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O Evangelho de Márcos em nossa vida

Na décima parte, lemos que cinco mil pessoas foram alimentadas com fartura, ao ar livre, com apenas uns poucos pães e peixes. Se deixarmos de lado a magnitude dessa demonstração por um instante, perceberemos que esse é também o primeiro de uma série de acontecimentos relacionados com comida e alimentação, que vão resultar em mais controvérsia e incompreensão.

As obras poderosas: Jesus fala sobre pureza e sobre migalhas — Marcos 7:1-30 (Parte 11)

Da edição de dezembro de 1999 dO Arauto da Ciência Cristã


7:1-23 Procedentes de Jerusalém, os fariseus e alguns escribas aproximaram-se de Jesus. Vendo que alguns dos discípulos dele comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar. . . eles começaram a criticar esse procedimento. Para eles, a lavagem era uma maneira de se purificar. Como viviam na presença de Deus, eles queriam ser puros. Os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos. Essa tradição começara com os sacerdotes, mas acabou incluindo todas as pessoas. Havia muitas outras coisas. . ., como a lavagem de copos, jarros e vasos de metal, cujo objetivo era evitar que o alimento se contaminasse durante as refeições.

Interpelaram-no os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar? Não se tratava de uma pergunta banal. Os fariseus estavam manifestando uma preocupação genuína com a maneira de viver dos judeus. Por serem muito rígidos, eles não admitiam nenhuma condescendência quanto à pureza religiosa. Era o que os guia da sociedade secular. A seu ver, se Jesus e os seus discípulos pregavam, eles deveriam também cuidar de sua conduta.

Jesus respondeu: Hipócritas! Como Isaías estava certo quando falou a respeito de vocês! Conforme A Bíblia na Linguagem de Hoje. dando a entender que Isaías havia se referido a pessoas como eles. Ele disse que eles honravam a Deus com os lábios, mas o seu coração estava longe dEle. .. em vão adoravam a Deus, ensinando. .. preceitos de homens. Eles guardavam a tradição dos homens. Aqueles que eram encarregados de proteger a lei haviam complicado essa mesma lei com as suas próprias interpretações e optado por seguir as tradições humanas, como a de lavar potes e copos e fazer outras coisas semelhantes.

Para esclarecer o que dizia, Jesus deu um exemplo, mostrando como eles haviam rejeitado o preceito de Deus, num esforço para guardar a própria tradição, que divergia do preceito divino. Ele lhes lembrou que Moisés havia dito: Honra a teu pai e a tua mãe — claramente uma ordem de Deus, uma lei divina. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã. . . Corbã, um termo que não possui tradução, indicava algo reservado para ser dedicado a Deus e, por isso, proibido para qualquer outro uso. Não implicava necessariamente levar alguma coisa ao templo, só deixá-la reservada. Esse tipo de declaração eximia um filho da responsabilidade de cuidar dos pais ou de torná-los beneficiários das suas propriedades. Corbã implicava um compromisso que não poderia ser modificado, mesmo que as circunstâncias mudassem. Provavelmente Jesus não estava exagerando ao dizer que, então, os filhos estariam dispensados de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe, em violação direta à lei de Deus. E fazeis muitas outras coisas semelhantes.

E para resumir a explicação, convocando ele, de novo, a multidão, disse-lhes: Ouvi-me, todos, e entendei, pedindo que eles ouvissem com atenção e que acreditassem nas palavras dele. E declarou: Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai do homem é o que o contamina. Ele estava deixando claro que as coisas que se originam dentro das pessoas, como os seus pensamentos e as suas ações, têm uma possibilidade muito maior de contaminá-las e devem preocupar mais do que o fato de alguém tomar alguma coisa em um copo sujo. A criação de Deus é boa. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.

Em uma mudança abrupta de cenário, Jesus entra em casa com os seus discípulos, que o interrogam acerca da parábola. A resposta de Jesus é dura. Assim vós também não entendeis? É como se ele perguntasse: “O que é que vocês não entenderam nessa parábola?” Não obstante, ele amavelmente repete a sua explicação. Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar. .. ?

