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Aceitar a cruz, mas não a perda

Da edição de fevereiro de 1996 dO Arauto da Ciência Cristã


Os Seguidores De Cristo Jesus, nos dias de hoje, são muito parecidos com a maioria das pessoas. Eles dormem e comem, trabalham e fazem compras, lêem e interagem nas questões comunitárias. Em outros aspectos, porém, são profundamente diferentes. As noções que eles têm sobre Deus e o homem, o arrependimento e o perdão, o mal e o paraíso, embora com diversidades individuais, constituem uma visão bastante singular da existência, diferente daquela que é generalizada neste planeta. Eles são diferentes também pelos sentimentos que à vezes têm. Eles experimentam o tipo de sentimento que o Fundador do cristianismo também teve.

Por exemplo, Jesus lutou com algumas das emoções humanas mais penosas, no jardim do Getsêmani, pouco antes da crucificação. É compreensível que qualquer um, até mesmo esse servo de Deus jamais igualado, recuasse ante a possibilidade de ser pregado numa cruz. Ele orou para que esse cálice lhe fosse poupado. Sofreu em agonia, talvez tenha chorado. Mas se submeteu, por fim. Renunciou a toda a vontade pessoal, a toda e qualquer relutância em enfrentar esse horrível acontecimento.

Os seguidores de Jesus se identificam com esses sentimentos. Alguns chegaram até a ser literalmente crucificados. Através dos séculos, os cristãos enfrentaram, às vezes com torturas, o sofrimento que Jesus suportou. Ocasionalmente, ouvimos comentários de que os ensinamentos da Sra. Eddy não dão muito valor àquilo que a cruz simboliza. Esses críticos decerto não examinaram com seriedade as obras que ela escreveu, especialmente o capítulo "Reconciliação e Eucaristia", em Ciência e Saúde.

Em seus escritos, porém, essa discípula fiel de Jesus leva seu amor pelo Salvador até o desfecho vitorioso da carreira do Mestre, em vez de parar naquilo que parecia ser uma sombria derrota. Ela mostra como a disposição dele, de aceitar a cruz, também deu ao Cristianismo um fundamento seguro e permanente.

Nós também enfrentamos uma variedade de experiências similares à crucificação, que incluem a renúncia a opiniões pessoais, às quais nos apegamos com força, muitas vezes com obstinação. À primeira vista, uma experiência dessas pode parecer simplesmente uma decisão difícil de ser tomada, até mesmo extremamente difícil. No entanto, o processo de ceder à vontade divina é muitas vezes mais árduo do que lidar com uma dor física. Esse processo, porém, pode nos fazer crescer sobremaneira. Por exemplo, certo rapaz estava em dúvida quanto a aceitar determinado cargo na igreja. Era uma decisão difícil de tomar. Essa espécie particular de crucificação o forçou por fim a deixar de lado, ainda que dolorosamente, aquilo que seu sentido pessoal queria e, dessa forma, fez com que ele desse lugar à vontade divina. A oração profunda que ele teve de fazer, para chegar a uma decisão difícil como essa, tornou-se uma experiência de elevação espiritual que substituiu os sentimentos anteriores de dúvida e incerteza. Ele não perdeu nada e ganhou muito.

A cruz pode simbolizar a profundidade daquelas lutas íntimas que nos levam à renúncia de nossa vontade pessoal, mesmo quando isso é dolorosamente difícil, e fazem com que experimentemos a renovação espiritual que traz consigo um maior reconhecimento da vontade de Deus. Ao aceitar essa faceta da cruz, se estivermos preparados para, no mais profundo de nosso ser, concordar realmente com o significado da oração: "Faça-se a Tua vontade", alcançamos uma vitória que pode ser correlacionada à experiência da ressurreição.

Esse tipo de oração espiritualiza nossa vida. Fortalece nossa alegria pela realidade de Deus. Descobrimos que é possível começar a sair do "túmulo" da vontade pessoal. Constatamos que, enfrentando honestamente essa cruz, ganha-se a coroa. Aprendemos a desafiar os sentimentos pessoais de depressão e pesar, dúvida e frustração, desânimo e mágoa. O poder que fez Jesus se levantar do túmulo tem igualmente a capacidade de elevar os sofredores de hoje para que vençam seus vários problemas, que são certamente de menor vulto.

Os Cientistas Cristãos têm profundo apreço pela luta íntima por que Jesus passou. Mas ele também nos mostrou o significado da vitória. Podemos aceitar a alegria da coroa, após ter tido a coragem de superar a suposta mentalidade pessoal que pretende existir em separado da Mente divina. Contudo, é possível que nos achemos lutando desnecessariamente com outra questão difícil que Jesus teve de enfrentar. Nós, Cientistas Cristãos, acreditamos que houve algo mais penoso para Jesus do que sua crucificação física. Talvez estejamos sentindo essas preocupações adicionais, embora não da forma como Jesus esperava ou queria que sentíssemos.

