Na opinião da maioria, meu nariz era igual ao de minha tia-avó Dorothy. Esse foi o consenso geral de uma daquelas conversas sem muita coerência durante reuniões de família, quando eu era ainda criança. Não que esse fosse um tópico importante para se tratar à mesa, devo admitir. Entretanto, parecia haver um interesse coletivo na razão pela qual esse meu traço fisionômico arrebitado, em particular, fosse tão diferente do perfil de meus pais. Portanto, de forma imprecisa, e em meio a fugazes lembranças e uma ou duas fotos antigas, minha individualidade foi explicada como hereditária.
O nariz de minha tia, as mãos iguais às do meu avô, as sardas de alguém que havia vindo de navio da Inglaterra séculos atrás. Eu parecia um prato onde juntaram todas as várias sobras depois de um piquenique em família.
Essa não é uma perspectiva muito gratificante, mas é muito frequente.
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