Ao dizer isso, Jesus declarou que todas as comidas eram “puras”. Contudo, parece que os seus seguidores acreditavam que isso era radical demais para ser colocado em prática; eles continuariam a se debater com esse assunto por muitas décadas ainda.

A lista que se segue exemplifica aquilo que constitui a verdadeira impureza: os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura, ou seja, as coisas que fazem com que alguém se torne indigno de estar perante Deus.

7:24–30 Tendo terminado de ensinar sobre o alimento, Jesus dirigiu-se às terras de Tiro e Sidom, no território dos gentios e entrou numa casa. Tentou permanecer sem ser notado, pois queria que ninguém o soubesse; no entanto, não pôde ocultar-se. A notícia de que ele estava ali, se espalhou.

Quase imediatamente, uma mulher, cuja filhinha estava possessa de espírito imundo, tendo ouvido a respeito dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés. Ela era grega, de origem sirofenícia, ou seja, uma mulher que não era judia e que era, pela tradição hebraica, impura. Não era nada comum uma mulher aproximar-se de homens estranhos e lhes falar. Contudo, a sua grande necessidade se sobrepôs ao estrito decoro social. A mulher rogava-lhe que expelisse de sua filha o demônio.

Mas Jesus lhe disse: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Mais parecendo uma rejeição direta, a resposta de Jesus veio sob a forma de um enigma. Os estudiosos por muito tempo estremeceram com a aparente dureza dessa resposta. Ansiando por salvar alguma coisa das palavras de Jesus, eles sustentam que o termo “cachorrinhos”, por estar no diminutivo, significa filhotes, ou seja, é um tratamento carinhoso. Mas os cachorros eram, em realidade, animais de rua, sujos. Esse termo era às vezes utilizado pelos judeus como uma referência insultuosa aos gentios, enfatizando a sua presumida impureza. Um simples “não” teria sido melhor.

Consideremos o enigma. Não está Jesus identificando os judeus como filhos, na alegoria? A eles é que devem ser dirigidos os benefícios de Deus, não a essa mulher pagã. Não é bom tomar os benefícios, as curas, dos judeus e jogá-los a esmo aos cachorrinhos que, nesse caso, são a mulher e a sua filha.

No entanto, essa mulher pagã e impura tem uma filha cujo bem-estar está em jogo. Assim, a mulher responde a Jesus: Sim, Senhor; mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças. Ela não só entende o enigma e as suas implicações, mas amplia o seu significado, utilizando a referência aos cachorros em seu próprio benefício. Esses cachorros estão sentados próximo das crianças e são pacientes, mansos e têm esperança, tanto quanto ela.

De certa forma, ela aceita a rejeição, mas insiste no seu pedido. A alegoria de Jesus é correta, mas a mulher assegura que nela há lugar para ela e sua filha, mesmo que seja somente pelas migalhas que sobram.

Reconhecendo seu próprio lugar na orla do reino de Deus, ela insiste em que, sem dúvida, existe apenas uma possibilidade de cura para a sua filha. Os filhos, os judeus, já estão comendo, como foi bem ilustrado pelas cinco mil pessoas que foram alimentadas, e sobrou muito alimento! Eles não sofreriam se uma migalha caísse no chão, ao passo que isso faria muita diferença para a sua filha. E a sua persistência foi recompensada.

Jesus então lhe disse: Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu de tua filha. Assim, quem venceu não foi o engenho daquela mulher, mas sim a sua compreensão, aparentemente muito maior do que a compreensão dos discípulos, no episódio da lavagem das mãos. Voltando ela para casa, achou a menina sobre a cama, pois o demônio a deixara. Seu pedido tinha sido atendido.

O maior pesadelo dos fariseus está se tornando realidade. As fronteiras entre judeus e gentios foram postas à prova e estão caindo. Primeiramente, com respeito à maneira de se alimentar e de selecionar alimento; agora, através dessa mulher pagã impura, cujo nome desconhecemos, que tem uma grande necessidade e uma compreensão ainda maior! Contudo, surgirão mais exemplos e desentendimentos, na próxima parte desta série, à medida que Jesus continua sua jornada pelo território dos gentios.

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