Você Já Imaginou como seria estar verdadeiramente sem pecado? Algum engraçadinho talvez diga que não seria nada divertido! Porém, se formos sinceros, admitiremos que a maioria de nós já sofreu bastante por condescender com várias formas de pecado, como raiva, inveja, imoralidade, egoísmo, ou algum outro comportamento que não tenha conseguido controlar. Qualquer pessoa que já tenha sofrido a angústia do pecado poderá imaginar que não ter nenhum pecado deve ser um paraíso.
Sentir-se no paraíso é realmente a expressão correta, porque Deus é isento de pecado. Ele é totalmente bom, aliás, é o bem infinito. Isso significa que não há nenhuma forma de pecado em Deus. Esse fato nos compele a pensar seriamente em nossa verdadeira natureza. Toda a criação de Deus existe para sempre na Mente divina, que é imaculada e que tudo inclui. Por isso, nossa verdadeira identidade, a identidade que Deus criou e que mantém em Si mesmo exatamente agora, tem de ser pura, sem pecado.
Agora a pergunta é: como é que essa verdade espiritual transcendental nos capacita a vencer os pecados com os quais nos defrontamos diariamente? Recentemente, eu tive uma percepção mais profunda desse assunto, ao lutar contra um sentimento de raiva. O comportamento de certa pessoa estava me causando muitos problemas. Eu perdia bastante tempo, pensando em que atitude deveria tomar com relação ao pecado dela. Em busca de orientação, volvi-me ao livro Ciência e Saúde, da Sra. Eddy. Li a seguinte afirmação, nos Artigos de Fé da Ciência Cristã: "Reconhecemos que o perdão do pecado, por parte de Deus, consiste na destruição do pecado e na compreensão espiritual que expulsa o mal por ser este irreal. A crença no pecado, contudo, será castigada enquanto ela perdurar."Ciência e Saúde, p. 497.
Trata-se de uma declaração que, sem dúvida, contém muita coisa a ser considerada mas, nessa leitura, o que realmente me chamou a atenção foi a expressão "a crença no pecado". Naquele momento eu compreendi que o problema não era tanto o pecado da outra pessoa, como parecia ser, mas sim minha crença nesse pecado e a maneira como eu reagia a ele. Percebi que o que eu realmente precisava era estar consciente da bondade e do controle de Deus. Somente isso destruiria minha crença no pecado como realidade e me libertaria do pecado da raiva, que era o resultado de minha crença.
A realidade absoluta e a totalidade de Deus são a base sobre a qual se apóia o ensinamento fundamental da Ciência Cristã, de que o mal e o pecado são irreais, ou seja, não estão em Deus e não provêm dEle. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: "Se o pecado, a doença e a morte são tão reais como a Vida, a Verdade e o Amor, então todos eles têm de provir da mesma fonte; Deus tem de ser seu autor. Ora, Jesus veio para destruir o pecado, a doença e a morte; no entanto, as Escrituras afirmam: 'Não vim para revogar, vim para cumprir.' Como então é possível acreditar que os males para cuja destruição Jesus viveu, sejam reais ou o produto da vontade divina?"Ibidem, p. 474.
A gloriosa verdade que Cristo Jesus provou ao mundo é exatamente esta: a compreensão de que o mal não provém de Deus e, por isso, não é real nem tem poder, é o meio de destruir o mal. O pecado básico está em acreditar em uma realidade separada de Deus, ou seja, em ter outro deus. Acreditar que alguma coisa possa separar-nos do amor de Deus, ou corromper a bondade de Sua criação, é acreditar em um poder separado do poder divino. Quando acreditamos em alguma coisa, essa crença afeta nosso comportamento. Por exemplo, às vezes é impossível acreditar no pecado e não ficar nervoso ou frustrado, triste ou amedrontado. Mas como podemos deixar de acreditar em alguma coisa que parece tão real e prejudicial, e colocar toda a nossa confiança em Deus, o bem?
