Estava em casa, na Califórnia, cercada de amigos que se divertiam. Contudo, sentia-me um pouco perdida. Quando retornei ao internato no início do semestre seguinte, estava inquieta e insatisfeita com minha vida. Nem todos os meus momentos eram assim, mas, de uma maneira geral, sentiame como se algo estivesse faltando e desejava descobrir o que era.
Para preencher esse vazio, recorri ao álcool. Beber é um modo de vida, quer você faça isso uma única vez ou freqüentemente. Uma noite, excedi-me na bebida. Depois de beber muito, perdi a noção de quem eu era e me esqueci com quem havia saído.
Estava rindo de forma ridícula. Algumas amigas me carregaram para o andar superior e me colocaram na cama, dizendo que me amavam. Logo após, perdi a consciência. Horas mais tarde, acordei sobressaltada, quando meu dormitório há muito já estava em total silêncio. Estava deitada de costas e mal podia respirar, movimentar-me ou, até mesmo, abrir os olhos.
No início, quando me volvi a Deus com toda sinceridade, não conseguia sequer me lembrar de uma única citação da Bíblia ou de Ciência e Saúde, livros com os quais estava familiarizada. Tudo parecia irrelevante naquele momento. Não conseguia sequer organizar os pensamentos. Desejava que alguém estivesse ali segurando meus ombros e me assegurando que tudo estaria bem ou me falando como meus pais estavam certos quando me diziam para não beber.
Desejava expressar atividade, alegria, força e amor.
Ao invés disso, enquanto permanecia deitada de costas e imóvel, veio-me ao pensamento algo muito simples, mas, ainda assim, mais potente do que qualquer outra revelação em minha vida. Foi a compreensão: "eu escolho a Vida". Naquele momento, senti uma urgência de viver com moderação, honestidade e sinceridade. Desejava expressar atividade, alegria, força e amor. Sabia que precisava levantar-me e abrir os olhos à realidade de Deus.
Quando senti esse desejo irresistível de viver, fiquei alerta e desperta, e meu corpo correspondeu. Consegui ficar de pé e decidi lavar a roupa na lavanderia. Sei que não é a mais santa das atividades, mas, de certa forma, era uma maneira de perceber alguma normalidade em minha vida, naquele momento. Contudo, foi difícil e comecei a sentir o estado de embriaguez voltar. Foi então que veio a segunda revelação. Com os olhos fechados, sentada nos degraus da escada no saguão, compreendi que precisava da Verdade, da Mente e do impulso do Amor para me empurrar para frente. No silêncio da noite, Deus era o único pensamento tangÍvel em minha vida. Foi um momento terno, muito poderoso.
A insatisfação e o desamparo haviam sido substituídos por uma meta espiritual de vida.
Mais tarde, alguns amigos me levaram para a enfermaria da escola para eu descansar e orar por um tempo, mas, quando entrei na enfermaria, já sabia que a embriaguez desaparecera e que havia vencido o sentimento de vazio em minha vida. A insatisfação e o desamparo haviam sido substituídos por uma vontade de viver, ou melhor, uma meta espiritual de vida. Mary Baker Eddy escreveu esta declaração que, para mim, realmente descreve minha cura: "As duras experiências provenientes da crença na suposta vida da matéria, bem como nossos desenganos e sofrimentos incessantes, levam-nos, como crianças cansadas, aos braços do Amor divino. Então começamos a compreender a Vida na Ciência divina" (Ciência e Saúde, p. 322). Sim! Começara a aprender que Deus era a minha Vida. Havia muito a aprender nas semanas que se seguiram àquela noite, mas acho que a verdadeira cura ocorreu quando fiquei só, volvendo-me de todo o coração à verdade. A cura, para mim, não foi uma simples promessa de não beber, mas uma elevação do pensamento que não me permitiu mais ver minha vida da mesma forma que antes. Acabei recebendo uma suspensão da escola por causa de minhas atitudes. Embora concordasse plenamente com essa açāo disciplinar, sabia que me volver a Deus em busca de um senso de vida e de propósito renovados foi o que realmente mudou minha experiência. Desde aquela ocasião, cessou completamente qualquer desejo por bebida e nunca mais bebi de novo. Voltei à escola, depois da suspensão, pronta para amar e ser amada pela comunidade. Já não desejava mais estar em outro lugar ou ser uma outra pessoa. Apaixonei-me pela minha escola e passei a ver nas pessoas qualidades que nunca havia visto antes. Acima de tudo, descobri um novo amor pela Ciência Cristã, que me levou a progredir diariamente. Minha gratidão transbordou e, como resultado, minha experiência foi mais enriquecedora. Todos temos a capacidade de despertar de circunstâncias que tenham nublado nossa habilidade de perceber a Deus e de sentir um senso constante de Seu propósito para nós. Cada um de nós possui a sinceridade e o amor dados por Deus, que são importantes demais para serem desperdiçados. Ao purificar nossos desejos e buscar a Verdade, mesmo se tivermos chegado ao fundo do poço, naturalmente encontraremos a cura. Descobri que o poder de cura se encontra em nosso desejo de ver a verdade. Foi esse desejo que me fez despertar naquela noite.
