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Matéria de capa

A preexistência e a continuidade das espécies

Da edição de julho de 2010 dO Arauto da Ciência Cristã


Em um artigo do paleontólogo Niles Eldredge, do Museu Americano de História Natural, publicado no site www.actionbioscience.org, o autor começa declarando: "Há poucas dúvidas na mente dos biólogos profissionais de que a Terra esteja atualmente enfrentando uma perda crescente de espécies, o que ameaça rivalizar com as cinco grandes extinções em massa do passado geológico". Em seguida, referindo-se a comentários feitos pelo biólogo E. O. Wilson, de Harvard, Eldredge continua: "Alguns biólogos começaram a achar que esta atual crise na biodiversidade, esta 'Sexta Extinção', é até mesmo mais grave e mais iminente, do que Wilson havia suposto".

Embora as causas dessa alardeada extinção ainda estejam em fase de discussão por parte de alguns biólogos, o fato é que a extinção parece inquestionável (ver o artigo de Moises Velasques-Manoff, intitulado "A perturbadora comparação das condições de hoje com a 'grande mortandade' ", publicado, em inglês, em The Christian Science Monitor de 19 de novembro de 2008), e poucas pessoas questionam a necessidade de soluções. Soluções reais e permanentes, contudo, exigem discernimento e se defrontam com o problema subjacente a todas elas, ou seja: a crença universal em vida material.

A necessidade fundamental desta hora é destronar a visão que o mundo tem em relação ao planeta e seus habitantes, como sendo formados de elementos materiais, existindo em tempo e espaço finitos, dependendo de condições materiais para sua sobrevivência, competindo por recursos limitados e governados por leis materiais incoerentes. Isso tudo simplesmente, e demonstravelmente, não constitui a realidade, mas é apenas sua suposta inversão. A realidade, neste exato momento, é completamente mental e espiritual, tanto na concepção como na manifestação. Todos os objetos e seres que habitam o universo são ideias espirituais que surgem da única Mente e que refletem a substância pura do Espírito. Essa Mente infinita, sua ideia infinita e a lei que a governa, isto é, o Espírito Santo ou Ciência divina, constitui o Único divino, o Todo indivisível, no qual cada uma das ideias individuais da Mente é eternamente indispensável para Sua manifestação completa. Por que indispensável? Porque cada ideia é única, não pode ser duplicada e, portanto, é insubstituível.

De maneira alguma pode qual-quer coisa ser acrescentada à inteireza divina ou ser dela retirada. Tampouco jamais pode qualquer coisa reorganizar a ordem científica da criação, que se eleva da menor para a maior, estabelecida pela lei do Princípio divino, o Amor.

Deus é simplesmente a Vida, o Ego, o próprio Ser de tudo, e a lei dessa Vida eterna faz com que a criação incessantemente se multiplique, se desenvolva e apareça. Uma vez que a Vida sempre-consciente nunca desaparece, nada na criação pode desaparecer. A Vida, sendo Princípio, não pode cessar de preservar todas as coisas das quais esteja consciente.

Em certo sentido, poder-se-ia dizer que a destruição e a extinção somente parecem suscetíveis a credibilidade por causa da ignorância humana a respeito da união eterna da criação com sua Mãe infinitamente terna, o Amor divino. O Amor nunca cessa de conhecer ou de amar até mesmo a mais diminuta expressão de si mesmo. A energia condutora do Amor, a qual enche todo o espaço em movimento perpétuo, sustenta a estrutura identificadora única de cada espécie e indivíduo. Uma vez que cada uma dessas ideias depende unicamente do Amor, não pode existir nenhuma competição por sobrevivência.

Deus é simplesmente a Vida, o Ego, o próprio Ser de tudo, e a lei dessa Vida eterna faz com que a criação incessantemente se multiplique, se desenvolva e apareça.

A extinção é um prolongamento óbvio do mito do 2  capítulo do Gênesis na Bíblia, o qual apresenta a vida como originária da matéria e a matéria como o meio contínuo de identidade e função dessa criação. Tendo em vista que não existe nenhuma continuidade eterna de indivíduos em uma assim-chamada criação material, a continuidade se baseia na noção de que antes de sua própria morte, os membros individuais de uma espécie devem se perpetuar; que a vida de todos os indivíduos e espécies está, portanto, ligada a indivíduos e espécies que existiram anteriormente; e que se não há mais indivíduos existindo em uma determinada espécie, essa espécie precisa desaparecer.

