John P Wiley Jr., redator da revista Smithsonian (publicada pelo museu de Ciências Naturais em Washington, D.C., EUA), em sua coluna literária,Smithsonian, abril de 1996, pp. 130–132. fala de um ramo das pesquisas atuais sobre meio ambiente, que focaliza "a deterioração do ecossistema". Acredita-se que essa degradação do meio ambiente e a correspondente extinção de espécies de plantas e animais são uma consequência direta da fragmentação dos hábitats naturais da terra.
O Sr. Wiley chama a atenção para as observações cuidadosas de David Quammen em seu esplêndido novo livro "The Song of the Dodo" (O canto do pássaro Dodô). O tema central da tese do autor refere-se às causas subjacentes daquilo que ele abertamente denomina "a extinção de espécies em um mundo esquartejado". O autor sugere que a teoria da desagregação do ecossistema, apresentada no livro de David Quammen, aplica-se especificamente "a todos os hábitats fragmentados, isto é, a todos os hábitats" (o grifo é nosso).
Recordo-me de uma ocasião em que eu estava iniciando uma viagem de canoa por um trecho de um rio num Estado na região norte dos Estados Unidos. (O conhecido poeta Thoreau viajara por esse mesmo trecho e escrevera suas memórias de viagem havia mais de um século.) O amanhecer prometia um perfeito dia de verão. Tudo expressava beleza, serenidade, inteireza. Mas, exatamente ao lado da rampa de descida dos barcos, havia uma placa, advertindo sobre o perigo de se comer os peixes daquela parte do rio. Níveis elevados de dioxina proveniente de resíduos despejados no rio anos antes, ainda afetavam a qualidade da água e as espécies de peixes do rio Penobscot. Compreendi que isso precisava de cura. Hoje dou-me conta de que esse é um exemplo claro do tipo de fragmentação a que David Quammen se refere.
Algo fragmentado é algo que foi partido em pedaços, algo que ficou separado, desconectado, incompleto, imperfeito. Essa quebra às vezes parece ocorrer na vida pessoal de alguém, de forma tão destrutiva como nos hábitats da terra. Sentimentos de fragmentação podem também afetar nossa visão interior do que é realmente importante na vida e influi em nossas atitudes exteriores para com o mundo em que vivemos fisicamente. De fato, em todo e qualquer esforço para resolver os problemas ecológicos que nos desafiam hoje em dia, será bom levar em consideração que, quando a vida e a percepção individual das pessoas estão, elas próprias, distanciadas daquilo que é genuinamente importante, inspirador e valioso, inevitavelmente ocorrem flagrantes exemplos de desagregação do meio ambiente. Quando o modo de pensar de uma sociedade está fragmentado, alienado, ela acaba aceitando conceitos e perspectivas de vida incompletos acerca do verdadeiro propósito e valor da vida. Com isso, o ambiente em que as pessoas vivem, em que elas influenciam e no qual diariamente atuam, tornarse-á também partido em fragmentos e perturbado.
Existe, todavia, um meio de sanar pensamentos fragmentados, de regenerar vidas desagregadas, de reconstruir ambientes prejudicados. A solução encontra-se em uma atitude espiritual, aquela que está intimamente ligada ao nosso próprio relacionamento individual com Deus. Essa solução espiritual é a oração que afirma a verdade de um Deus perfeito e de Sua impecável criação. Apóia-se nas leis de Deus para transformar, regenerar e curar a mente humana, a vida humana e o corpo humano, e também o corpo de nosso planeta.
Essas leis de Deus, com sua aplicação prática na experiência humana, são explicadas pela Ciência Cristã. Essa Ciência do Cristo mostra a importância de se fazer a relação correta entre as questões essenciais que hoje em dia estão chamando a atenção das ciências naturais, e as perspectivas metafísicas da religião e do conceito que a humanidade tem acerca de Deus. A Ciência do Cristo é uma Ciência, vital, passível de ser provada em todos os aspectos da vida terrena. Em sua obra principal, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: "Durante séculos — ou por outra, desde sempre — a ciência natural não foi considerada como parte de qualquer religião, sem excetuar o cristianismo. Mesmo hoje, há multidões que são de opinião que aquilo a que chamam ciência não tem propriamente qualquer conexão com a fé e a piedade. Os ensinamentos de Cristo não estão envoltos em mistério, nem são teóricos e fragmentários, mas práticos e completos; e por serem práticos e completos, não estão privados de sua vitalidade essencial." Ciência e Saúde, p. 98.
Ao contrário da crença popular, qualquer segmento das ciências naturais, inclusive a ecologia, pode corresponder, e corresponderá, à verdade espiritual. Os pesquisadores e cientistas físicos são imensamente beneficiados quando compreendem o amplo alcance das leis de Deus e, por conseguinte, aplicam essas leis à solução de qualquer problema com que se defrontam.
"Os ensinamentos de Cristo" incluem verdades cruciais a respeito da natureza de Deus, mostram que Ele é inteiramente bom, é Espírito infinito, é o Princípio e o Amor universal. Revelam que a criação de Deus reflete a própria natureza do Criador. Tudo o que Seu reino contém é naturalmente bom, espiritual, puro, sadio, e tudo está incluído nesse reino. Existe, assim, uma eterna continuidade no puro bem que a criação divina expressa naturalmente, uma união indestrutível de todas as criaturas com a Vida divina, uma integridade inviolável de tudo o que Deus estabeleceu para refletir Sua natureza. Na Bíblia, o Salmista sem dúvida sentiu a presença envolvente e o poder criador de Deus quando cantou: "Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam." Salmos 24:1.
Na verdade, o homem criado por Deus e o universo de Deus são permanentemente semelhantes a Ele. A totalidade e integridade espiritual de toda vida, a inquebrantável relação de cada criatura de Deus com Ele Próprio, expressam a lei divina que, compreendida, transforma o modo pelo qual vemos o mundo que nos cerca.
Quando nosso pensamento é purificado pelo Cristo e governado pela verdade espiritual, expressando o propósito espiritual de Deus, refletindo ideais espirituais, ele não pode ser fragmentário nem desconexo. Nossa união consciente com Deus capacita-nos a demonstrar a totalidade e vitalidade daquilo que Deus cria no homem Isso, por sua vez, faz-nos apreciar todo o bem que se manifesta no planeta Terra. A idéia completa e una que expressa a Vida não inclui nem deterioração nem desagregação. A expressão da Vida, bem como a atmosfera e o ambiente do Amor divino, não estão jamais separados de tudo o que é bom e puro.
Ao orar dessa forma, e ao viver dessa forma, surgem as idéias necessárias para poder mudar o mundo que nos cerca. Essa oração e essa compreensão espiritual são meios poderosos para reverter a aparente desagregação dos ecossistemas. São meios poderosos para sanar um planeta fragmentado.
 
    
