salvar as baleias, salvar a terra, salvar Netuno e Plutão, e tudo que se possa imaginar. Pensei: "Agora sim, eu estou realmente fazendo alguma coisa!"
Contudo, eu ainda era perseguido por pensamentos sobre como poderia expressar meu amor a Deus e realmente envolver-me em tudo o que Ele é.
Aos poucos, voltei a ler a Bíblia. Descobri que Jesus ressaltou dois mandamentos para governar todas as nossas ações: amar a Deus e amar o próximo. Li sobre os discípulos de Jesus, especialmente sobre Pedro, e vi que eles não eram tão perfeitos. Às vezes, Pedro fazia algo errado, mesmo quando tentava fazer o correto. Continuava, porém, tentando melhorar e tornou-se um grande sanador e ajudou muitas pessoas. Comecei a ver que a coisa mais importante seria esforçar-me diariamente para, cada vez mais, ser a semelhança de Deus, para expressar a Deus em qualquer coisa que eu fizesse.
Não seria necessário eu vestir uma túnica de saco e viver em uma caverna, para amar a Deus. Eu poderia simplesmente me esforçar, todos os dias, para perdoar mais, ser mais amável, mais honesto e mais cristão em tudo o que fizesse. E isso seria possível porque eu já era a semelhança de Deus. Não estava tentando ser aquilo que eu nunca seria. Estava tentando expressar o que já era verdade para a criação de Deus. Afinal, foi exatamente isso que Cristo Jesus veio nos mostrar.
Ao expressar melhor, a cada dia, a semelhança de Deus, eu também estaria apto a orar com mais eficácia para ajudar a solucionar os problemas do mundo. O livro Ciência e Saúde diz: "Aqueles que estão dispostos a deixar suas redes ou a lançá-las para o lado direito — o lado da Verdade, têm oportunidade, agora como outrora, de aprender e praticar a cura cristã." Ibidem, p. 271. Não tinha de deixar, literalmente, todas as coisas. Tinha somente de lançar o meu estilo de vida para o lado certo. Em outras palavras, podia voltar à Escola Dominical, consciente de que estava tentando melhorar, isto é, ser mais semelhante ao Cristo.
Minhas explorações pela Bíblia e pelo livro-texto da Ciência Cristã, ao invés de insuportáveis viagens pelo sentimento de culpa, tornaram-se jornadas através da causa espiritual de todas as coisas, o Amor divino. Ao permitir-me praticar, a cada dia, um cristianismo mais consagrado, eu não estava perdendo nada — nem oportunidades, nem amigos, nem a vida. Estava, isso sim, aumentando minha compreensão sobre a forma mais eficaz de auxiliar o mundo, o próximo, a família e a mim mesmo.
Continuo a ter desafios na vida. Entretanto, estou melhorando em minha capacidade de dar provas do poder da cura cristã e de ajudar a mim mesmo e ao meu próximo por meio da oração. Aprendi que posso obedecer às leis de Deus. Cada dia consigo expressar um pouco mais da perfeição criada por Ele. E posso contribuir para que o mundo melhore.
