Há vários anos, alguns amigos e eu assistimos a uma palestra sobre espiritualidade. Durante a palestra, o apresentador nos contou que havia conhecido um homem, extraordinariamente saudável, que tinha 90 anos. Ele nos forneceu detalhes sobre quão magnífica era a aparência daquele senhor.
Em seguida, perguntou: "Quantos anos vocês acham que aquele homem aparentava ter?" Tentei imaginar que idade um homem de 90 anos poderia aparentar, se ele fosse muito bem conservado. Comecei com algo em torno de uns 60 e poucos anos. Essa parecia ser uma boa resposta.
Após nos dar algum tempo para "acertar", disse: "Ele aparentava ter 90, 90 anos repletos de alma. Quem disse que 90 significa decrepitude e rugas? De onde vem esse conceito?" Muitos nos sentimos repreendidos devido ao nosso limitado conceito de idade. O palestrante realmente me fez pensar de uma forma inteiramente nova sobre idade.
Eu havia me adaptado confortavelmente ao papel de avó: alguns quilinhos a mais, uma soneca à tarde, uma pequena dor perfeitamente desculpável que aparecia de vez em quando, apenas para não fazer muito esforço e deixar que alguém fizesse alguma gentileza para mim, sem me sentir culpada por isso. A idéia que eu estava, sutilmente, aceitando, era a de que eu merecia envelhecer com dignidade. Meus filhos já estavam criados. Havia cumprido muito bem com minhas obrigações e agora era hora de descansar. Estava navegando placidamente em direção ao ócio.
Não há nada de gracioso ou natural sobre envelhecimento. É exatamente o oposto da vida para a qual Deus nos criou. Podemos reagir ao invés de ceder a ele. Não necessitamos de remédios e cremes miraculosos, mas de idéias corretas sobre o que realmente a vida e a idade representam. Eu realmente precisava fazer algumas mudanças na minha maneira de pensar a respeito de idade, quando, de repente, meu confortável processo de envelhecimento sofreu uma parada.
De um dia para o outro, tive de passar a cuidar de uma netinha de dois anos. Muitas vezes, com uma dose de autopiedade, os pensamentos que tendiam para a velhice, tiveram de ser abandonados e substituídos por um conceito mais vibrante sobre a condição da mulher. Necessitei de muita ajuda nesse processo.
Minha liberdade foi encontrada na disposição de deixar de medir e limitar a natureza de Deus, ou seja, deixar de pensar em mim como um ser físico.
Encontrei em Ciência e Saúde, de Mary Baker Eddy, algumas idéias maravilhosas que me deram muito apoio. Uma delas foi: "Nunca registreis idades. As datas cronológicas não fazem parte da vasta eternidade. Os registros de nascimentos e de óbitos são outras tantas conspirações contra a natureza perfeita do homem e da mulher. Se não fosse o erro de medir e limitar tudo o que é bom e belo, o homem viveria mais de setenta anos, conservando ainda o vigor, a louçania e a promessa. O homem, governado pela Mente imortal, é sempre belo e sublime. Cada ano que passa desenvolve sabedoria, beleza e santidade" (p. 246).
Essa visão espiritual sobre a condição do ser humano, significa para mim que não estou limitada à idade que começa com o nascimento, mas que sou livre para ser a expressão de todas as qualidades de Deus, em todas as épocas. Sou livre para sentir e expressar a curiosidade e o vigor de uma criança de dois anos, a beleza e a expectativa de uma jovem de 20, a abundância e a disposição de uma pessoa de 30, e a sabedoria e a firme serenidade de uma bela pessoa de 90 anos.
Minha liberdade foi encontrada na disposição de deixar de medir e limitar a natureza de Deus, ou seja, deixar de pensar sobre mim mesma como um ser físico e pensar mais nas qualidades espirituais que fazem parte da minha verdadeira natureza, semelhante a Deus. Descobri que o desafio de abandonar aqueles conceitos sobre idade, tornou-se algo alegre, na medida em que cada pensamento sobre mim mesma é examinado, eliminado ou admitido. Essa é uma tarefa fácil, quando uso um padrão mais elevado sobre o ser, para medir o que é ou não realmente verdadeiro a meu respeito, a respeito de cada um de nós, como filhos de Deus.
Treze anos mais tarde, minha vida agora inclui um lindo filho de nove anos, além da neta que agora tem quinze. Estamos vivendo maravilhosamente e minhas qualidades dos 20 anos estão em pleno vigor, bem como as qualidades dos 50 e dos 90. Estou descobrindo mais sobre a minha eternidade, o tempo todo.
