"Nunca Mais Se ouvirá de violência na tua terra, de desolação ou ruínas, nos teus termos." Isaías 60:18. Essa profecia bíblica nos promete, para este mundo atual, o que muitas pessoas acreditam só existir num futuro distante, no céu. Cristo Jesus, porém, não disse que nossa vida deveria ser uma espera tediosa por um céu futuro. Ele afirmou: "Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós." Lucas 17:20, 21.
Essa declaração descreve um estado mental que inclui a percepção de que o bem, Deus, está sempre presente e é onipotente. Quando Jesus afirmou: "Eu e o Pai somos um", João 10:30. não estava reivindicando para si direitos exclusivos de relacionamento com Deus, pois ele também nos ensinou a orar: "Pai nosso, que estás nos céus." Mateus 6:9. É o relacionamento do homem com o Pai, nossa união com a Mente divina, que nos assegura a possibilidade de sentir a harmonia do céu em nossa experiência de vida atual. Demonstramos essa união à medida que aprendemos a pensar e agir a partir da Mente única.
A presença de Deus não é fisicamente percebida, nem é nosso ser verdadeiro alguma coisa predominantemente física, à qual foi adicionada uma pitada de espírito como tempero. O fato de que nossa verdadeira identidade é de todo espiritual traz uma satisfação enorme. Descobrimos esse fato quando expressamos de forma altruísta o amor, a inteligência, a verdade e a mansidão. Quando nossos pensamentos e atos para com as outras pessoas expressam a presença constante do Amor divino, eles nos protegem da violência e do medo e neutralizam suposto poder. O poder do Amor divino, compreendido e demonstrado em nossa própria experiência, revela que o céu está ao nosso alcance, agora.
Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy nos fornece a seguinte interpretação espiritual para a palavra céu: "Harmonia; o reino do Espírito; governo pelo Princípio divino; espiritualidade; felicidade; a atmosfera da Alma." Ciência e Saúde, p. 587. O medo não tem lugar na "atmosfera da Alma". Quando compreendemos que a onipresença de Deus é a presença da Mente divina, nos conscientizamos de que Deus não nos abandona quando precisamos dEle, ou seja, nunca deixa de estar conosco. O medo é uma suposição errônea, uma negação da onipresença da Mente. Quando nos convencermos de que o poder de Deus está sempre presente e impulsiona a ação de Seus filhos sempre, nossa vida se tornará mais pacífica e nossa tranqüilidade será sentida pelos outros.
Certa vez, por exemplo, quando me encontrave sozinha em uma pequena Sala de Leitura da Ciência Cristã, um homem entrou com a intenção de roubar. Dando murros no ar, fazendo menção de atingir-me no rosto, ele perguntou quanto dinheiro havia em caixa. Quando lhe respondi: "Muito pouco", ele disse que poderia esmagar meu rosto contra a parede. Por um momento senti-me amedrontada, mas o medo dissipou-se quando comecei a conversar sobre Deus com aquele homem. Ele parou de me ameaçar com seus gestos e começou a me ouvir.
Mostrei-lhe a Bíblia e também Ciência e Saúde e deixei-o ler nesses livros trechos que afirmavam que seu ser era espiritual. Ele permaneceu comigo meia hora, fazendo perguntas e ouvindo-me falar sobre as oportunidades que ele também tinha, de fazer e receber o bem.
Ele foi embora sem roubar a Sala de Leitura e sem me agredir. O fato de eu ter me libertado do medo e meu desejo de reconhecer esse homem da mesam forma como Deus o conhecia, ajudou a trazer à tona sua espiritualidade e anulou as intenções de roubo e violência. Ao chegar à porta, ele virou-se e disse que gostaria de voltar algum outro dia para conversar comigo novamente. Ele me agradeceu por ter falado com ele de uma forma como nunca ninguém havia falado antes.
Quando nossos pensamentos e atos para com as outras pessoas expressam a presença constante do Amor divino, eles nos protegem da violência e do medo e neutralizam seu suposto poder.
Com certeza todos os que estão lendo este artigo gostariam de libertar o mundo do pensamento destrutivo que, não apenas procura induzir ao roubo, mas também incita desordens coletivas, origina caprichos e obstinacão nas crianças bem como negligência e inépcia nos pais. A ignorância, a luxúria, o egoísmo, a sensualidade, o ódio e a inveja podem ser eliminados pelo reconhecimento e demonstração da proximidade e bondade da Verdade e do Amor, que constituem o reino dos céus em nós.
