Há alguns anos como músicos de nossa igreja filial da Ciência Cristã na Califórnia, EUA, minha esposa e eu convidamos uma amiga, com uma bela voz, para cantar o solo em um Culto Dominical. Ela perguntou se poderia interpretar um solo que seu marido havia composto, e se ele mesmo poderia tocar o acompanhamento. Como a letra era compatível com o tema da Lição Bíblica da semana, concordamos. Entretanto, no meio do solo, o marido começou a cantar como segunda voz, enquanto tocava o acompanhamento. "Espere ai!" Pensei rapidamente. "Você não pode fazer isso! Essa é uma igreja da Ciência Cristã, e só temos solos, não duetos...". Mas todos apreciaram o solo, e ninguém disse nada sobre a mudança ocorrida. Mais tarde, pensando na minha experiência em coros na escola, lembrei que os solos podem ser feitos com um coral ao fundo, e que os instrumentistas muitas vezes tocam solos com um fundo orquestral. Um solo com fundo vocal ainda é um solo.
Ainda assim, li o Manual da Igreja para me certificar. Fiquei surpreso ao descobrir que a seção sobre música na igreja nem mesmo se aplicava à música nas igrejas filiais. A única referência no Manual para música nas igrejas filiais é composto de apenas três palavras, além de uma frase: "Hino." "Solo". "Coleta". "Antes e depois dos cultos deve-se, sempre que possível, tocar música de órgão ou de piano, de caràter apropriado" (pp.120-125).
Isso era tudo.
De repente, as palavras da Bíblia: "Cantai ao SENHOR um cântico novo" (Salmos 96:1), assumiu um novo significado para mim. Percebi que a Mente infinita sempre transmite inspiração sobre maneiras novas de expressão, e admiti que, inadvertidamente, havia limitado a inspiração que estava disposto a aceitar. Não seria o momento de eu abrir o coração para algo mais daquilo que Deus tinha a oferecer?
Apareceu uma oportunidade durante a semana de Natal, quando nossa filha cantava "Oh Noite Santa" para o solo no Culto Dominical. Embora eu me sentisse inseguro, decidi levar avante esta ideia: enquanto tocava o órgão fazendo o acompanhamento, cantei como tenor fazendo a segunda voz na parte em que a solista chega à estrofe "cair de joelhos", e minha esposa se juntou a nós como contralto (Sim, nós havíamos ensaiado previamente). Foi uma experiência emocionante para muitos na congregação.
Algumas vezes é preciso tempo para nos acostumarmos a uma nova ideia, mesmo que seja boa. Agora, fico à vontade fazendo a segunda voz, como também ao mudar do órgão para o piano e, ocasionalmente a guitarra, quando é mais adequado para a música. Também estou mais aberto para outros estilos musicais.
Pode o solo ser acompanhado por outros instrumentos, além do órgão ou do piano? Ou cantar uma capella (música cantada sem acompanhamento instrumental)? Pode o solo ser só no piano? O que dizer de acompanhamento com palmas e tambor, e, até mesmo, dançando, como em alguns lugares do mundo onde a dança é uma expressão de alegria espiritual? O Manual não diz se podemos ou não, se devemos ou não, fazer qualquer uma dessas coisas. O que mais ele não diz que podemos fazer?
Na Ciência Cristã, nossas orações são guiadas pela inspiração divina e Mary Baker Eddy advertiu a respeito de fórmulas ou costumes. Não deveríamos esperar que a música em nossas igrejas também fosse divinamente inspirada, e não meramente governada por tradições? Por isso, quando uma ideia maravilhosa nos vier à mente, não precisamos hesitar ou sermos prejudicados pelo fato de que isso não havia sido feito antes.
Somos livres para "Canta [r] ao SENHOR um cântico novo...".
 
    
