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ESPIRITUALIDADE E CURA

A lógica espiritual que expulsa o pecado

Da edição de outubro de 2008 dO Arauto da Ciência Cristã


A mulher certamente estava trêmula quando os homens a arrastaram para dentro do Templo naquele dia. Ela havia sido apanhada em flagrante adultério, pecado que poderia levar à morte. Esses homens, um grupo de líderes religiosos da comunidade, escribas e fariseus, tinham ouvido que um jovem pregador e sanador, Jesus de Nazaré, estava presente no templo, ensinando o povo. Eles também sabiam que esse jovem estava conquistando seguidores com sua mensagem evangélica, suas boas-novas de que o reino de Deus estava realmente à mão, e não distante ou à espera de algum futuro juízo final. Agora, esses escribas e fariseus resolveram usar aquela mulher como um teste. Eles pretendiam observar como Jesus interpretaria a lei mosaica e as velhas tradições teológicas de retribuição e punição do pecado.

Com a mulher extremamente envergonhada, em pé, na frente de todas as pessoas, muitas das quais ela talvez conhecesse pessoalmente, os homens denunciaram publicamente o pecado cometido. Eles lembraram a Jesus que a lei deles exigia claramente que a mulher fosse apedrejada. (Eles realmente esperavam apanhar Jesus em alguma violação técnica da lei e desse modo, com uma base para o acusar, diminuir sua influência entre as pessoas).

Contudo, de início, ele parece ignorar a confrontação dos homens. O relato bíblico registra que "Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo, como se não os ouvisse" (João 8:6, tradução literal do inglês da versão King James da Bíblia). Entretanto, os escribas e fariseus não o deixaram em paz e continuaram a pressioná-lo por uma resposta. Finalmente, levantando-se, dirigese aos homens com uma resposta assertiva e surpreendente. Jesus diz: "...Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra" (João 8:7).

Uma coisa assombrosa acontece. Aqueles homens, que haviam estado tão seguros de si havia apenas alguns momentos, agora, "...acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava" (João 8:9).

Quando Jesus percebe que todos os escribas e fariseus haviam se retirado, ele se volta para a mulher assustada: "Mulher", diz ele, "onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?"

Ela responde: "Ninguém, Senhor".

Com muita compaixão e ternura, Jesus diz à mulher: "Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais" (João 8:10, 11). Em seguida, Jesus volta a falar ao povo no Templo e anuncia: "...Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida" (João 8:12).

Portanto, Jesus via além do conceito mortal de um homem ou uma mulher como pecadores. Ele via a verdadeira e pura semelhança de Deus; e isso elevava os outros e os guiava à os guiava à redenção e à uma nova vida.

Enquanto ponderava sobre esse maravilhoso relato de compaixão, cura e redenção, senti que a mulher havia sido levada para fora das trevas mentais rumo à brilhante "luz da vida". Ela certamente fora transformada. Sua vida nunca mais seria a mesma. Por quê? Não seria porque Jesus estava espiritualmente alerta e intuitivo o suficiente para perceber quem ela realmente era? Por entender sua pureza inata e inocência original como filha de Deus? Jesus, sob o ponto de vista da Ciência do Cristo absoluta, podia ver além das trevas do pecado, que tenta anuviar a percepção das pessoas acerca do que Deus as criou para ser. O Salvador foi "movido pela compaixão" e, conseqüentemente, ele também fez com que os demais alcançassem uma visão mais clara e mais elevada sobre si mesmos. Como Mary Baker Eddy escreve em Ciência e Saúde: "Na Ciência divina, o homem é a verdadeira imagem de Deus. A natureza divina expressou-se melhor em Cristo Jesus, o qual projetou sobre os mortais o reflexo mais verdadeiro de Deus e elevou suas vidas a um nível mais alto do que lhes permitiam seus pobres modelos de pensamentos—pensamentos que apresentavam o homem como decaído, doente, pecado e moribundo" (p. 259). Ciência e Saúde também declara: "Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus e esse modo correto do ver o homem curava os doentes. Assim, Jesus ensinou que o reino de Deus está intacto e é universal, e que o homem é puro e santo" (pp. 476–477).

