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Matéria de capa

Eliminando o magnetismo animal na África

Da edição de fevereiro de 2008 dO Arauto da Ciência Cristã


O romance Things Fall Apart (Coisas que se desmoronam), do autor nigeriano Chinua Achebe, publicado em 1958, é considerado uma das obras mais importantes da literatura mundial moderna e um clássico africano. No nono capítulo do romance, Achebe analisa o que a tribo Igbo da Nigéria meridional chama uma criança ogbanje, a qual, de acordo com as crenças tradicionais, morre repetidas vezes e retorna ao ventre de sua mãe para renascer novamente. De acordo com a tradição, os Igbos acreditam que é impossível criar uma criança ogbanje, sem que ela morra. Isso se deve ao fato de se acreditar que a criança tenha um vínculo especial com o mundo dos espíritos e essa conexão é mantida por intermédio de um feitiço chamado iyi-uwa, o qual a criança tem escondido em algum lugar. De acordo com a crença, somente quando o iyi-uwa é descoberto e destruído por um poderoso benzedeiro, que consegue distrair a criança, é que ela consegue viver. Infelizmente, a maioria das crianças ogbanje morre jovem demais para ser interrogada. Nesse episódio especial em sua história, Achebe traça um retrato dramático da batalha mental, por causa do iyi-uwa, entre o benzedeiro e uma criança que tenha conseguido, de alguma maneira, viver até os seis anos de idade. Por toda a África, esses tipos de crenças e práticas continuam a prevalecer na mente dos aldeãos e, até mesmo, nas cidades modernas. Após uma recente eleição geral em meu país, o Quênia, um bem-sucedido candidato ao parlamento contratou uma benzedeira, famosa por seus expressivos poderes, para colocar uma série de acessórios para proteçāo, em sua casa de campo. Entretanto, a promessa de proteçāo por meio da feitiçaria foi ineficaz. A reportagem da imprensa local informou que o candidato e a mulher estavam tentando atravessar um rio que havia transbordado e destruído parcialmente uma ponte, quando o carro deles caiu no rio. O candidato morreu. A mulher sobreviveu embora toda a sua carga de poderosos feitiços tenha sido levada velozmente pela água. A fé que algumas pessoas colocam em tais objetos é, de fato, uma crença ardilosa e perniciosa de que um tipo de matéria possa ficar imbuído de vida e inteligência próprias, com poderes para controlar a matéria sob outras formas ou situações, inclusive a vida de seres humanos. Ao longo do tempo, essa crença se desenvolveu na África em uma pseudociência ou arte, com nomes variados que incluem: juju, feitiçaria, kamuti, chira, vodu e ugo. Cada tribo adota um nome próprio para ela e os praticantes dessa arte vêm mantendo uma influência poderosa na vida de muitos africanos.

A crença subjacente é a mesma, ou seja, que um tipo de matéria pode influenciar outro.

Hoje em dia, muitas pessoas trocaram a crença no poder das pedras dos feiticeiros e em outros feitiços por uma crença no suposto poder de outra forma de matéria, que se parece com pedrinhas coloridas, as pílulas de remédios receitadas pelos médicos modernos. Entretanto, a crença subjacente é a mesma, a de que a existência seja essencialmente material, que existem diferentes formas de matéria se influenciando pela atraçāo magnética ou hipnótica. Contudo, será que existe alguma verdade nessas alegações?

A Ciência Cristã veio para a África, assim como foi para outros continentes e culturas, como o Consolador divino que guia a toda verdade, anunciada por Jesus há dois mil anos. Descoberta em 1866 por Mary Baker Eddy, uma mulher notável, essa Ciência divina derrota corajosamente a excessiva gama de superstições que anuviam o pensamento humano. Ela esclarece, eleva os conceitos, purifica o pensamento e separa a verdade das crenças, mitos, superstições e práticas errôneas. Em Ciência e Saúde, a obra principal da Sra. Eddy que explana a Ciência Cristã, ela chamou essa crença de vida na matéria como magnetismo animal. Ciência e Saúde compara o magnetismo animal à crença na magia esotérica, hipnotismo, mesmerismo, ocultismo, sensualismo e atraçāo animal. Esses termos, comuns no mundo ocidental na época da Sra. Eddy, são equivalentes aos termos africanos atuais para bruxaria.

A Ciência Cristã esclarece, eleva os conceitos purifica o pensamento, e separa a verdade das crenças, mitos, superstições e práticas errôneas.

O suposto poder do magnetismo animal reside na fé que a vítima coloca no manipulador mental.

Ela observou que o magnetismo animal "é a crença errônea de que a mente esteja na matéria, e que seja tanto má quanto boa; que o mal seja tão real como o bem, e mais poderoso. Essa crença não tem uma única qualidade da Verdade. Ou é ignorante, ou maligna" (Ciência e Saúde, p. 103). O suposto poder do magnetismo animal reside na imaginação, ou na fé que a vítima coloca no manipulador mental. O livro explica ainda que o magnetismo animal é a forma mais acentuada do mal e é uma negação de Deus, que é todo o bem.

Há vários anos, minha mãe faleceu e, um ano depois dela, meu pai também faleceu. Eu havia recém descoberto Ciência e Saúde e o estava assimilando como um tórrido deserto assimila a primeira chuva da estação. Após enterrar meu pai, passei algum tempo em casa e, durante aqueles dias, alguém apanhou as flores recém-plantadas no túmulo de meu pai, fez com elas uma guirlanda e a colocou na porta do meu quarto.

