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Minha longa jornada de descoberta espiritual

Da edição de janeiro de 2004 dO Arauto da Ciência Cristã


Aos quatorze anos tive uma experiência muito útil a respeito de Deus. Nosso professor nos aconselhou a visitar a capela da escola. Mas, mesmo sabendo que Deus é Amor, isso era uma tortura para mim. Não conseguia ficar ali nem dois minutos. Sentia algo semelhante ao medo e não sabia por quê.

Então um dia, ao sair da escola, vi um mendigo vendendo uns cartões com ilustrações de santos católicos, todos com três pontinhos. O vendedor declarava de modo misterioso: "Se você se concentrar nos pontinhos durante um minuto e depois olhar para uma parede vazia, verá uma grande imagem do santo projetada ali."

Embora eu soubesse que isso era apenas o efeito de uma lei de óptica, comprei um cartãozinho. Segui as instruções e pude ver a imagem de Sta. Teresa projetada na parede. Não me surpreendi e não me senti como o protagonista de uma experiência mística, pois havíamos estudado, na aula de física, a lei sobre a qual se baseia essa ilusão de óptica.

No dia seguinte, fui à capela da escola, como de costume. Assim que me ajoelhei, lembrei–me da experiência do dia anterior. Foi aí que compreendi o que estava acontecendo. O fenômeno óptico me explicou porque me sentia ansioso e amedrontado na igreja. Embora eu fosse um adolescente muito extrovertido, também era extremamente competitivo e egoísta. Minha mãe me ensinara a ser o melhor em tudo, o primeiro da classe. Posso afirmar que a pessoa que tinha diante dos olhos, vinte e quatro horas por dia, era eu mesmo. E é por isso que eu tinha de estar em silêncio e em paz na pequena capela. O que eu via projetado ali dentro era o meu próprio eu, ampliado fora de proporção. Era um "eu" hipercrítico dos outros, repleto de vaidade e ressentimentos, com medo de fracassar... E aquele grande "monstro", que me tomava de medo e me fazia passar mal, era o que eu estava confundindo com Deus.

Naquela manhã, minha experiência com a óptica resolveu a contradição entre meu medo e minha compreensão de que Deus é Amor e Pai. A partir daquele momento, nunca mais senti medo de Deus. A partir daquele dia, quando via ou sentia algo negativo, sabia que não tinha nada a ver com Deus.

Desde a juventude quis ajudar outras pessoas. Quando fiz 18 anos, decidi que seria impossível servir como político devido ao regime de ditadura no meu país, então a melhor maneira de realizar meu ideal seria tornar–me padre Jesuíta, embora estar longe das pessoas e estar sujeito a regras não fosse o estilo de vida que me agradasse ou que meus amigos aceitassem como apropriado para mim. Quando tomei esse passo, todas as pessoas que me conheciam acreditaram que essa era mais uma de minhas muitas travessuras. No entanto, meu compromisso era muito sério e atingi a meta depois de muito tempo.

Sempre achei que era absurdo ir à praia e só molhar os tornozelos. Você tem de entrar na água logo de vez, e não pouco a pouco. Como padre, tentei fazer o mesmo. Foi por isso que escolhi a Sociedade de Jesus. Essa ordem era a mais disciplinada e a mais aberta aos avanços tecnológicos e culturais. No seio dessa ordem, tentei viver o evangelho de maneira verdadeira e radical, de todo o coração. No entanto, a luta por atingir a perfeição freqüentemente me deixava muito frustrado. Reconhecia meus defeitos, mas meus sucessos eram acompanhados de uma arrogância que me surpreendia.

Consagrei trinta anos à vida religiosa, vinte dos quais como padre Jesuíta. Durante esse tempo estudei muitas matérias. Ensinei filosofia, literatura e biologia no ensino médio e tive muitas atividades profissionais variadas durante os anos, tais como professor universitário, fundador de uma estação de rádio nas Ilhas Canárias e contribuinte de jornais regionais. Também fui padre de diversas paróquias.