Entretanto, os fatos espirituais contradizem essa lógica equivocada fundamentada na matéria, e apresenta uma ordem de geração completamente diferente, separada do tempo, ou seja, uma ordem de geração que começa com a Mente divina, em vez de com a matéria, e continua nessa Mente. As "gerações dos céus e da terra" (Gênesis 2:4, conforme a Bíblia King James) nunca foram, originalmente, uma produção "lateral", em que uma entidade criou a outra, mas, ao contrário, é uma "geração" perpétua, uma revelação e um desdobramento de ideias da autoexpressão e autocompletação da Mente divina. A reprodução das espécies é uma interpretação equivocada, quando considerada como um processo físico que se autoperpetua. O que os sentidos materiais percebem como reprodução é, em realidade e exatamente agora, o reflexo do poder criativo divino, no qual somente Deus é o autor de cada indivíduo em cada assim-chamada geração. Portanto, todas as gerações, embora percebidas como passado, presente e futuro, são na realidade contemporâneas.

Gênesis declara que Deus criou "todas as plantas do campo antes que existissem sobre a terra" (2:5, conforme a versão bíblica King James). Indicando que esse fato será finalmente demonstrado em nossa experiência presente, Ciência e Saúde prediz que "... o floricultor obterá a flor antes da semente" (p. 125), e pergunta: "Como é que foram multiplicados os pães e os peixes nas margens do mar da Galiléia—e também isso sem farinha nem mônada de onde pudessem vir o pão e o peixe" (p. 90)?

Somente o Princípio divino origina, individualiza, reproduz, multiplica, diversifica, classifica e preserva toda a criação, não somente em um senso científico absoluto, mas exatamente aqui e agora. A criação está eternamente conectada, individual e coletivamente, ao Princípio divino por meio da lei espiritual, o Espírito Santo.

Indiscutivelmente, o maior desafio para a consciência humana é o reconhecimento de que essa criação indestrutível, independente da matéria, está exatamente aqui, e não em algum lugar vago e incerto no além; que a presença dessa criação inocente, modelada na semelhança divina, pode ser provada como já estando aqui presente. Jesus de Nazaré foi, ele mesmo, essa prova viva e ensinou e demonstrou a universalidade da filiação divina.

A concepção virginal de Jesus por Maria removeu para sempre e para toda a criação (flora e fauna incluídas) a crença de que a vida se origina em um óvulo fecundado, ou em qualquer forma de matéria. O que talvez seja ainda mais surpreendente é a compreensão de que a concepção de Jesus pela virgemmãe, sendo espiritual, revelou a verdade de que Jesus preexistiu ao seu aparecimento no cenário humano. Ele declarou: "...antes que Abraão existisse, Eu Sou" (João 8:58), e orou para ser glorificado: "...com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo" (João 17:5).

De fato, a preexistência e atual coexistência da criação com o Amor divino, bem como a completa abrangência e inclusão da Terra e seus habitantes no Amor, são fatos relevantes que anulam qualquer possibilidade de extinção, e indicam a grande verdade, salvadora e consoladora, de que, em realidade, o suposto sentido material da existência nunca toca o ser real. Todos os incontáveis seres e espécies individuais que alguma vez apareceram na Terra (e em todo o espaço infinito do universo da Mente) preexistiram ao senso humano de seu aparecimento e, assim, uma única espécie ou um único indivíduo nunca foi realmente extinto.

Quando Deus falou pela primeira vez ao profeta Jeremias, disse: "Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci..." (Jeremias 1:5); e Ciência e Saúde declara: "Se vivemos depois da morte e somos imortais, devemos ter vivido antes do nascimento, porque se a Vida alguma vez tivesse tido qualquer começo, também teria que ter um fim, mesmo segundo os cálculos das ciências naturais" (p. 429). O fato da preexistência dificilmente poderia ser declarado de forma mais clara: "devemos ter vivido antes do nascimento."

É óbvio que muito crescimento espiritual é necessário para que se possa até mesmo começar a vislumbrar o significado da preexistência. Podemos e devemos, contudo, aceitar humildemente o fato da preexistência porque, como a concepção virginal de Jesus o ilustra, o ponto de partida mais espiritual é aquele que produz as soluções mais originais e práticas. Mesmo com os motivos mais bem-intencionados, as soluções para os problemas que começam na mente humana, ou seja, com aquilo que acredita no mal, na matéria, na origem sexual e em muitas mentes, nunca pode demonstrar o Princípio divino do bem que provê imunidade contra o mal e contra todas as condições materiais, ou que cura e salva a Terra e seus habitantes.

