DURANTE MINHA INFÂNCIA no Brasil eu sempre estivera a par das atividades de minha família a favor de maior justiça na sociedade e igualdade entre as raças. Meu bisavô, há mais de um século, era um ardente abolicionista e exerceu bastante influência, em sua época, para a libertação dos escravos e para proporcionar-lhes uma vida mais digna.
Se bem que o Brasil tenha sido um dos últimos países da América a abolir a escravatura, sua história não está impregnada de ódio racial violento, como ocorreu em outros países escravocratas, e não apresenta formas evidentes e acirradas de segregação. Mas seria ingenuidade pensar que o problema da discriminação racial está na iminência de desaparecer.
Há muitos anos, quando fazia pouco tempo que eu morava nos Estados Unidos, tive um vislumbre da grande distância que ainda faltava percorrer nesse terreno. Durante um jantar, de repente me dei conta de que, pela primeira vez na minha vida, eu estava sentada ao lado de um comensal que era negro. Foi um surpreendente despertar, pois percebi que apesar de todos os sentimentos de amizade que eu sentia pela raça negra, eu estivera inconscientemente rodeada de uma sutil desigualdade social que se traduzia em discriminação racial. Fiquei chocada ao reconhecer que as diferenças sociais dessa natureza eram tão insidiosas quanto a segregação legal.
Faça o login para visualizar esta página
Para ter acesso total aos Arautos, ative uma conta usando sua assinatura do Arauto impresso, ou faça uma assinatura para o JSH-Online ainda hoje!