Quando cheguei em casa e vi aquele "arranjo", recuei diante da mensagem de mal que aquilo parecia transmitir. Então, a raiva brotou em mim e me lembrei de como meu pai denunciava do púlpito, com veemência, a feitiçaria. Imediatamente, afirmei em voz alta, como uma oração de protesto, esta declaração contida em Ciência e Saúde: "Não há vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria" (p. 468). Após me acalmar, removi a guirlanda e a lancei em um arbusto próximo. No que a mim me concerne, esse foi o fim da questão. E realmente o foi.

A primeira crença errônea que perpetua o magnetismo animal é a de que Deus, que é onipotente, possa criar um ser ou seres opostos a Ele mesmo.

Consegui derrotar a tola superstição com a Ciência do Cristianismo.

A pessoa que havia preparado a girlanda aparentemente queria me amedrontar, mas consegui derrotar a tola superstição com a Ciência do Cristianismo. Aquela passagem, que afirmara em voz alta, continua assim: "Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita, porque Deus é Tudoem-tudo" (Ibidem, p. 468). Portanto, sem contestação.

Continuo a me ater a essa Ciência por meio do meu estudo diário de Ciência e Saúde, o qual tem sido uma proteçāo maravilhosa contra desafios semelhantes. Não posso expressar suficientemente minha gratidão a Mary Baker Eddy por ter possibilitado que essa maravilhosa verdade revelada chegasse até a África para trazer conforto ao nosso povo.

Mesmo à medida que a África emerge das formas tradicionais de magnetismo animal manifestadas em feitiçarias, novos desafios vão surgindo, os quais exigem vigilância constante. Esses desafios vêm disfarçados principalmente em argumentos de que o homem seja um ser material com um corpo material, e que esse corpo material é vulnerável e pode ser prejudicado por agentes maliciosos, quer sob a forma de espíritos malignos ou de matéria patogênica. Muitas pessoas na África acreditam que alguém que sofre de AIDS foi amaldiçoado, quer por inimigos ou por Deus, como castigo por algum pecado. Outros acreditam que um vírus invadiu o corpo e causa uma deficiência imunológica que leva à doença.

Ambas as teorias estão baseadas na crença de que o homem seja um ser material sujeito a condições materials.

Embora essa última teoria tenha a força da medicina ocidental por trás dela, ambas as teorias estão baseadas no mesmo conceito material intrinsecamente limitado sobre a existência. Qualquer que seja a teoria aceita pela pessoa, a crença básica é a de que o homem seja um ser material sujeito a condições materiais ou a influências mentais baseadas na matéria.

A primeira crença errônea que perpetua o magnetismo animal é a de que Deus, que é onipotente, possa criar um ser ou seres opostos a Ele mesmo. Dessa antiga crença veio a noção de que espíritos maus vagam pelas florestas e planícies da África e habitam em cada árvore, animal ou florestas sagradas. Esses são produtos da imaginação humana e não de pensamentos criados por Deus. Essa crença viola o Primeiro Mandamento: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20:3). A Bíblia declara que Deus é todo-poder, e que Ele não compartilha Seu poder; caso contrário, Ele não seria onipotente. Uma segunda crença errônea, que decorre do magnetismo animal, é a de que Deus seja tanto bom como mau, ou seja, que Ele seja a fonte do mal ou que o tenha criado. Contudo, a Bíblia questiona: “Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso"? (Tiago 3:11). Em outras palavras, pode o bem todo-amoroso, onipresente, infinito acomodar seu oposto, o mal? Conforme a Sra. Eddy explicou, usando três sinônimos para Deus: “A Verdade não tem consciência do erro. O Amor não tem sentimento de ódio. A Vida não faz sociedade com a morte" (Ciência e Saúde, p. 243). Ela também declarou: “A Verdade, a Vida e o Amor, são uma lei de aniquilamento contra tudo o que lhes é dessemelhante, porque nada proclamam senão Deus" (Ibidem, p. 243).

Deus criou homens e mulheres à Sua própria imagem.

Uma terceira pretensão errônea, que leva à crença no magnetismo animal, é que homens e mulheres sejam seres materiais, e que a matéria seja substancial e consciente. Contudo, Ciência e Saúde aconselha: “Lembra-te nitidamente de que o homem é o descendente de Deus, não do homem; que o homem é espiritual, não material; que a Alma é Espírito, está fora, nunca dentro, da matéria, e nunca dá vida e sensação ao corpo" (p. 396). Porque Deus é Espírito, e porque Ele criou homens mulheres à Sua própria imagem, somos seres espirituais, não materiais. A África está redescobrindo sua espiritualidade inata, e é a espiritualização da consciência individual que está elevando o continente acima da escravidão à pobreza, à doença, e a todos os males que se originam na matéria. Ciência e Saúde está alimentando os corações famintos e curando as pessoas nas profundezas das aldeias e cidades da África. Não é uma infusão de mais materialidade, sob a forma de ajuda financeira, que elevará finalmente os africanos acima de seus males. Ao contrário, a cura de todo um continente virá com o reconhecimento e o acalentamento da riqueza encontrada em sua literatura, música, artes, e, acima de tudo, da espiritualidade e da capacidade de amar, as quais são inatas nos africanos.

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