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Matéria de capa

Regente

Da edição de março de 2000 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando eu era criança, ao tocar piano ou violino, não pensava no fato de ser uma menina. Eu só me via como uma musicista. Sempre quis ser regente, desde pequena. Jamais havia visto uma mulher regendo mas, na minha imaginação, achava que seria maravilhoso estar no lugar do maestro. Não pensava que isso fosse fora do comum, mas outras pessoas ficavam admiradas.

Tive a felicidade de viver num país onde não existia nenhuma barreira para uma mulher estudar regência. Como me saía bem nos exames, tinha o dom da música e demonstrava entusiasmo, os professores ficavam encantados por me ensinar.

Contudo, ao ingressar na profissão, houve barreiras. Algumas foram facilmente transpostas. Certa vez, preparei o coro para a segunda sinfonia de Mahler e apresentei-o a um maestro. Quando o coral começou a cantar, ele os interrompeu e, voltando-se para mim, perguntou: "Quem preparou esse coral?"

Respondi: "Eu"

Ele disse: "Não, não, eu perguntei quem foi o homem que fez os ensaios?"

E eu retruquei: "Fui eu."

Aí ele disse: "Como pode ser? Eles são muito bons."

Ele simplesmente nunca havia imaginado que alguém pudesse ser regente a não ser um homem. A sociedade ainda não espera que mulheres façam certas coisas. As pessoas não vêem as mulheres em posições que tradicionalmente são masculinas.

Entretanto, tem sido um grande prazer ajudar minhas alunas a seguirem em frente. Várias estão tendo oportunidades que eu não tive, mas que as jovens estão começando a ter. Uma delas foi recentemente nomeada Regente Adjunta da Sinfônica Nacional em Washington, portanto, há esperança.

Meu conselho às mulheres que estão lutando para realizar seu potencial na regência, seria este: ninguém deveria seguir carreira na música, se não se sentir compelida a isso, quase como se fosse algo sagrado. Se alguém deseja ser músico ou maestro para ficar famoso, essa pessoa não tem o motivo correto. A maioria das mulheres não será famosa nesse campo, porque a estrutura do mundo da música, neste momento, favorece os homens. Reger uma orquestra está associado à força, e esta está associada à figura masculina. Ceio que as mulheres também são fortes. E, com essa convicção, tenho conseguido reger no mundo todo, ter um cargo num grande conservatório, trabalhar em muitas partes do mundo onde não existem maestrinas — esse é um exemplo para outras mulheres, nesses lugares.

Não tive, entretanto, as oportunidades que meus colegas homens tiveram. Era fácil para os gerentes dizerem: "Veja, nossa cidade ainda não está preparada para uma mulher." Não estou dizendo que deveria ter sido escolhida para esses postos. Mas acho que deveria ter tido a oportunidade de concorrer. Existe algo que ainda impede a sociedade de avaliar as mulheres em termos de seus talentos e realizações.

Houve um cargo para o qual sequer me foi permitido candidatar-me, por ser mulher. E poderia ter entrado com uma ação na justiça. Mas, ao invés disso, decidi reger em outros lugares. Decidi continuar a fazer música — alegria.

Em alguns países onde trabalhei, em que não havia nenhuma mulher regente, foi recebida maravilhosamente bem, pela crítica, pela platéia, pela gerência. Numa ocasião, quando os componentes da orquestra descobriram que havia sido contratada uma mulher para reger, decidiram entrar em greve. Contudo, no final, acabaram tocando para mim. A reacão inicial deles estava baseada somente no mito, não na realidade do que nós significávamos uns para os outros, como músicos.

Uma das maravilhas da música é que ela abre um campo para muitos tipos de pessoas — e certamente tanto para homens como para mulheres — a fim de se unirem. A arte é absolutamente sem barreiras.

A atividade criativa relaciona-se a criação de Deus. Na música, comunicamo-nos através de tons que têm um efeito extraordinário sobre como podemos participar do mundo, com alegria. A arte é uma das maneiras grandiosas de podermos ter uma conexão espiritual uns com os outros.

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