Embora estivesse tentando fazer tudo da melhor maneira possível, não era feliz.

Como teólogo, estudei os sacramentos a fundo. Foi com esse estudo que percebi que o verdadeiro propósito do sacerdócio, e portanto, de qualquer papel de liderança dentro da comunidade, não tinha um alicerce bíblico adequado. Compreendi que é na congregação, na igreja, que residem o caráter e a função do sacerdócio. Comecei a sentir um conflito em relação ao meu papel de padre. Quando me senti bem seguro de que não estava desertando de minhas responsabilidades ou com medo de maiores demandas espirituais, deixei essa posição que era, praticamente, toda a minha vida.

Quando era padre, sempre gostei de ajudar os doentes.

Fui trabalhar como psicólogo e chefe do departamento de Recursos Humanos numa empresa multinacional. Achei que meu novo cargo seria uma maneira de ajudar os funcionários da companhia. E, no início, o foi. Mas, depois de três anos, o diretor veio me dizer que, para reduzir os custos, eu teria de demitir um bom número de pessoas. Achei essa decisão muito injusta e depois de muita luta interior, a única pessoa que demiti fui eu mesmo. Durante aqueles anos, continuei a estudar diversos tipos de sistemas de tratamento médico e naturais e a fazer outras pesquisas.

Qual seria meu próximo passo? Quando era padre, sempre gostei de ajudar os doentes. Sempre vi a pessoa como uma unidade e compreendi que toda doença é psicossomática. Nunca aceitei que a doença fosse causada por uma bactéria ou por um vírus. O relacionamento que Jesus traçou entre a doença e o pecado era uma maravilha para mim. Quando ele restabelecia a santidade, a saúde era imediatamente restaurada. E é por isso que eu sempre desejei que me houvessem chamado para estar com os doentes logo no início da doença, para oferecer paz ao paciente e ajudar a restaurar sua saúde com a verdade evangélica. Mas, em meu país, a Espanha, as pessoas acreditam que, quando o padre visita o doente, a hora final está próxima. E pensar dessa maneira acrescenta terror à doença. Por isso, eu sempre ia ao leito do doente como um médico forense, mais para atestar um óbito do que para ajudar alguém a continuar vivendo. Ao invés de me sentir como um mensageiro da vida, eu me sentia como se fosse um mensageiro da morte. E essa me parecia uma cruel contradição.

Por todas essas razões, depois de deixar a multinacional, e num esforço para continuar a servir meu próximo, tornei–me médico naturopata (a naturopatia é algo parecido à homeopatia). Gostei muito dessa profissão. Descobri que o aspecto mais importante do tratamento era a interação pessoal que tinha com o paciente. Freqüentemente, os pacientes comentavam que, embora não tivessem usado os remédios receitados, tinham melhorado apenas como resultado de nossa comunicação.

Minha prática teve grande êxito. Casei–me e tudo ia muito bem. Tinha dinheiro, uma carreira prestigiosa, uma casa na cidade e outra no campo, exatamente como eu sonhara. Mas, o que não contei a ninguém é que estava profundamente deprimido. Qual a causa do meu sofrimento? Sentia que a resposta e a solução estavam em Deus. Qual era Seu plano para mim?

Orei a Deus de todo coração, pedindo que Ele me desse um sinal do que deveria fazer. Dois dias depois, vi um anúncio modesto, em meio a outros tantos coloridos e maiores, afixado na parede de uma loja de ervas. Era o convite para uma palestra sobre a Christian Science.

