Uma excelente maneira de aprofundar os conhecimentos sobre a Ciência Cristã e aprender a curar metafisicamente é participar do Curso Primário de Ciência Cristã, ministrado uma vez por ano por professores autorizados pelo Conselho de Educação mantido pelA Igreja Mãe, A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston, USA. Por isso, O Arauto entrevista nesta edição os três professores que ministram aulas em português. Os dados para contato constam da lista de endereços no final desta revista. Para a lista completa dos Professores de Ciência Cristã que ministram cursos em outros idiomas e em outros países além do Brasil, consulte o The Christian Science Journal.
1. Mary Baker Eddy declarou que o livro Ciência e Saúde contém a exposição completa da Ciência Cristã. Por que então é preciso fazer o Curso Primário? Não posso estudar sozinho?
Alessandra Colombini: O Curso Primário não é para substituir o estudo individual, muito pelo contrário, o curso esclarece conceitos básicos da Ciência Cristã e isso dá impulso e compreensão para que o estudo individual seja mais proveitoso. Mary Baker Eddy afirmou que Ciência e Saúde contém a exposição completa da Ciência Cristã, assim como instituiu o Curso Primário e estabeleceu o capítulo Recapitulação como currículo. Ela apoiava e aprovava o Curso Primário, quando os alunos estavam preparados e quando os professores eram leais.
2. Se o pastor da Ciência Cristã é a Bíblia e o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, o Professor de Ciência Cristã é alguém para as pessoas terem com quem conversar, para quem perguntar e com quem aprender?
Leide Lessa: O Professor de Ciência Cristã se dedica a ensinar a cura metafísica, fundamentada nos princípios do cristianismo puro, ensinado por Cristo Jesus e esclarecido pela Ciência Cristã. Esse professor está sempre disposto a conversar com seus alunos quando solicitado, a responder perguntas, a ensinar e dar exemplo da teologia e metafísica apresentadas pela Ciência Cristã.
Orlando Trentini: Cada Professor de Ciência Cristã é um praticista com anos de experiência na prática da cura por meio da oração científica. As pessoas que entram em contato com um Professor de Ciência Cristã têm interesse em conhecer mais sobre a cura espiritual, sobre a forma de se libertar de problemas e de aprender como ajudar por meio da oração.
Alessandra: O Manual dA Igreja Mãe diz que o professor "Deverá persistente e pacientemente aconselhar seus alunos, em conformidade com as infalíveis leis de Deus, e exortá-los ao estudo habitual das Escrituras e de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, como auxílio para tanto" (p. 83). Logo, no cumprimento desse dever, há diálogos entre professor e alunos e aprendizado de ambos os lados, pois os professores continuam aprendendo também.
3. Todos os alunos que fazem o Curso Primário são aprovados? Existe uma avaliação final?
Orlando: O Curso Primário é um ensino sobre as leis espirituais de Deus e de como podem ser aplicadas. Não existe uma avaliação final, pois o curso visa formar, não bons teóricos, mas praticistas da Ciência Cristã, técnicos na prática da cura por meio da oração metafísica Cristã.
Alessandra: Não existe avaliação final, nem aprovação ou reprovação. Há progresso individual, que normalmente é diferente de pessoa a pessoa, mas que, por ser espiritual, não é passível de "medição".
Leide: O Curso Primário, como o próprio nome elucida, ensina os fundamentos básicos da Ciência Cristã. A avaliação é feita somente para o ingresso no curso. Caso o aluno demonstre maturidade espiritual e desejo sincero de aprender como praticar a metafísica em todos os aspectos de sua vida, o curso lhe mostrará como aprofundar seus conhecimentos por meio de estudo e aplicação diários. Quando os alunos estiverem preparados para tomar esse passo, o professor deverá alertá-los "para a rede que se estende astutamente e se esconde trapaceiramente para impedir o progresso nessa direção" (The First Church of Christ, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, e Vários Escritos], p. 241) e nutrir nos corações deles a oração que abre o caminho e traz liberdade.
4. O que vocé tem a dizer sobre o pagamento de apenas US$ 100 por um curso de 12 dias, ou seja, apenas US$ 8.30 ao dia, menos do que R$ 15,00?
Alessandra: O professor não pensa no curso como uma forma de ganhar dinheiro, mas como uma oportunidade de fortalecer a espiritualidade do aluno. Em termos meramente numéricos, o Manual não diz que o aluno não possa manifestar sua gratidão da maneira em que for inspirado.
Leide: Cada linha do Manual dA Igreja Mãe foi escrita por inspiração e necessidade, diante das circunstâncias vividas por Mary Baker Eddy. Esse valor de US$100.00 foi inserido na 86a. edição do Manual, em 1910, e a correção desse valor hoje corresponderia a aproximadamente 2 mil dólares americanos. Para mim, esse é um dos exemplos de como Eddy valorizava o ensino do Curso Primario.