Nenhum homem foi mais prático do que Jesus, nenhum homem satisfez da forma mais completa todas as possíveis necessidades humanas por meio do seu reflexo do Amor divino. Entretanto, nenhum homem jamais começou de forma mais divina. Ele era "o Verbo" que se fez carne, a evidência viva do fato de que o humano é completamente dependente do divino, não de si mesmo, e que o cuidado divino pelo homem é vivenciado à medida que o humano cede ao divino em todos os aspectos, abandona a si mesmo e suas crenças oriundas da educação. Por intermédio de sua compreensão da causação espiritual e seu reflexo perfeito do poder divino, Jesus acalmou tempestades violentas, caminhou sobre as águas, alimentou multidões, curou as enfermidades mais graves de sua época, transformou o pecador, ressuscitou um homem que estivera morto por quatro dias, ressuscitou a si mesmo da morte; em resumo, venceu todas as leis materiais e comprovou a perfeição inerente ao homem. Seus ensinamentos e curas demonstraram que o divino, e somente o divino, pode resolver os problemas da humanidade.

Para falar com franqueza, foi a preexistência de Jesus, e seu conhecimento dessa preexistência, que deu a ele sua completa autoridade e poder sobre todas as condições materiais. Mary Baker Eddy chamou nossa atenção para esse fato em Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1893-1896: "O inabalável e verdadeiro conhecimento que o manso Nazareno tinha da preexistência, da natureza e da inseparabilidade de Deus e do homem,–tornou-o poderoso" (p. 189). Nesse mesmo livro, aprendemos também que nosso próprio domínio depende da nossa compreensão da preexistência: "Os mortais perderão seu senso de mortalidade–moléstia, doença, pecado e morte–na proporção em que adquirirem o senso da preexistência espiritual do homem como filho de Deus..." (p. 181).

Nenhum homem foi mais prático do que Jesus, nenhum homem satisfez da forma mais completa todas as possíveis necessidades humanas por meio do seu reflexo do Amor divino. Entretanto, nenhum homem jamais começou de forma mais divina.

As espécies e as individualidades somente estão mortas ou extintas para o sentido material ilusório, para a mentalidade obscurecida que acredita que a vida esteja na matéria. Como Ciência e Saúde indica: "É erro evidente por si mesmo supor que possa haver tal realidade como a vida orgânica, quer animal ou vegetal, quando essa assim chamada vida sempre acaba na morte. A Vida jamais se extingue, nem sequer por um momento" (p. 309).

O que se extingue é a crença no mal, na vida e na inteligência materiais. Para a consciência, que está unida à Mente infinita, o Espírito, nada está extinto. Todas as individualidades, desde a menor até a maior delas, estão eternamente a salvo, amadas, desdobrando-se e desenvolvendo-se na Alma, e visíveis, como naquele momento atemporal da transfiguração, em que Jesus conversou com Moisés e Elias, os quais eram considerados mortos havia muito tempo (ver Mateus 17:1-3). De fato, aceitar a preexistência não está e nunca esteve ligado à matéria, ou dependente dela, e o universo e o homem espirituais e indestrutíveis, incluindo nosso precioso planeta Terra e todos os seus habitantes, são visíveis ao senso espiritual exatamente agora.

Parte da definição espiritual de Terra em Ciência e Saúde diz: "Para o sentido material, a terra é matéria; para o sentido espiritual, é uma ideia composta" (p. 585). Raciocinando a partir dessa notável definição, podemos ver que, mesmo as geleiras e icebergs podem parecer ao nosso senso espiritual, divinamente concedido, como ideias majestosas e belíssimas, e que refletem a inteligência da Mente que os criou, ou seja, ideias governadas benignamente pelo perfeito Amor. Para o senso espiritual, eles não podem ser massas de matéria congelada, fora de controle, destinadas a se derreterem e a causarem destruição para os habitantes da Terra.