Portanto, Jesus via além do conceito mortal de um homem ou uma mulher como pecadores. Ele via a verdadeira e pura semelhança de Deus; e isso elevava os outros e os guiava à redenção e a uma nova vida. Se é verdade que "o reino de Deus está intacto e é universal, e que o homem é puro e santo", segue-se então que o mal nunca pode fazer parte da nossa verdadeira natureza como filhos de Deus. Então, talvez possamos naturalmente perguntar: "O que é essa coisa chamada pecado"?

Durante milhares de anos, as pessoas vêm lutando contra a imposição de um senso de afastamento de Deus e do bem. Quando indivíduos de várias culturas em todo o mundo desenvolveram suas filosofias e costumes religiosos distintos, muitos tentaram explicar essa sensação de afastamento com o teológico de pecado. De acordo com uma velha tradição ortodoxa aceita, esse senso de separação de Deus remonta à idéia do que foi denominado "pecado original". Essa posição teológica sugere que o primeiro homem e a primeira mulher desobedeceram às instruções de Deus e foram, por esse motivo, condenados a sofrer desde aquela ocasião. Mesmo além do próprio sofrimento deles, a maldição desse "pecado original" supostamente se estenderia, sem exceçāo, a toda descendência deles e a todas as futuras gerações da humanidade.

Em outras palavras, a sugestão transmitida é para que você e eu, hoje, estejamos submetidos a uma existência infeliz e carregada de culpa, devido não a alguma falha moral de nossa parte, mas sim pela desobediência de uma família imaginária, o Adão e a Eva do Velho Testamento, no distante começo do desenvolvimento humano.

Contudo, vale a pena considerar o primeiro relato bíblico sobre a criação no Velho Testamento, antes do aparecimento tanto de um Adão quanto de uma Eva. Esse primeiro relato, capítulo um do Gênesis, expõe a proposição espiritualmente fundamentada de que o homem é criado à própria imagem e semelhança de Deus e que tudo o que Deus, o Espírito, cria é "muito bom". Essa criação inteiramente boa, em que o "homem é puro e santo", necessariamente excluiria até mesmo a possibilidade do pecado na ordem divina das coisas. Se a criação é muito boa, ela claramente não é má, obstinada, enganadora, egoísta ou desobediente a seu criador. Se a criação é inteiramente boa, ela é, por sua própria natureza, não pecadora.

Então, o que dizer do segundo relato da criação, a história da origem material de Adão e Eva no capítulo dois do Gênesis? Em Ciência e Saúde Mary Baker Eddy faz esta observação convincente: "Talvez valha a pena observar aqui que, de acordo com os melhores doutos, há evidências claras de dois documentos distintos na primeira parte do livro do Gênesis" (p. 523). Referindo-se ao relato espiritual da criação, a Sra. Eddy declarou: "A Ciência da criação divina e a verdade acerca dessa criação foram apresentadas nos versículos já considerados, e agora o erro contrário, um conceito materialista acerca da criação, vai ser exposto. O segundo capítulo do Gênesis contém uma exposição desse conceito material acerca de Deus e do universo, exposição que é o exato oposto da verdade científica anteriormente relatada. A história do erro ou matéria, se fosse verídica, anularia a onipotência do Espírito; mas essa é a história falsa, em contraposição à verdadeira. ...O primeiro relato atribui todo poder e governo a Deus e reveste o homem com a perfeição e o poder de Deus. O segundo relato descreve o homem como mutável e mortal—como se ele se tivesse separado da Divindade e estivesse girando em órbita própria. A Ciência explica que a existência separada da divindade é impossível" (pp. 521–522).