Não existe um tremendo poder do mal, rondando por aí, contra o qual parecemos impotentes. O argumento que pretende promover a guerra é exatamente o mesmo que tenta atrapalhar o relacionamento com nosso cônjuge, nossos filhos e nossos amigos. Não precisamos buscar fora de nossa própria consciência os elementos para curar a guerra e o crime. Mágoas, inveja, cobiça, desejo de controlar tudo, vingança, ignorância, crueldade, ou seja, todas as fases da crença em uma mente separada de Deus, não apenas procuram acabar com a harmonia e colocar o céu num futuro distante, mas também tentam causar doenças e acidentes. Se permitirmos que dominem o pensamento, acabarão em guerra e crime.
Mas essas fases da crença são eliminadas se permanecermos no amor altruísta e constante, refletindo o Amor divino. Por estar permanentemente no Amor, Cristo Jesus andou por entre multidões hostis, sem que o ferissem. A busca persistente de elevação espiritual em nosso pensamento e em nossa vida nos proporcionará a segurança que ele demonstrou.
O Amor divino comunica-se com cada um de nós constantemente e todos nós podemos estar cientes disso. Às vezes essa comunicação apresenta-se sob a forma de tomarmos consciência de nosso próprio valor; em outras ocasiões, como percepções espirituais que nos alertam para a necessidade de redenção. Muitas vezes essas mensagens se apresentam como pensamentos distintos, indicando alguma atitude específica a ser tomada. Ciência e Saúde nos explica que essas manifestações da Verdade espiritual. às quais a Bíblia se refere como anjos, são intuições espirituais.Ibidem, p. 581. Esses anjos não são visões que se têm apenas uma vez na vida mas sim, estão sempre aqui, em abundância, à disposição de todos quantos desejarem recebê-los.
Mas, então, o que é que desobedece e ameaça? É a crença falsa em uma inteligência ou poder separado de Deus. A Ciência Cristã explica que não pode haver onipotência, se o bem e o mal tiverem o mesmo poder. Entretanto, Deus, o bem, é onipotente, e está provado que o mal nada mais é do que a crença de que o bem possa estar ausente. Essa crença não tem inteligência para fundamentá-la.
Quando Jesus curava os doentes, expelia demônios, acalmava o mar, ele não procurava alterar o estado físico das pessoas ou dos elementos naturais. Ele conseguia vê-los corretamente através da onisciência da Mente divina. Ele via o homem da forma como Deus o havia criado, mesmo que à crença falsa a pessoa parecesse ser cega, muda, aleijada ou pecadora. E por meio do poder do Amor divino, a perfeição da criação de Deus tornava-se visível pela cura.
Não foi acaso esse mesmo poder do Amor o que me protegeu e também ajudou o visitante da Sala de Leitura? Quando compreendi sua verdadeira identidade, ele reagiu da mesma maneira como alguém reage ao sentir a fragrância de uma rosa. Ficou mais atento à verdadeira natureza de si mesmo, a semelhança da Alma.
Houve um momento naquela experiência em que minha fé foi testada. No instante em que eu estava sentindo mais medo, recebi um telefonema de meu marido. Consequi fazê-lo perceber que eu estava sendo ameaçada. Ele me perguntou: "Você quer que eu chame a polícia?" Esse foi meu teste. Será que meu amor a Deus e ao homem criado por Ele era suficiente para eliminar toda dúvida? Sim, era. O medo desvaneceu-se e eu passei a ver ali apenas um visitante, a quem eu desejava explicar a identidade espiritual de cada um de nós. Não consegui responder "sim" à pergunta de meu marido.
Que vitória sobre a hostilidade e o medo! Os efeitos do medo foram anulados pela compreensão da identidade espiritual do homem. Ciência e Saúde diz: "Tudo o que mantém o pensamento humano em linha com o amor abnegado, recebe diretamente o poder divino." Ibidem, p. 192.
Eu não saberia dizer o que meu visitante aprendeu, mas estou certa de que eu demonstrei para mim mesma que, a não ser que acreditemos no mal, este não tem como se manifestar. Eu vi aquele homem incluído no amor de Deus e fiquei profundamente cônscia de que o mal não poderia se tornar alguma coisa nem em meus pensamentos, nem fora deles. Assim o céu, o "governo pelo Princípio divino", prevaleceu.
Isso não demonstra que, quando entendemos, mesmo que só um pouco, a perfeição da criação de Deus, começamos a sentir segurança e harmonia? Viver de acordo com a lei do Amor divino é uma resposta prática ao ódio e à agressão e, aos poucos, revela a harmonia do céu em nossa vida atual.
