A vida certamente pode parecer um redemoinho de emoções, em especial quando se trata de relacionamentos, quer seja na busca de amizades em uma nova escola ou cidade, ou quando se espera que as coisas aconteçam da maneira que desejamos com uma determinada pessoa pela qual nos apaixonamos, ou no lidar com sentimentos feridos, quando um amigo nos decepciona.
A maneira como nos sentimos em relação ao que os outros pensam a nosso respeito é determinante para tornar a vida divertida e cheia de alegria. Descobri que os momentos difíceis em meus relacionamentos me levavam a dar grandes passos rumo ao crescimento espiritual, embora não me parecesse assim na ocasião! Há alguns anos, um rapaz de quem eu realmente gostava, me decepcionou muito, pois suas atitudes haviam traído minha confiança. No começo, senti-me como que arrastada por um redemoinho de decepção e autocondenação. Entretanto, após alguns dias andando melancólica de um lado para outro, mantendo conversas chorosas com amigos pacientes e compreensivos, uma simples ideia me despertou dessa apatia.
A ideia me veio como uma metáfora. Imaginei uma moça, em uma linda praia tropical, boiando de costas, com a água a uma profundidade de uns 60 centímetros. De repente, uma onda arrebenta sobre ela e a encobre completamente, deixandoa aterrorizada, e ela passa a gritar muito à medida que outras ondas continuam a arrebentar sobre ela. A imagem me fez dar muitas risadas. Por que ela continuaria boiando apavorada com as ondas que a encobriam, quando poderia facilmente se levantar, ficar em pé e apreciar a beleza à sua volta? Percebi que as emoções deprimentes do desapontamento pelo qual havia passado não podiam ter mais poder do que os meros sessenta centímetros de água na praia que eu havia concebido. Tal como a moça em minha imaginação, eu tinha o poder de me levantar e desfrutar da maravilhosa verdade ao meu redor.
A maneira como nos sentimos em relação ao que os outros pensam a nosso respeito é determinante para tornar a vida divertida e cheia de alegria
Foi isso que fiz! A situação com meu amigo rapidamente se esclareceu também. Aconteceu que minha decepção estava inteiramente fundamentada em um mal-entendido, e conseguimos manter um relacionamento maravilhoso e carinhoso, o que, inicialmente, acreditara ser impossível. Continuamos amigos até hoje.
Adoraria dizer que essa experiência foi o fim das minhas lutas contra os altos e baixos emocionais, que parecem definir a qualidade dos relacionamentos. Entretanto, algumas vezes, é preciso reaprender as mesmas lições. Ao longo dos anos, com frequência tenho permitido que as "ondas" me encubram e me assustem, impedindo-me de usufruir da maravilhosa "praia", onde Deus me colocou. Mas sei que, como reflexo da Mente divina, ou inteligência divina, nada pode me forçar a abrir mão do controle do meu pensamento para viver essas emoções.
O fato é que Deus, o Amor, está sempre envolvendo a todos e a cada um de nós, portanto não temos de viver altos e baixos extremos. Como Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde: "O homem não é um pêndulo, oscilando entre o mal e o bem, entre a alegria e a tristeza, entre a doença e a saúde, entre a vida e a morte" (p. 246). À medida que avanço na compreensão desse fato, percebo que passo menos tempo envolvida nas emoções negativas e tristes, provocadas por situações frustrantes ou confusas em relacionamentos, antes de tirar a cabeça fora da água e de me conscientizar de quão bela é a verdade espiritual de minha vida e do ambiente ao meu redor.
Como reflexo da Mente divina, nada pode me forçar a abrir mão do controle do meu pensamento para essas emoções
Também tenho constatado muitas vezes que o medo de perder uma importante fonte de amor pode dificultar a confiança na bondade de Deus, quando se trata de relacionamentos. Certo dia, aproximadamente um ano após a experiência com meu amigo, estava sentada na igreja, novamente preocupada com problemas de relacionamento, quando me veio à mente uma segunda metáfora. Havia recentemente trabalhado como gerente de palco em uma produção teatral da minha escola e aprendera que a luz que o público vê em torno dos atores durante a peça é, na verdade, composta por dezenas de refletores com características diferentes, montados sobre o palco. À medida que a peça avança, os refletores individuais são ligados e desligados para produzir diferentes efeitos. Diversas combinações de luzes individuais podem criar um palco totalmente iluminado.
Ocorreu-me que, se uma atriz concentrar toda sua atenção somente em um único refletor, achando que o palco está totalmente iluminado por aquela única luz, ela poderia ficar assustada quando esse refletor fosse desligado. Ela então procuraria com os olhos, de maneira frenética, na viga do teto do palco até encontrar outro refletor que estivesse aceso e, quando esse também fosse desligado, voltaria a procurar freneticamente por outro, e assim sucessivamente. Entretanto, é tolice gastar sua energia caçando holofotes; o palco sempre estará perfeitamente iluminado para atender às suas necessidades. Ela pode simplesmente desfrutar da luz.
O Amor que nos cerca nunca depende de fontes variáveis
Compreendi que assuntos relacionados com o amor funcionam da mesma maneira. Quando concentramos a atenção em uma, ou em várias pessoas, como fontes pessoais do amor que desfrutamos, podemos sofrer quando elas não mais desempenham esse papel. Talvez isso aconteça devido a um rompimento, ou ao falecimento de um membro da família. Mas o Amor que nos cerca nunca depende de fontes variáveis. Embora possa parecer que as fontes do amor em nossa vida estejam sempre mudando, assim como os refletores acendendo e apagando no palco, a manifestação do próprio Amor é sempre sólida, constante, imutável e infinita! É natural para nós compreendermos isso e vivermos livres das turbulências emocionais dos relacionamentos.
Como diz a promessa de Jesus no Evangelho de João: "...conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32). Quão consolador poder conhecer essa verdade e desfrutar da nossa liberdade!
 
    