Temos a orientação e o exemplo de Jesus. A Bíblia diz que "foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado." Hebreus 4:15. Observemos como Jesus manifestou incomparável pureza, quando estava na cruz. Seus inimigos o insultaram, menosprezaram e crucificaram por ele ter amado, curado e feito com que as pessoas se voltassem para Deus. Se alguém já teve motivo para sentir raiva e medo, se alguém já teve motivos para acreditar que o pecado era real e terrível, esse alguém foi ele. Os Evangelhos deixam bem claro que ele lutou e sofreu grande aflição, nessa experiência. Contudo, não cedeu à tentação da ira ou do medo. Ele disse: "Pai, perdoalhes, porque não sabem o que fazem. " Lucas 23:34. E a evidência irrefutável do amor redentor e salvador de Deus foi dada à humanidade com a vitória e a graça da Páscoa, ou seja, com a prova que a ressurreição de Jesus forneceu, de que o pecado e a morte não têm poder.
O pecado não é uma opção para o filho de Deus, e o Cristo, a Verdade, nos despertará a todos para esse fato.
Tudo o que Jesus ensinou e demonstrou deixou evidente que também nós poderíamos superar a crença no pecado. Com suas parábolas e ensinamentos ele instruiu seus seguidores a vigiar constantemente o pensamento, a admitir como legítimo apenas o bem (isto é, aquilo que procede de Deus), e a rejeitar como falso tudo o que difere de Deus. Ele disse que deveríamos negar a nós mesmos diariamente, tomar nossa cruz e segui-lo. Ele nos assegurou que poderíamos ser perfeitos porque nossa origem está no Pai único, perfeito.
Obviamente, superar todo o pecado é uma ordem e tanto. Ela nos ajuda a perceber, contudo, que não temos realmente opção nesse campo. Como Deus é isento de pecado, a causa e a fonte de toda identidade, e conseqüentemente de nossa verdadeira natureza, é isenta de Não podemos deixar de expressar a bondade, a pureza e o amor universal, porque eles são nossa verdadeira natureza. O pecado não é uma opção para o filho de Deus, e o Cristo, a Verdade, nos despertará a todos para esse fato.
Ajuda-me pensar que negar o próprio ego e seguir a Cristo são os dois passos essenciais para superar o pecado. Em primeiro lugar, precisamos com firmeza e persistência negar que o pecado seja necessário, ou que exista qualquer satisfação, conforto, alívio ou prazer nele. Somente a bondade é necessária e satisfaz à boa criação de Deus. O segundo passo é seguir a Cristo, a idéia divina da Vida, afirmando constantemente que todos somos descendentes do Pai único e perfeito, que nossa verdadeira natureza é imaculada e que, como filhos sagrados de Deus, cada um de nós aprecia apenas as coisas do Espírito. Então precisamos viver de acordo com esses fatos espirituais. Em minha própria experiência percebi que, depois de ter orado com base nessa linha de raciocínio, senti maior paz. Foi-me bem mais fácil confiar todos os filhos de Deus a Seu cuidado e correção.
Mas, talvez alguém pergunte: "O que fazer com aquele pecado antigo, que já parece fazer parte de nós mesmos ou de alguma outra pessoa, e que aparentemente não tem como ser corrigido?" Ora, o Cristo está à altura de qualquer necessidade, por maior que ela pareça ser. Talvez possamos recomeçar nossa oração com o pedido de que Deus nos perdoe por crermos no pecado, em uma mente separada dEle. Essa humildade pode abrir nosso pensamento para que reconheçamos claramente que Deus é a Mente infinita, única, sem pecado, e que inclui todas as identidades. Não pode haver uma única identidade pecadora em Deus, da mesma forma como não pode haver um trecho de escuridão na luz infinita.
Quando aceitamos, ainda que em certo grau, a idéia de que não pode haver realidade fora de Deus, nós desarraigamos a pretensão de legitimidade do pecado. Talvez gradativa mas inevitavelmente, sentiremos então o que significa a verdadeira pureza; sentiremos também um pouco do amor e do perdāo que Jesus demonstrou, bem como a presença e o poder de Deus, elevando-nos acima da crença no pecado.
Vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da
noite, nem das trevas. Assim, não durmamos como os
demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios.
I Tessalonicenses 5:5, 6
 
    
