CERTOS LUGARES NO mundo parece que não mudam nunca, como os majestosos Alpes, na Europa, a espetacular Cordilheira dos Andes, no oeste da América do Sul, o deserto de Sonora, no México. Ou as cataratas do Rio Zambezi, na África, ou o maior monólito do mundo, a Rocha de Ayers, na Austrália. Parece que permanecem iguais para sempre.
No entanto, com o passar dos séculos, eles estão se modificando. Que dizer dos povos que viveram nessas regiões? Eles também, progrediram e se modificaram, de ano a ano. E o conceito que o mundo tem de Deus também se modificou, junto com as transformações geológicas e culturais. Em quase todos os casos, a idéia que a humanidade faz acerca de Deus evoluiu, através de milhares de anos, começando com deuses da natureza e depois superdeuses antropomórficos, e daí a um Deus único que castiga, e finalmente ao único Deus, que é Amor (ver 1 João 4:16).
O que é que mudou, através dos anos: Deus, ou os conceitos que as pessoas tinham de Deus?
Do ponto de vista da humanidade, a vontade de Deus pode parecer diferente este ano, em relação ao ano passado. Mas será que Deus, o Amor todo-poderoso e a Verdade eterna, pode ser tão caprichoso, a ponto de modificar Sua verdade, de um dia para o outro?
Deus, a Verdade divina, nunca muda. A Verdade é eterna. Os Alpes suíços talvez algum dia sejam desgastados pela erosão, mas a lei de Deus, a Verdade, é perpétua, porque Deus não é material. Deus não é físico, sob nenhum aspecto. Ao contrário, Deus é Espírito. O poder de Deus é somente bom. A lei da bondade de Deus em nossa vida é suprema, não só superior a algo que não tenha tanto poder, mas suprema, sem rival. É bom sabermos que temos algo em nossa vida que é completamente confiável, inteiramente imutável, ou seja, a Verdade.
“Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu. A tua fidelidade estende-se de geração em geração” (Salmos 119: 89, 90). As leis e regras divinas são elementos básicos do fato que só há um Deus. Existe somente um Deus infinito, portanto somente uma lei, uma regra do bem, uma legislação de harmonia para todos nós, para sempre. O que mantém a lei de Deus imutavelmente intacta é a onipotência da Verdade, e não a personalidade humana. Por isso a lei de Deus não tem altos e baixos, ou subidas e descidas, mas permanece constantemente em plena potência.
O homem de Deus, o verdadeiro você ou eu, também é permanente. “O reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17:21). Em outras palavras, o reino de Deus, que inclui estatutos de amor e perfeição, se expressa em nós. Como Deus é Espírito, Sua expressão, o homem, é espiritual. O homem é a idéia de Deus. As idéias não são materiais. O homem criado por Deus não é físico e mutável, mas é tão permanente quanto Deus. Pense em como Deus nos ama, a ponto de criar o homem eternamente perfeito e espiritual, bom e livre da matéria e de suas assim-chamadas leis.
A oração coloca nossos pensamentos e nossa vida em linha direta com a realidade perfeita e espiritual de Deus (e do homem). O efeito da oração é o de curar e restaurar. Mas será que o homem espiritual e perfeito precisa de cura? Não. Ele já é perfeito. Então, o que é que a oração faz por nós? A oração inspirada e humilde revela como Deus, a Verdade, fez o homem para sempre como Seu reflexo impecável, como a idéia amada de Deus. “A oração não pode modificar a Verdade inalterável, nem pode a oração, por si só, dar-nos a compreensão da Verdade; mas a oração, de par com um desejo fervoroso e constante de conhecer e fazer a vontade de Deus, há de nos conduzir a toda a Verdade”, nos explica Ciência e Saúde (p. 11).
Como a oração não “modifica a Verdade inalterável”, por que a lei de Deus não flutua, a única coisa que sobra para ser modificada é o nosso conceito da realidade e nossa maneira de expressar esse conceito. A oração troca as falsas crenças acerca de Deus e do homem pela compreensão espiritual da Verdade. Quando nossos pensamentos refletem a Verdade, é inevitável que nossa experiência também o faça. O pensamento e a experiência estão conectados. Por isso é importante cultivar “um desejo fervoroso e constante de conhecer e fazer a vontade de Deus”, a fim de não nos iludirmos e de que nossa vida não se baseie naquilo que é falso.
Uma vez, quando eu era adolescente, caí de dois metros de altura, sobre um grande rochedo. Aterrizei sobre minhas costas. Contudo, apesar de a rocha (e meus ferimentos) parecerem sólidos e permanentes, minhas orações me revelaram que Deus e a criação espiritual de Deus eram verdadeiramente as únicas coisas reais e sólidas. O fato de Deus ser Espírito e o homem ser espiritual não quer dizer que não tenham substância. O Espírito e suas idéias espirituais são reais, tangíveis ao sentido espiritual. Eles são totalmente substanciosos.
Honestamente, eu podia dizer que nem Deus nem meu eu real, espiritual, jamais haviam sofrido modificações. E não existia nada que pudesse fazer-me crer que fosse diferente. A única coisa que podia ocorrer era a constante lei de Deus em ação, mantendo-me como Sua perfeita expressão. Quando admiti essa verdade espiritual, a Lei de Deus, da perpétua harmonia, teve efeito no meu pensamento e na minha experiência, e logo fiquei curado.
Tanto a face da terra quanto a idéia que a humanidade tem sobre Deus podem mudar. Mas a lei de Deus jamais muda. Deus não é perpetuado pelo homem. A verdade não é afetada pela opinião humana nem pela história humana. “Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti” diz a Bíblia (Isaías 54:10).
Cabe a nós descobrir que a legislação de Deus, “o reino dos céus”, já está dentro em nós. Então veremos em nossa própria experiência que os fatos do ser verdadeiro são, e sempre foram, o fundamento que sustenta nossa vida.
    