5. Nesses tempos em que as pessoas buscam descobrir sua vocação e se posicionar no mercado para ter um futuro promissor, por que você escolheu essa profissão de Praticista e Professor, que não traz grandes somas financeiras, quase não pode tirar férias e não oferece aposentadoria?
Alessandra: Todos esses parâmetros humanos que, para a maioria, determinam a escolha da profissão, "não pesam sequer um til na balança de Deus" (Ciência e Saúde, p. 239). Como a decisão de se dedicar ao ensino da Ciência Cristã é totalmente baseada na inspiração proveniente de Deus, é Ele mesmo que providencia para que não sejamos prejudicados. O Pai não nos levaria por um caminho de privações.
Leide: A profissão de praticista e de professor resulta da obediência a um chamado divino. Ao responder a esse chamado, a pessoa já deve ter superado medos e angústias com relação ao presente e ao futuro com a compreensão espiritual de que a fonte de sua energia, descanso e suprimento é divina. A sabedoria guia cada um a tomar passos adequados e inteligentes, no momento correto. O resultado é satisfação imensurável.
Orlando: Sinto que minha vocação para a cura espiritual está presente desde que eu era criança. Lembro-me de diferentes ocasiões em que orei e alcancei a cura ou a solução para problemas. Assim, na minha adolescência, meu desejo de ser Praticista da Ciência da Cristã cresceu. Eu também queria expressar gratidão por diversas curas alcançadas pela minha família e por mim.
Antes mesmo de fazer o Curso Primário, já orava para ajudar as pessoas a encontrar a cura. Jamais o fiz por dinheiro, mas pela satisfação de ver as leis de Deus operando no cenário humano. Nunca pensei em meu conforto pessoal nem em que o exercício da Prática Pública da Ciência Cristã, incluindo o ofício de professor, poderia me trazer privações. Sempre confiei, com certeza absoluta, em que, por trabalhar para Deus, dEle vêm o sustento constante.
6. É necessário ter um bom conhecimento do idioma em que o curso é ensinado?
Alessandra: O aluno deve ser capaz de entender o idioma em que o curso é dado. Não que ele saiba redigir ou seja capaz de fazer discursos, mas a boa comunicação entre professor e aluno é necessária.
Leide: O aluno deve entender a linguagem oral e escrita, mas o mais importante é estar disposto a aprender e compreender a comunicação do Espírito, o idioma do Amor.
7. A localização do curso deve ser um fator para a escolha do professor?
Alessandra: A escolha do professor deve ser por inspiração, deve ser o fruto do crescimento espiritual que o aluno já tiver feito. Se a escolha for feita com base em comodidade e facilidade, perde-se aquele elo de comunicação espiritual entre aluno e professor que é justamente o que torna o curso mais proveitoso.
Leide: Gosto de pensar na atração e afinidade espirituais. Há professores e alunos suficientes, e é a intuição divina que guia tanto o aluno quanto o professor a fazerem a escolha correta.
8. O professor pode aceitar ou rejeitar um aluno que more perto, muito longe ou até mesmo em outro país?
Orlando: A aceitação ou rejeição de um candidato ao Curso não depende de onde mora o aluno. O Manual estabelece que os "...professores deverão, com cuidado, escolher para alunos unicamente pessoas que tenham bons antecedentes e pendor sincero para a Ciência Cristã" (Manual dA Igreja, p. 83).
Leide: Ao aceitar um aluno de outro país é importante considerar a participação anual na assembleia da associação. Tanto o futuro aluno quanto o professor devem estar conscientes da importância dessa participação, e a responsabilidade em assumir tal compromisso. Como fiz o Curso Primário no exterior, todos os anos minha prioridade número um era participar dessa reunião, o que sempre exigiu oração para demonstrar o suprimento necessário. Eu sei a bênção e a transformação que ocorrem durante e após a assembleia. Por isso, caso o aluno em potencial não entenda esse aspecto, talvez não seja o momento adequado para fazer o curso.
9. A distância interfere na relação entre aluno e professor e seu crescimento espiritual?
Orlando: Não. A distância, nesta época de internet e outros meios rápidos de comunicação, deixa de ser um fator impeditivo para que um professor continue a ajudar seus alunos em seu crescimento espiritual. Todos os meus contatos com candidatos e alunos são feitos pela internet ou por telefone.
Leide: Não há distância para o Espírito. Os professores estão dispostos a atender seus alunos 24 horas por dia, onde quer que eles estejam.
10. Por que é importante participar da reunião anual da associação?
Orlando: Estas reuniões são muito importantes para o fortalecimento espiritual dos alunos e da própria Associação. Cada reunião da associação aprofunda os ensinamentos e a prática da Ciência Cristã, e capacita os alunos a verem metafisicamente o progresso da humanidade.
11. A convivência e amizade com os colegas de associação é importante para o progresso espiritual?
Leide: A amizade e o amor entre os que partilham das verdades espirituais da Ciência Cristã é natural e saudável, entretanto não essencial para o crescimento espiritual, visto que tal crescimento se fundamenta na demonstração individual.