Portanto, não poderíamos, de forma lógica, concluir que esse relato alegórico no segundo capítulo do Gênesis simplesmente oferece um alerta sobre o que a vida seria se tentássemos de alguma maneira existir sem Deus, fora da realidade "muito boa" da criação dEle? Ademais, ao invés de condenar todas as pessoas à maldição da culpa e do sofrimento, a lição que a Bíblia nos dá aqui não serviria na verdade como uma importante instrução? Não podemos nós entender a extraordinária promessa de viver nossa vida à luz de sermos a fiel "imagem e semelhança" de Deus, ao invés de tropeçarmos nas trevas de agir como estranhos desobedientes às Suas leis, às leis divinas que existem para nos orientar, nos abençoar e nos manter a salvo?

Conforme deduzimos do exemplo de Cristo Jesus, o Novo Testamento nos faz vislumbrar uma visão notavelmente misericordiosa e compassiva de Deus e do Seu amor para cada um de Seus filhos. De novo, o ensinamento de Jesus de que "o reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:21) provoca, em grande parte, uma reviravolta na teologia tradicional do "pecado original". As palavras de Jesus apresentam uma idéia radical para as pessoas que acreditaram, por muito tempo, que estivessem perdidas em pecado, muito embora não devido às suas próprias falhas. Jesus ofereceu uma poderosa mensagem de perdão, como também da nossa inocência genuína e inerente como filhos de Deus, como filhos da luz, em quem não existe treva nenhuma.

Contudo, na verdade, ainda precisamos chegar a um acordo com as açōes e os pensamentos pecaminosos que estão freqüentemente bastante em evidência no mundo, sob várias formas de violência, crime, desumanidade, abuso infantil, promiscuidade e infidelidade, falta de ética por parte de líderes políticos e homens de negócios, degradação ambiental generalizada e assim por diante. Existe claramente uma exigência cristã de se confrontar o pecado onde quer que ocorra, de resistir à sua influência insidiosa e de expulsá-lo como a um ladrão e impostor. A humanidade certamente anseia por se livrar do pecado. Ademais, merecemos ser livres.

O fundamento racional cristãmente científico para expulsar o pecado assenta exatamente na compreensão daquilo que Deus realmente nos criou para ser, conforme vimos no debate sobre os dois relatos do Gênesis no Velho Testamento. Novamente, se o pecado devesse existir como uma realidade final, seria pelo fato de Deus tê-lo criado. Contudo, em Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy tira esta conclusão essencial: "Só Deus, o Espírito, criou tudo, e o achou bom. Portanto, o mal, por ser contrário ao bem, é irreal e não pode ser o produto de Deus. ...Só aqueles que se arrependem do pecado e abandonam o irreal, podem compreender plenamente a irrealidade do mal" (p. 339).

Deste modo, o pecado não é uma criação de Deus e, portanto, temos a autoridade espiritual de permanecermos firmes como humildes seguidores de Jesus e expulsar o pecado, isto é, negar seu suposto poder, sua falsa atraçāo e sua aparente necessidade. Como Jesus, podemos confrontar corajosamente o pecado e exigir sua extinção: "Arreda, Satanás, pois está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto" (Lucas 4:8, tradução literal do inglês da versão King James da Bíblia). Com muita compaixão, podemos nos recusar a condenar a pessoa. Podemos ver através da máscara do pecado que tenta se atrelar a nós ou ao nosso próximo, tanto homem quanto mulher, e honestamente ajudar a indicar o caminho, tanto para nós mesmos como para os outros, dizendo: "vai e não peques mais".

Isso é, com certeza, não ignorar o pecado. Ao contrário, é uma maneira de ver o pecado pelo que ele é e de não acreditar em sua influência. Afirmamos que somente a presença e o poder de Deus, o bem, governam o coração e a vida das pessoas. A partir desse ponto de vista cristāmente científico, também demonstramos a inocência inata do homem como o ideal de Deus e reconhecemos, sem meio termo, "...que o reino de Deus está intacto e é universal, e que o homem é puro e santo" (Ciência e Saúde, p. 477).

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