Gosto de futebol, como a maioria dos brasileiros. Quando meu time ganha, fico contente e comemoro, brincando com os amigos que torcem para o time que perdeu.
Nas grandes finais, gosto de ver as disputas, principalmente, quando a decisão está entre dois times com grandes torcidas, como a do Corinthians, de São Paulo, e a do Flamengo, do Rio de Janeiro.
A participação do público nos jogos já é um grande espetáculo. As torcidas uniformizadas levantam suas bandeiras e fazem aquelas “ondas na arquibancada”, gritando o nome dos seus favoritos, produzindo um som vibrante, que contagia a todos e empurra o time!
Certo dia, quando estudava a Lição Bíblica Semanal (trechos da Bíblia e de Ciência e Saúde), um pensamento me remeteu à cena acima, quando li: “Nossa aceitação proporcional das reivindicações do bem ou do mal determina a harmonia de nossa existência–isto é, nossa saúde, nossa longevidade e nosso cristianismo” (Ciência e Saúde, p. 167). Ponderei profundamente sobre o significado dessa frase e me questionei: qual é a verdade que estou aceitando? Estarei reivindicando o bem ou o mal em minha vida? Fazendo uma analogia com uma partida de futebol, pensei: para qual time estou torcendo?
Estava muito preocupada com uma situação de desentendimento em minha casa e triste com a escalada da violência no Oriente Médio, em especial entre palestinos e judeus. Eu repudiava aquela intolerância, os atos bárbaros que não pareciam apontar para nenhuma solução, apenas para o aumento do ódio e da mágoa.
Ponderei: “Se é a nossa (ou seja, a minha) aceitação das reivindicações do bem ou do mal que influencia a harmonia da nossa vida, então, ao reivindicar o bem, o meu pensamento pode beneficiar outros povos, mesmo distantes, para que também eles possam viver em paz.
Qual era a camisa que eu estava vestindo? Com toda a minha indignação e tristeza, não estaria eu aceitando em grande proporção a reivindicação do mal, de que é impossível a dois povos que têm direito à paz e harmonia conseguir chegar a um acordo, se respeitar, reconhecer suas diferenças e conviver com elas?
Pensando assim, eu certamente estaria vestindo a camisa errada. Por outro lado, se eu aceitasse “proporcionalmente” as reivindicações do bem, estaria com o uniforme correto, sendo mais útil e ajudando de maneira eficaz aqueles povos. Essa postura mental determinaria a harmonia de minha existência e a das outras pessoas que estavam nos meus pensamentos.
Gosto do texto de Mary Baker Eddy que diz: “Cada indivíduo tem de ocupar seu próprio nicho no tempo e na eternidade” (Retrospecção e Introspecção p.70).
O nosso pensamento penetra todos os lugares, é poderoso, tem um efeito fulminate e transformador sobre o sentimento de ódio e de desamor.
Entendo por essa declaração que todos, sem exceção, já têm o seu lugar estabelecido na consciência de Deus, onde cada um é amado por Ele e reflete Suas qualidades. Esse nicho também inclui o “local” ideal de cada um de Seus filhos do ponto de vista humano.
Pensando em termos locais, ampliei meu pensamento e concluí que não devo aceitar as reivindicações do mal de que não há político honesto, que não há pessoas confiáveis, que a violência nas grandes cidades é inevitável, que é impossível se chegar a um entendimento com determinada pessoa, que os jovens são irresponsáveis, etc., pois dessa forma estaria aceitando que o mal possa dominar uma situação.
O que acontece quando não conseguimos perdoar a pessoa de quem nos sentimos vítimas? Será que também não estaríamos reivindicando com todas as forças a existência do mal? Não estaríamos nos comportado como uma torcida perdedora, que sai do jogo magoada, fechada para o diálogo, de mal com o mundo? Nesse caso, podemos e devemos reivindicar o bem a nosso respeito e a respeito dessa pessoa como filha perfeita de Deus, afirmando que Deus é Todopoderoso e o mal é uma ilusão que não tem poder sobre nós. Assim, estaremos corrigindo o pensamento de que há mágoas incuráveis e aplicando o ensinamento de Jesus de que devemos perdoar.
O nosso pensamento penetra todos os lugares, é poderoso, tem um efeito fulminante e transformador sobre o sentimento de ódio e de desamor. Esse exercício mental me ajudou a não me sentir impotente ao ler as notícias e me preparou para uma conversa calma e esclarecedora com o familiar com quem havia me desentendido.
Compreendi que, ao refutar o que é desarmonioso, seja em nossa vida pessoal, seja em fatos que afetam outras pessoas e a humanidade, estamos integrando e aumentando uma torcida uniformizada, a dos que vestem a camisa da paz e aceitam apenas as reivindicações do bem, da supremacia divina, em sua vida e na dos outros.
A nossa oração será, então, uma grande onda de alcance, que abençoará a humanidade. Nessa partida, não há perdedores, nem empate. Apenas ganhadores!