Orlando: Sim, é muito importante. Nas parábolas bíblicas os lobos atacam o rebanho de ovelhas para ver se alguma se desgarra do grupo. A que fica para trás, ou se isola é a que se torna presa dos lobos. Assim também com os membros de uma Associação de Alunos de Ciência Cristã, o segredo é se manterem unidos—"a adesão, a coesão e a atração são propriedades da Mente" (Ciência e Saúde, p. 124). É muito importante para os que fizeram o curso cultivar laços de amizade e de apoio mútuos e com o professor, e participar de todas as assembleias da associação.
12. Qual seria o motivo principal para fazer o Curso Primário?
Alessandra: O desejo de compreender melhor a Ciência Cristã e poder tirar mais proveito do estudo individual. É isso que leva a uma prática mais eficaz, pois colocar a Ciência Cristã em prática é o objetivo mais elevado de cada um.
Orlando: O desejo de crescer em graça e espiritualidade, de ajudar o próximo como fomos ajudados. Quem faz o curso busca aprender a orar para curar.
Leide: Cada um de nós, como reflexo da Mente, temos o desejo natural de crescer e de sermos melhores cidadãos. Quem se interessa pelo curso quer subsídios para ver a vida sob o prisma metafísico, para curar e aprender cada vez mais a ser a transparência do Amor.
13. O que o professor precisa preparar para ministrar suas aulas? Depois do primeiro curso todos os demais são iguais?
Orlando: Estar ativo na prática mantém o professor ciente das necessidades dos alunos que Deus lhe enviar para o curso. Por sua experiência de vida como Cientista Cristão, o professor ministra ensinamentos que tocam o aluno e lhe abrem os olhos para as verdades espirituais que guiam, protegem e curam.
Alessandra: O currículo do curso é estabelecido no Manual e corresponde ao capítulo Recapitulação de Ciência e Saúde. Portanto, o conteúdo está pronto. Agora, a forma de expor esse conteúdo geralmente não é algo fixo, pois o professor procura ir ao encontro dos alunos em cada turma, ir ao encontro de seu atual nível de compreensão, como se fosse pegá-los pela mão e ajudá-los a ir adiante. Esse é um trabalho que requer inspiração e esse é o maior preparo para cada dia do curso.
Leide: Um professor não pode ensinar o que não pratica, não pode inspirar se não se sentir inspirado constantemente, não pode ensinar a curar se não aplicar a cura cientifica com eficácia. Por isso, o trabalho metafísico do professor é feito antes, durante e depois de cada curso, assim como todos os dias do ano.
14. O que um professor faz para divulgar seu curso, escolher alunos e tornar-se conhecido?
Leide: A melhor divulgação é a oração e a prática da Ciência Cristã. O Manual dA Igreja diz que o professor não deve "angariar, nem fazer angariar ou permitir que outros angariem alunos para suas classes" (p. 87). Por isso, nem mental nem humanamente um professor deve convidar alunos a participar de seu curso. Seu puro amor pela Ciência Cristã, pela humanidade e pelos demais professores atrai os candidatos não somente para si, mas também para todos os demais professores. É natural que uma árvore dê muitos frutos, assim como é natural que cada professor tenha alunos, mas não é o número o mais importante, e sim a qualidade de pensamento que se forma para deixar a luz do Cristo brilhar mais intensamente na humanidade, trazendo bênçãos e curas.
Alessandra: É o aluno que deve encontrar o professor e não o professor ir em busca de alunos. Isso está claramente estabelecido no Manual. O Journal e O Arauto contêm a lista dos professores nas diversas localidades e o site dA Igreja Mãe (www.christianscience.com) tem, não só a lista, mas também dados biográficos e mais informações sobre cada professor. Depois que o interessado entra em contato com um professor, inicia-se a relação direta em que ambas as partes avaliam as possibilidades e o preparo necessário.
15. Qual é a obrigação do professor para com o aluno?
Alessandra: Isso também está estabelecido no Manual: "O professor não deverá assumir o controle pessoal de seus alunos ou tentar dominá-los, mas deverá considerar-se moralmente obrigado a promover-lhes o progresso na compreensão do Princípio divino, não só durante o período do curso como também posteriormente, cuidando bem em que demonstrem ter sentimentos sadios e ser práticos na Ciência Cristã. Deverá persistente e pacientemente aconselhar seus alunos, em conformidade com as infalíveis leis de Deus, e exortá-los ao estudo habitual das Escrituras e de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, como auxílio para tanto" (p. 83). A Sra. Eddy não poderia ter sido mais clara a esse respeito. A fim de obedecer a esse dispositivo do Manual o professor tem de se manter alerta espiritualmente e eliminar o senso pessoal. Ele deve ter claro em mente a unidade do homem com o Pai.
Leide: O professor tem o dever moral de mostrar ao aluno como deve recorrer à Mente divina para orientação, assim como aguçar seu interesse em ser bom pensador, e cada vez melhor metafísico e sanador.
 
    
