No começo do meu estudo da Ciência Cristã, fui conversar com uma pessoa que estudava essa Ciência havia muitos anos. Entre outras coisas, ela expôs um raciocínio que me impressionou pela lógica e eu nunca mais o esqueci. Ela disse: “Jesus nos ensinou que somos filhos de Deus. Logo, é impossível que Deus tenha criado ao mesmo tempo coisas e seres para prejudicar Seus filhos”.
Depois disso, essa verdade lógica sempre me vem à mente nas diversas ocasiões em que parece haver algum elemento da natureza a ser temido: germes, bactérias, micróbios e coisas assim. Deus, nosso Pai-Māe, o Criador de tudo o que existe, infinitamente inteligente e sábio, não criou nenhuma forma de vida, seja grande ou microscópica, com o poder de fazer mal a nós, Seus filhos. Isso não quer dizer que podemos descuidar da limpeza; precisamos cuidar dela não por medo de germes, mas por amor à beleza, à ordem, à pureza.
O mesmo raciocínio é válido para os temores de contaminação por mosquitos. Temos sido inundados por notícias, advertências e estatísticas sobre dengue e febre amarela. Vimos na televisão e em jornais o triste quadro de pessoas matando macacos por supostamente serem os hospedeiros originais do vírus da febre amarela. Há filas, brigas e protestos de pessoas em busca da vacina nos Postos de Saúde. Embora a informação seja necessária à sociedade atual, na maioria das vezes, a forma como a mídia trata o tema incute medo na população. “A imprensa propaga inconscientemente muita tristeza e doença entre a família humana. Fá-lo dando nome às doenças e publicando longas descrições que refletem nitidamente, no pensamento, imagens de doenças”, escreveu Mary Baker Eddy em Ciência e Saúde (p.196).
Não se deve simplesmente ignorar o fato, mas sim, buscar uma maneira mais elevada de pensar a respeito desse temor generalizado. Logo adiante do trecho citado, o livro-texto da Ciência Cristã diz: “Deveríamos vencer o medo em vez de cultivá-lo” (p. 197).
Como vencer o medo? “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor” diz a Bíblia na Primeira Epístola de João (4:18). Portanto, cultivar o amor é a forma de vencer o medo. Na Ciência Cristã, Amor com letra maiúscula é um sinônimo de Deus. Esse é o perfeito Amor de que fala o apóstolo. Esse perfeito Amor elimina o medo. O amor que se deve cultivar é a manifestação natural e constante do Amor que é Deus. Tal cultivo consiste em manter na consciência o fato espiritual de que, como filhos e reflexos do Amor, nós amamos com naturalidade tudo o que foi criado, tudo o que faz parte da criação divina. Se amamos, não tememos. Se amamos, estamos em paz com a natureza. Devemos lembrar que é o próprio Deus, o Amor, que expressa em nós Seu amor e cuidado por Sua criação.
Essa consciência espiritual, imbuída de amor, protege-nos da influência nociva da crença generalizada de que certos elementos da natureza sejam perigosos. “Para raciocinar corretamente deve estar presente no pensamento um só fato, a saber, a existência espiritual. Na realidade, não há outra existência, porque a Vida não pode ser unida à sua dessemelhança, a mortalidade”, ensina o livro Ciência e Saúde (p. 492).
Eu pude sentir os efeitos práticos dessa maneira de orar. Tanto por gosto como por necessidade de trabalho, viajo bastante e inúmeras vezes estive em lugares onde a higiene não era a ideal ou em zonas de selva sujeitas a malária, dengue e febre amarela. Minha oração consciente sempre tem sido a de “raciocinar corretamente”, conforme explicado na citação acima.
A vacina contra a febre amarela é exigida por lei para viajar a determinados países e eu cumpro a lei. Todavia, não há vacina contra as outras doenças temidas nesses lugares e os forasteiros são assediados por advertências e conselhos que, apesar de bem intencionados, transmitem medo. É preciso se defender dessas influências mentais. Raciocinar corretamente tem me protegido seja dos temores, seja das próprias doenças. Uma vez vencido o temor, estou livre para apreciar plenamente a beleza selvagem dos lugares e a diversidade das culturas dos habitantes locais.
Se amamos, não tememos. Se amamos, estamos em paz com a natureza.
Certa vez, eu estava com minha família viajando pela Amazônia. Na época, a imprensa estava dando bastante realce a um surto de cólera na região. Comecei a apresentar todos os sintomas descritos nas notícias. Não posso afirmar que meu caso fosse de cólera, pois não houve diagnóstico médico, mas os sintomas eram aqueles. Não havia como interromper a viagem, por isso, seguimos adiante, viajando o dia inteiro. Foi um dia muito difícil, mas a oração constante me deu forças para não preocupar excessivamente o resto da família. À noite, porém, a febre estava tão alta que eu tinha momentos de delírio. Meu marido e eu passamos a orar com mais afinco, lembrando-nos do amor constante de Deus, amor que nunca nos abandona. Nessa oração, vieram-me à lembrança as coisas bonitas que faziam parte da região: a majestade das árvores gigantescas, o colorido maravilhoso das aves, as acrobacias divertidas dos macacos, a harmonia do vôo das borboletas mais variadas, a constante atividade dos insetos. Percebi que cada uma dessas coisas era a prova vívida da presença de Deus, pois eram manifestações de qualidades divinas. Em cada uma dessas criaturas, animais ou vegetais, eu podia ler a mensagem do Pai-Māe: “Eu estou aqui. Se Eu estou aqui com beleza, força, atividade, a saúde perfeita também está aqui”. Essa idéia trouze a cura. No dia seguinte, já não tive febre, pude me alimentar e caminhar pelo mato como havíamos programado. No terceiro dia, já estava completamente normal. A lembrança dessa compreensão e dessa cura tem me acompanhado nas viagens subseqüentes e sempre me proporciona a mesma inspiração.
Como filhos amados de Deus, podemos estar em paz com toda Sua amada criação.