Normalmente, não teria prestado atenção a um anúncio desse tipo. Mas, pensei: "Esse deve ser um sinal de Deus". Sem contar a ninguém, fui até o local. Embora a palestra fosse em espanhol, fiquei surpreso ao perceber que poucas das pessoas presentes falavam o meu idioma. Sentei–me na primeira fileira, pois assim teria de ouvir a palestra inteira. Dez minutos mais tarde, me dei conta de que eu era o único não Cientista Cristão. Com isso, realmente senti que a conferência era especialmente para mim. Pensei que o conferencista não teria vindo de tão longe, da América do Sul, para não falar com ninguém. Não me lembro exatamente o que ele disse, mas sei que despertou em mim um grande interesse pelo livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, e por sua autora, Mary Baker Eddy. Foi o suficiente. Depois da palestra, comprei um Ciência e Saúde.

Estava deprimido, mas sentia que a resposta estava em Deus.

Naquela noite eu o li durante muitas horas. Tudo me soava familiar. Senti que essas idéias sempre tinham estado em meu coração e me senti muito confortado ao vê–las escritas. Percebi que todos os passos que dera na vida tinham me conduzido a esse momento. A depressão sumiu. Senti–me em paz com Deus, de maneira muito especial. Senti uma proximidade com Ele, que nunca tinha sentido antes. Entendi que a solução de minhas lutas prometéicas para ser perfeito não era uma questão de vontade pessoal, mas de me render à verdade sobre Deus e meu ser verdadeiro.

Isso ocorreu em maio de 2000. Fechei o livro. Precisava digerir o que tinha lido. Teria férias em agosto e decidi que estudaria o livro com cuidado nesse período. Mas, não me foi permitido esperar. Precisei usá–lo imediatamente. Laly, minha esposa, ficou muito doente e logo depois foi hospitalizada. O caso dela era extremamente grave. Recebeu o diagnóstico de câncer pulmonar e no ovário. Os médicos me disseram que ela provavelmente não sobreviveria. Decidimos que a única coisa que poderíamos fazer era colocar a Christian Science em prática. Já tínhamos conversado sobre as idéias do livro, mas agora, devido à urgência da situação que enfrentávamos, essa decisão foi muito importante.

Os seis meses que se seguiram foram tempos de oração e estudo intensos. Durante esse período, continuei a cuidar de meus pacientes, mas de modo diferente. Falava com eles sobre a Christian Science e até dava a eles o número de telefone de uma praticista da Christian Science. Mas a maioria deles pedia que eu orasse por eles. Foi assim que deixei minha profissão de médico naturopata. Minha decisão de ajudar os outros não mudou. Mas, agora eu podia ser verdadeiramente útil, pois tinha o melhor remédio: a Christian Science.

Minha esposa recebeu o diagnóstico em agosto de 2000 e em fevereiro de 2001 ela já estava completamente curada. Dois meses depois, ajudei a organizar uma palestra sobre a Christian Science e, das 75 pessoas que compareceram, 68 eram meus pacientes. Agora são novos leitores de Ciência e Saúde e quase todos praticam a Christian Science.

Depois, minha esposa e eu nos filiamos À Igreja Mãe em Boston e a uma igreja filial em nossa região. Hoje minha vida gira exclusivamente em torno da Christian Science. Trabalho como praticista, cuidando de meus pacientes com tratamentos espirituais, como são descritos em Ciência e Saúde. Em minha prática, tenho comprovado muitas vezes o poder da Christian Science como, por exemplo, na cura de tumores na próstata, asma, depressão, câncer de mama (todos com diagnóstico médico) e de muitos outros problemas.

A Christian Science finalmente me trouxe não só a paz e a alegria que procurava há tantos anos, mas, principalmente, permitiu que eu realmente descansasse apesar do grande volume de trabalho que tenho. Não preciso mais elaborar minha perfeição ou a dos outros. Só preciso despertar para sua existência e desfrutá–la. Essa é a base da minha prática da Christian Science. Como a Sra. Eddy escreveu a um aluno: "A Christian Science é absoluta... Se não perceberes plenamente que és filho de Deus, e que portanto és perfeito, não terás nenhum Princípio a demonstrar e nenhuma regra para essa demonstração" (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista e Outros Escritos] p. 242).

É isso o que sempre procurei.

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