A Sra. Eddy explica que, maior do que o sofrimento com a crucificação em si, foi a angústia que Jesus sentiu frente à possibilidade de se perder aquilo que ele estava tentando ensinar à humanidade, a respeito de Deus e do homem. Ela escreve: "O peso daquela hora foi mais terrível do que humanamente se pode conceber.. .. Não foi nem a lança nem a cruz material que lhe arrancaram dos lábios fiéis o lamento: 'Eloí, Eloí, lamá sabactâni?' O que o angustiava era a possível perda de algo mais importante do que a vida humana — a possível má interpretação da influência mais sublime de sua carreira. Esse pavor acrescentou a gota de fel ao seu cálice."Ciência e Saúde, pp. 50–51.

A intensidade daquilo que o Salvador sentiu no Getsêmani foi descrita pelo Evangelho de Lucas como uma oração de agonia: "E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra." Lucas 22:44. Esses pensamentos dolorosos ecoam através dos séculos e ainda se fazem sentir. Experimentamos às vezes uma espécie de pavor, ou até desespero. Talvez não entendamos esses sentimentos e de onde vêm. É possível até que eles influenciem o modo como percebemos os acontecimentos da vida. Sua origem verdadeira pode ter raízes no temor sub-reptício de que a Ciência divina ou algo que nos é muito caro possa perder-se para o mundo. Essa é uma espécie de empatia com a questão similar que Jesus teve de resolver.

Mas as lições que a vida do Mestre nos legou e os ensinamentos da Ciência Cristã revelam uma diferença concreta, entre as experiências de crucificação, que levam à vitória espiritual, e o temor, nesta era, de que o próprio Consolador possa ser perdido. A Ciência divina é o Consolador que Jesus prometeu, dizendo que ele nos ensinaria todas as coisas e que estaria para sempre conosco. É a nossa disposição de beber o cálice de Jesus que traz, em certa medida, a ressurreição para nossa vida. Essa é justamente a razão pela qual a Ciência divina não vai se perder. A ressurreição pela qual Jesus passou assegurou-lhe que não haveria perda. João registra suas palavras: "A vontade de quem me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia." João 6:39.

É necessário que aceitemos a cruz. Não é necessário que aceitemos a perda. Pode ser que haja momentos em que os Cientistas Cristãos se sintam tão próximos à vida de Jesus, que até compartilhem com ele os sentimentos que precederam à crucificação. Deixam, porém, de fazer a correta distinção entre as obrigações da cruz e a capacidade de não consentir com a perda.

Às vezes, o medo da perda está ligado especificamente a questões sobre a Sra. Eddy e como deve ser definido seu lugar na história. Dentro de seus próprios escritos, podemos encontrar a orientação que acalma todo pensamento de temor, de que sua vida seja mal compreendida. Nossa Líder explica: "Aqueles que me procuram em pessoa, ou em qualquer outro lugar que não seja nas minhas obras escritas, perdem-me, em vez de encontrar-me. Espero e confio que vós e eu possamos nos encontrar na verdade e ali conhecermo-nos uns aos outros, e conhecer como somos conhecidos por Deus."The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 120.

Não é fácil deixar de lado nossas opiniões pessoais a respeito de onde temos certeza de encontrar nossa Líder. O processo de recorrer aos seus escritos, e confiar menos em qualquer uma das diversas perspectivas sobre a última palavra a respeito de quem ela realmente é, pode ser extremamente difícil. Contudo, aceitar a ordem de nossa Líder, de encontrá-la em seus escritos, é o que melhor abriga nossa visão da revelação e protege-nos de perder de vista aquela que, nesta época, recebeu essa revelação para a humanidade.

Embora seja absolutamente necessário que os Cientistas Cristãos permaneçam fiéis a Cristo Jesus e aos ensinamentos da Sra. Eddy, o temor contínuo, arraigado e não vencido, de que o Consolador possa ser perdido, é algo que acaba por distorcer ou obscurecer a paz natural e a alegria espiritual que advém de nosso amor pela Ciência divina, a segunda vinda do Cristo, a Verdade. O medo e a sugestão insistente de fracasso tendem a se autoconfirmar. Nossa vida deveria ser preenchida com a expectativa inteligente de que a oração "Seja feita a tua vontade", colocada em prática, efetue todo e qualquer ajustamento que se fizer necessário, no momento certo. Essa oração ajuda a resolver questões que causam medo, desconfiança, suspeita sobre o que poderá ocorrer com o Consolador.

Existem muitos motivos para estarmos seguros de que a Ciência divina está poderosamente arraigada em nossa época. Podemos ter a convicção firme de que os Cientistas Cristãos são capazes de aprender, pela oração, a difícil e profunda lição de ceder à vontade de Deus. Com esse fundamento, não haverá perda do Consolador para o mundo.

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