HÁ QUATRO ANOS, eu e um amigo planejamos um longo passeio de bicicleta durante um feriado. Sou um ciclista inveterado e, naquela época, andava regularmente de bicicleta, principalmente para apreciar a beleza da paisagem.
Havíamos andado aproximadamente um terço do percurso quando, por um descuido meu, bati de frente com outro ciclista. Isso aconteceu numa curva fechada, quando nós dois andávamos a uma velocidade razoável. Eu havia avançado sobre a faixe de direção oposta. Felizmente, o outro ciclista só sofreu alguns arranhões. Mas eu bati o rosto diretamente no guidão da bicicleta dele, fraturando vários ossos. A pancada me deixou inconsciente, fui socorrido e levado para o hospital da Universidade da Califórnia, em um veículo que dava atendimento a emergências.
Eles demoraram várias horas para conseguir localizar minha família. Quando minha esposa chegou ao hospital à noite, eu já havia recobrado a consciência, embora não pudesse falar por causa dos tubos em minha boca. Minha esposa conversou com os médicos. Eu e ela estávamos orando, e ela havia pedido que um praticista da Christian Science também orasse para mim e apoiasse nossas orações. Nós orávamos de um modo geral, porque ainda não sabíamos exatamente o que havia acontecido: orávamos buscando a orientação de Deus, Eu sentia o tempo todo que estava nas mãos de Deus.
Durante três dias os médicos me avaliaram fisicamente, fizeram radiografias e exames. Por fim, concluíram que eu estava com várias fraturas no rosto, e que meu maxilar havia quebrado em dois lugares. Disseram que eu deveria submeter-me a uma grande cirurgia facial, que incluiria a implantação de placas de metal para segurar os ossos no lugar. E esses implantes seriam permanentes. Sugeriram que eu esperasse dez dias para o inchaço diminuir, após o que as placas seriam implantadas.
Depois de conversar com os médicos, achamos que eu não precisava ficar no hospital esperando o inchaço diminuir, e eles concordaram conosco. Após assinar a documentação necessária fui liberado, e concordamos em que eu voltaria em dez dias para marcar a cirurgia.
Minha aparência não era das melhores. Minha família até brincava comigo, dizendo que eu parecia um pugilista que havia perdido a luta. A atmosfera tranqüila de nossa casa nos proporcionou, a mim particularmente, a oportunidade de orar com um enfoque mais preciso. Quando tenho algum problema, seja ele físico ou de qualquer outra natureza, procuro ouvir a Deus. Procuro deixar que Deus me guie à idéia específica, sobre a qual eu preciso ponderar, idéia essa que, por sua vez, solucionará o problema. Acredito que, em vez de ficar orando genericamente, quanto mais específicos pudermos ser, tanto mais poderemos concentrar nosso pensamento na verdade curativa mais adequada à situação. Às vezes é bom entender a opinião geral a respeito de um problema físico, para poder orar mais especificamente.
Nesse caso, estudei textos que afirmavam que não pode haver acidentes na criação perfeita de Deus. Esse estudo me fez ponderar sobre o fato de que Deus mantém intacta Sua criação, da qual eu faço parte. E a identidade que Deus me havia dado permanecia intacta.
Em um ou dois dias, minha oração levou-me a dar um passo prático. No acidente eu havia quebrado um dente e, por isso, marquei uma consulta com um dentista, para arrumar o dente. Eu sabia que voltaria a comer normalmente, e por isso me pareceu lógico restaurar esse dente. Eu começava a perceber que nossas orações já estavam tendo um efeito importante na recuperação do meu rosto. Assim, em vez de mostrar ao dentista as radiografias que haviam sido tiradas no hospital, deixei que ele tirasse novas radiografias. Mentalmente apeguei-me à idéia de que o único diagnóstico real poderia ser encontrado no primeiro capítulo do Gênesis: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; ...Deus viu tudo o que fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis 1:27, 31).
O dentista recomendou que fosse feito algo para estabilizar o maxilar, e sugeriu que ele fosse preso com fios de metal. Como ele não fazia esse tipo de trabalho, sugeriu-me um especialista, com o qual marquei uma consulta. Acho que, naquela hora, tive a certeza de que não voltaria ao hospital para a cirurgia facial recomendada pelo médico. Em cerca de uma hora o especialista conseguiu estabilizar o maxilar, sem precisar aplicar anestésico.
Nas três semanas seguintes, tomei as refeições com o auxílio de um canudinho. O praticista nos dava muito apoio e orava conosco todos os dias. Eu continuava orando, procurando concentrar minha atenção e meu pensamento nos fatos que fundamentavam meu relacionamento com Deus. Lembro-me especialmente de uma passagem da Bíblia que diz: “Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados” (Isaías 40:4).
Li com muita atenção o quinto capítulo de Ciência e Saúde, intitulado: “Desmascarado o Magnetismo Animal”. Há um parágrafo do qual eu gostava particularmente, pois fala da nossa “declaração de independência” espiritual: “Deus dotou o homem com direitos inalienáveis, entre os quais estão o governo de si mesmo, a razão e a consciência. O homem só é propriamente governado por si mesmo quando bem guiado e governado por seu Criador, a Verdade e o Amor divinos” (p. 106). Como eu estava me apoiando na oração para a cura, e não na recomendação dos médicos, essa idéia de governar-me a mim mesmo por meio da orientação de Deus era muito importante para me mostrar o que pensar e o que fazer. Havia muitas outras idéias úteis nesse capítulo, que me mostraram como orar e ouvir a Deus.
A idéia de governar-me a mim mesmo por meio da orientação de Deus foi muito importante
Sei que o propósito da oração é alinhar nosso pensamento com o pensamento de Deus. O pensamento de Deus é sempre perfeito, e Seu ser é sempre perfeito. Conseqüentemente, pelo fato de estarmos sempre na presença de Deus, também somos perfeitos, sempre. Às vezes, um incidente como o que houve comigo faz com que essa idéia pareça totalmente falsa, e exige que realinhemos nosso pensamento. Em realidade, nada está ocorrendo fisicamente. Trata-se apenas de um ajuste mental. No caso dos ossos fraturados no rosto, concentrei-me mentalmente, buscando retificar os locais tortuosos por meio desse estudo espiritual.
A cura progrediu maravilhosamente. Os ossos do meu rosto se consolidaram perfeitamente, e em três semanas fui ao especialista para remover os fios de metal do maxilar. Não somente eu podia comer normalmente, como também, tão logo foram tirados os fios de metal da minha boca, eu já estava pedalando de novo.
Evidentemente, o hospital esperava que eu voltasse em dez dias mas, com a oração, concluímos que não havia necessidade de telefonar para eles, e eles também nunca telefonaram para mim. Em realidade, eu nunca havia acreditado que a implantação das placas fosse necessária. Eu já havia tido muitas curas físicas por meio da oração e tinha a certeza de que, quando o trabalho de cura é feito por Deus, o Grande Médico, ninguém pode fazê-lo melhor.
Um mês depois do acidente, participei de uma convenção estadual, na qual estive envolvido ativamente com milhares de pessoas. Que eu saiba, ninguém percebeu nenhum sinal dos ferimentos. Meu rosto estava totalmente restaurado. Sinto-me como alguém que venceu uma grande luta!