Como é consolador compreender que, nem uma única folhinha de relva, nem uma única criatura, espécie, homem ou mulher, nem uma única estrela que aparentemente desapareceu na extinção realmente morreram, porque todos preexistem e coexistem com a Alma, não como matéria, mas como a substância da Mente. Como é consolador também compreender que, tendo em vista que a divindade abrange incessantemente a humanidade, nossa crescente compreensão da verdade da individualidade indestrutível protegerá e preservará a vida exatamente aqui e agora.

Naturalmente, necessitaríamos ter momentos sagrados de revelação divina para ver um quagga (espécie de cavalo selvagem da África Meridional), um tilacinídeo (vulgarmente conhecido como lobo-da-tasmânia), um pombo-bravo norteamericano, um dronte (um pássaro de formas pesadas com o bico encurvado) ou um sapo dourado, todos considerados extintos. Entretanto, da mesma maneira que o Espírito revelou a presença do maná, das codornizes e da água no deserto, sem a necessidade de nenhum antecedente ancestral exceto Deus, o Espírito também pode revelar a nós a presença de uma criatura ou uma planta que seja considerada extinta.

É desafiador observar que, no livro do Gênesis, após a grande enchente que destruiu tudo sobre a face da Terra (o que talvez possa simbolizar todas as extinções anteriores consideradas como tendo acontecido sobre a Terra, cobrindo milhões de anos), Deus prometa que não haverá outra extinção da vida sobre a Terra (ver Gênesis 8:21, 22).

A Terra, então (incluindo seus habitantes e todo seu meio ambiente), não será destruída, mas redimida, exatamente como Cristo Jesus ensinou a redenção, não a destruição, do corpo humano por meio da prática cristamente científica. À medida que o senso material a respeito da Terra ceder gradualmente ao senso espiritual, a profecia nos informa que haverá mudanças naquilo que tem sido considerado como "normal" para o planeta. Essas mudanças, no entanto, impelirão todos nós a transcender a matéria e as condições materiais, demonstrando dessa maneira o fato científico vital do nada da matéria.

Ciência e Saúde explica: "As estações virão e passarão com variações de tempos e ciclos, de frio e calor, de latitude e longitude. O agricultor verificará que essas mudanças não lhe podem afetar as colheitas. ... O marinheiro terá domínio sobre a atmosfera e as grandes profundezas, sobre os peixes do mar e as aves do céu. ...Assim se provará, finalmente, que a matéria nada mais é do que uma crença mortal, de todo incapaz de afetar um homem mediante sua suposta ação orgânica ou suposta existência" (pp. 125-126).

Algumas pessoas veem a mudança climática (inclusive o aquecimento global) e a "crise da biodiversidade", como efeitos da ambição, cobiça, egotismo, avareza, ignorância, indiferença, desonestidade, ambição desenfreada, voluntariosidade e crueldade. Outras a veem simplesmente como parte do ciclo geológico normal do planeta. Mas todos finalmente verão que essas questões estão relacionadas, não separadas, porque a Ciência Cristã explica que o estado da consciência humana afeta diretamente as funções, os sistemas e as condições da Terra. Mary Baker Eddy escreveu em The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos]: "...a atmosfera da mente humana, quando purificada do eu e imbuída do Amor divino, refletirá o estado subjetivo mais puro, em céus mais límpidos, com menos raios, tornados e extremos de calor e frio..." (p. 265).

À medida que a consciência humana for espiritualizada, "purificada do eu e imbuída do Amor divino", a criação espiritual será percebida como intacta, ou seja, não tocada por condições materiais. Existe um longo caminho a ser percorrido. Entretanto, cada um de nós tem um papel a desempenhar. Não podemos negligenciar, conforme a Bíblia nos ensina repetidas vezes, que a capacidade de um único indivíduo de demonstrar a Mente única mudou o curso da história e salvou multidões.

O que se extingue é a crença no mal, na vida e na inteligência materiais. Para a consciência, que está unida à Mente infinita, o Espírito, nada está extinto.

Necessitamos da disposição de aceitar o fato da preexistência, com humildade e obediência, como também da coragem de nos afastar das crenças oriundas da educação e da evidência dos sentidos físicos com relação à vida. Então, à medida que o humano ceder ao divino, os problemas profundamente desafiadores, incluindo a extinção, que acompanham o aquecimento do planeta, como também as mudanças óbvias e mesmo as não detectadas no ecossistema, serão vencidos de modo inimaginável, por meio de soluções originais e sanadoras.

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